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Lua🌙

A minha mãe não tinha falado nada de mais, só que ia na minha casa no dia seguinte, e isso foi o suficiente para eu convencer o Coringa a me levar até o meu apartamento. Ele até tentou me convencer para eu ficar na casa dele, mas realmente não dava, por mais que eu quisesse.

Eu também estava tentando separar as coisas, eu sabia que depois de um dia ou mais o Diogo iria mudar de ideia sobre mim, ou até mesmo aparecer com outra na minha frente na maior cara de pau, e eu não queria sair como a emocionada da história. Talvez não desse mais para colocar as coisas em seu devido lugar porque eu acabei deixando ir mais fundo muita das vezes, mas não custava nada tentar consertar o que estava errado.

Coringa: Seu porteiro é foda, cismou com a minha cara a qualquer custo.-olhou para mim e eu neguei com a cabeça apertando o botão do elevador.

Lua: É que na semana que a gente estava sem se falar, eu falei que não era para autorizar a entrada de nenhum homem, mas eu tinha me referido mesmo a você.-olhei para ele.

Coringa: Tinha pegado ranço da minha cara mermo, né? -concordei com a cabeça.-Foda, mas ainda bem que não tem mais.

Lua: Como pode ter tanta certeza? Eu posso estar simplesmente te usando para me satisfazer.-ele deu de ombros.

Coringa: Eu saio em vantagem de qualquer forma, se for isso eu tô gostando de ser usado para satisfazer as suas vontades.

Lua: Você nunca se permite ficar por baixo.

Coringa: Não posso ficar por baixo, aí eu me fodo.-me aproximei dele.

Lua: Tem certeza que não pode ficar por baixo? -ele riu já entendendo sobre o que eu estava falando.-Isso aí mesmo que você pensou.

Coringa: Eu deixo você por cima quantas vezes quiser.-sorrir.

Ele me puxou para encostar nele e eu fiquei olhando para o elevador esperando nossa hora de entrar, e se eu soubesse eu tinha ido de escada, quando a porta abriu eu dei de cara com o Caio. A expressão dele ficou a mesma que a minha quando o olhar dele cruzou com o meu, eu simplesmente fiquei sem reação porque não estava esperando ver ele ali, muito menos acompanhada do Coringa.

Caio: Lua? -saiu do elevador parando na nossa frente e eu sentir o Coringa respirar fundo.-Foi com ele que você simplesmente me traiu? Um favelado.-coringa me soltou encarando o Caio com a cara feia e eu segurei o braço dele.

Coringa: Cê pensa que é quem? -puxou o braço com força.-Tu sabe que discriminação é crime, né? Acho que isso pegaria mal para um filho da puta que se acha o certinho do mundo.

Caio: Vai me denunciar? -sorriu.-Se for fazer isso você fica preso e não sai mais, tá achando que eu não sei quem você é? Tua cara passa quase todo mês nos jornais, inclusive passou hoje de manhã bem cedo depois da guerra que você fez na favela que você chama de sua.-coringa sorriu.

Coringa: Acha que eu tenho medo da polícia? Bato de frente com ela e com você pô, ninguém me intimida não, só abaixo a cabeça para a minha mãe, caso o contrário eu enfrento qualquer otário que vem querer tirar onda com a minha cara.

Caio: Ameaçar confiando nos outros é fácil, né? -coringa suspendeu um pouco da camisa e deu para ver a arma que estava na cintura dele.-Se garantir com isso aí também.

Lua: Caio, vai embora.-ele olhou para mim.-A gente tava de boa aqui e ao invés de você ignorar a nossa presença, simplesmente fez questão de implicar.

Caio: Defende esse bandido, pode continuar defendendo, quando ele estiver fazendo tudo que os outros faz com as mulheres que bate no peito e enfrenta o mundo todo por ele você vai se arrepender, e finalmente vai ver que eu estou certo.-neguei com a cabeça.

Coringa: Mete o pé daqui.-caio olhou de volta para ele.

Caio: É dono do prédio agora? Eu moro aqui, e quando eu pisar o pé fora daquela porta é porque eu quero, não porque eu fiquei com medinho de você.-coringa revirou os olhos.-Cê também vai se arrepender de tá do lado da Lua, ela é uma traidora, não tem caráter o suficiente para ficar com uma pessoa só.

Coringa: Ela e nada relacionado a ela é mais do seu interesse, supera que agora ela tá comigo e simplesmente mete o pé daqui! As consequências ruins que futuramente podemos trazer um para o outro não é da tua conta.

Lua: Caio, eu não quero discutir por um assunto passado, então vamos evitar briga, por favor.

Caio: Tudo bem, tô indo agora porque falei tudo que eu queria, e eu também já sabia que sua traição tinha sido com uma pessoa desse tipo, só pelo modo que aconteceu deu para perceber.-falou se referindo ao vídeo e eu respirei fundo vendo ele dar as costas.

Coringa: Caio.-se virou para o Caio.-Não esquece de uma coisa.-falou assim que o Caio se virou para nós.-Não esquece que eu ainda vou te pegar.-sorriu e o Caio sorriu de volta mandando um dedo para ele.

Caio: Tô só na sua espera.

Caio saiu pela porta e o Coringa continuou olhando na direção que ele tinha saído, puxei o braço dele umas duas vezes e ele continuou imóvel no lugar. Fui para a frente dele na tentativa de tentar conversar com ele e ele respirou fundo me empurrando devagar para o lado.

Lua: O que foi? Não vai querer ir mais? -ele negou com a cabeça e foi se afastando, fui atrás dele e ele me tratou com ignorância pedindo para eu ficar ali dentro.-Já começou? Vai deixar o Caio mudar sua cabeça? -ele ficou quieto indo na direção da porta e eu dei as costas olhando com a cara feia para as pessoas que estavam ali olhando para nós.

Eu entrei no elevador me recusando a acreditar que o Caio tinha conseguido fazer a cabeça do Coringa, eu não conseguia acreditar que ele tinha ligado para tudo que tinha saído da boca de um cara que não tinha moral de falar de nada e nem direito de opniar na nossa vida. Era para essa atitude ter sido minha, mas eu simplesmente pouco me fodi para o que Caio falou, a vida era minha e eu tinha o direito de dividir com quem eu quisesse!

Neguei com a cabeça apertando o botão do meu andar e fiquei olhando para a porta aberta do elevador, talvez na esperança do Coringa voltar, mas não aconteceu, a única coisa que eu tinha conseguido ver antes do elevador fechar foi uma mulher entrar correndo gritando que estava rolando briga do lado de fora, e quando eu estava disposta a escutar mais, a porta do elevador se fechou e eu escutei um tiro.

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20/15

No MorroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora