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Coringa🎭

Na noite passada a Lua ficou um bom tempo comigo, chamei até pra dormir na minha casa, porém ela não quis e foi embora. Antes de ir ficou falando sobre o assunto, e acabou chorando de novo, e eu pegando mais raiva ainda da cara da mãe dela, e foi o desespero dela que me incentivou a fazer o que eu já tava em mente.

Acordei cedo pra caralho, na verdade eu nem dormir direito, passei a noite em claro pensando em como eu ia chegar no tal hotel gold e em como eu ia abordar a mãe dela. Sobre a entrada eu já tava com o dinheiro separado, se tem uma coisa que resolve a metade dos meus problemas, com toda certeza do mundo é o dinheiro.

Olhei no celular a localização e vi que era um pouco meio longe, quase mudei de ideia e acabei aquietando a mente, mas só de lembrar da Lua e do que a mãe dela falou eu acabei decidido a ir.

Foram tantas curvas que eu pensei que tava passando pela favela, entra na direita, sai na esquerda e segue reto, foi o caminho inteirinho assim! A sorte é que eu sou esperto, caso contrário ia me perder na volta.

Quando eu falo que o dinheiro resolve tudo eu tô mandando o papo reto! Cheguei na portaria e lá tava o porteiro, com a maior cara de marrento, encostei e ele se soltou, começou a dar em cima de mim na maior cara de pau. Estranhei na hora, deu logo vontade de cortar as asas, mas quando lembrei que ia precisar entrar eu fiquei quieto na minha e depois ofereci o dinheiro, mas o nego não quis, quis o meu número e eu tive que dar.

Sendo assim ele me deixou entrar e eu fui direto pro andar da tal Catarina, eu tava indo na maior paz e tranquilidade, só querendo que ela deixasse a Lua em paz, mas se ela fosse querer b.o eu ia querer o dobro! Até evitar fumar eu evitei, isso significa que eu tava na maior paz do mundo mermo.

Catarina: Já vai.-gritou quando eu comecei a bater na porta.-Esses porteiros são tudo mal educado, deixa a pessoa entrar sem ao menos avisar antes.-abriu a porta e ficou me olhando.-Desculpa, acho que você bateu no apartamento errado.

Coringa: Tô no certo mermo, vim trocar um papo contigo.-ela fez uma cara de desentendida.-Sou o Diogo, namorado da tua filha.

Catarina: Ela mandou você vim aqui? -cruzou os braços e eu neguei com a cabeça.

Coringa: Na verdade não, vim por conta própria.-ela me olhou de cima a baixo.-Vai deixar eu entrar ou vai querer trocar um papo comigo aqui mermo?

Catarina: Não tenho nada pra falar com você.

Coringa: Mas eu tenho, muita coisa! E o assunto principal é o teu papo maluco de aborto.-ela franziu a testa se fazendo de desentendida.-Vai me deixar entrar ou vai querer escutar por aqui?

Catarina: Entra aí.-ela deu espaço para eu entrar e eu entrei vendo ela não tirar os olhos de mim.

Coringa: Fica tranquila, vou roubar nada desse hotelzinho aqui não.-ela fechou a porta e se virou para mim.-Qual foi de tá fazendo mal pra minha mulher? -ela riu.

Catarina: Eu não vi aliança nenhuma no dedo da Lua, e não tô vendo nenhuma na sua, muito menos fiquei sabendo sobre casamento.

Coringa: Já vi que é interesseira.-ela respirou fundo.

Catarina: Lua e as suas má escolhas.-revirou os olhos pegando o celular do bolso.-Era só isso que você queria falar mesmo? Veio aqui falar sobre uma coisa que é totalmente certa?

Coringa: Certa? Acha mermo que ir na casa da tua filha e falar que o melhor é tirar a criança que ela tá esperando é a coisa certa? Que tipo de mãe você é? -ela deu uma olhada para mim enquanto digitava alguma coisa.-Toma parte da tua vida pô, se a Lua quisesse abortar essa escolha seria nossa e tu nem ia saber.

Catarina: Diogo, né? -concordei com a cabeça e ela guardou o celular no bolso voltando a atenção totalmente para mim.-Vocês são jovens, recém namorados, se conheceram agora e não sabem se isso vai pra frente.-respirei fundo já sem paciência com a velha chata.-Talvez vocês nem tenham futuro.-deu de ombros.

Coringa: Tu não pode falar nada dessas paradas aí, cê não sabe nem metade da nossa história.-ela ficou olhando para mim.

Catarina: Vamos encerrar esse assunto? O que eu tinha pra falar eu já falei, ela vai pensar e eu tô aqui para apoiar se ela tomar a decisão certa.

Coringa: Vai apoiar ela querendo continuar a gravidez? Essa é a decisão certa.-ela desviou o olhar.-Eu só quero que pare de ficar enchendo a cabeça dela de coisa, Lua já é uma mulher que sabe as decisões que toma, por tanto é melhor tu colocar isso na tua cabeça antes que as coisas fiquem pior pro teu lado.-ela olhou de volta para mim.

Catarina: Quem é você? Aliás não precisa responder.-se aproximou.-É só mais um fodido que acha que vai fazer diferença na vida da minha filha, aposto que nem tem aonde cair morto.

Coringa: Abaixa a bola, sogrinha.-ela fechou a cara.-Tu não vai me humilhar falando esses bagulhos não, até porque se você soubesse quem eu sou não tinha nem me deixado entrar.-ela ficou me olhando sem entender.

Catarina: E quem é você? Faz o que da vida pra se sentir tão importante? É empresário? Médico ou o filho rico do papai? -me olhou de cima a baixo.-Pelo visto não, né?

Coringa: Não sou esses bagulhos aí não, sou muito diferente.

Catarina: Trabalha com o que então? -cruzou os braços.

Coringa: Sou especializado em vendas.

Catarina: Vendas de que? -eu ri.

Coringa: Já tá pisando demais no acelerador.-ela franziu a testa.

Por fim ela ficou calada olhando para mim e eu pra ela, ficou perguntando o que eu fazia, onde eu morava, quais era as intenções e várias outras paradas, aqueles bagulhos que é perguntado quando vai pedir a mão de alguém pra rolar um romancezinho.

Do nada ela parou indo atender o telefone que tava empendurado na parede, confirmou alguma coisa com o provavelmente porteiro e depois olhou pra mim dando um sorrisinho, e foi aí que a merda começou! A velha começou a rasgar a blusa e se arranhar, papo reto nem tive reação, fiquei parado no mermo lugar e quando alguém na bateu na porta ela começou a gritar, foi aí que a porta se abriu e a Lua entrou.

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No MorroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora