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Lua🌙

Fiquei a noite toda pensando no que tinha acontecido, era um turbilhão de pensamentos, um atrás do outro! Fiquei tão desesperada que comecei a chorar, fora que quase vomitei o apartamento inteiro, fiquei sem entender o motivo do meu corpo ter reagido daquela forma, mas também não fiquei questionando, só era porque eu não estava acostumada a lidar com aquele tipo de situação.

Quando eu estava conseguindo pegar no sono a minha mãe chegou, foi aí que o sono passou totalmente e a minha manhosidade também! Fui ajudar ela na cozinha e depois fui tomar meu banho, quando sentei na mesa para comer com a minha mãe ela mais uma vez perguntou sobre o Caio e citou que ele tinha se mudado para o mesmo prédio que o meu, eu sinceramente me segurei para não falar sobre o acontecido, eu queria a minha mãe como uma amiga, mas era quase impossível na maioria das vezes.

Eu queria falar sobre tudo, sobre o Diogo, sobre o acontecido com o Caio e sobre várias outras coisas, mas o problema era que a minha mãe não ia gostar porque ela era totalmente controladora e queria tudo do jeito dela, e o que eu estava fazendo não era o tipo de coisa que ela faria!

Era foda me sentir adulta na maioria das vezes.

Catarina: Tô indo agora, tenho uma apresentação do trabalho para entregar, e também tenho uma coisa para te contar.-parei na porta olhando para ela.-Eu comprei uma passagem para nós duas! Agora adivinha para onde vamos?

Lua: Passagem? -ela concordou com a cabeça.-Viagem?

Catarina: Uhum, para Recife.-falou animada.-E tem uma coisa mais interessante ainda, eu comprei só a da nossa ida.

Lua: Como assim Recife? Como assim passagem só de ida? -cruzei os braços.-A senhora acha que eu não tenho uma vida? Que eu não tenho responsabilidade, trabalho, amigos e várias outras coisas importante aqui aonde eu moro?

Catarina: Aprenda a desapegar das coisas, você é muito apegada a tudo! Você tem que entender que nada é para sempre, tudo um dia acaba.

Lua: A senhora tem que aprender a se apegar as coisas, a cultivar o que você tem! Eu não posso largar o meu trabalho, a minha vida, e as pessoas que eu amo porque você quer viajar comigo.-neguei com a cabeça.-Não dá, eu não vou ir.

Catarina: Pessoas que você ama? As únicas pessoas que você tem que amar de verdade é eu e o seu pai, o resto é resto! Se for pela Carol, me poupe, amizades arruma novas.-deu de ombros.-Se estivesse com o Caio, tudo bem, eu entenderia, mas não, está aqui, levando uma vida cansativa e ruim quando deveria estar por aí viajando e curtindo a vida.

Lua: Se a senhora não gosta de ter responsabilidades, não gosta de ter amigos e a sua vida se baseia em curtição, vai sozinha.-ela me encarou feio.-Eu tenho responsabilidades, eu tenho amigos e eu tenho pessoas que eu amo.

Catarina: Eu tô querendo o melhor para você.-gritou.-Não sei como você não entende isso! Eu tô querendo o seu bem, você deveria ir, deveria não, você vai.

Lua: Eu já falei mãe, a minha vida é diferente da sua, pensamos diferente e isso não pode mudar.-neguei com a cabeça.-Não força, por favor!

Catarina: Daqui a uma semana você vai estar com a sua mala arrumada e totalmente preparada para viajar comigo.

Lua: Isso também é sobre mim, é minha escolha! -gritei assim que ela deu as costas.-Eu não vou, eu não tô de férias e muito menos preparada!

Catarina: Até a próxima semana, mamãe te ama.-respirei fundo batendo a porta.

Tinha até demorado, eu estava achando ela boazinha demais para uma mãe controladora, eu simplesmente ficava morrendo de raiva quando aquilo acontecia, eu me sentia uma criança que não tinha controle sobre a própria vida! Eu amava a minha mãe com todas as minhas forças, mas odiava aquele jeito dela, odiava quando ela começava a me tratar como criança e odiava quando ela queria fazer as minhas escolhas no meu lugar. Ela nem tinha perguntado se eu estava interessada em viajar, simplesmente comprou a passagem e foi no meu apartamento afirmar que eu ia viajar com ela.

Eu não podia simplesmente largar tudo que eu tinha ali no Rio de Janeiro para viajar sem saber quando ia voltar, eu estava muito apegada a aquilo tudo, tanto ao meu trabalho quanto ao Morro, eu nem tinha nem pensado na possibilidade de sair do Rio de Janeiro, e depois de tudo que eu tinha conseguido naquele lugar eu não ia viajar mesmo.

Eu não ia abandonar tudo aquilo que eu tinha batalhado para conseguir, fora o meu apartamento novinho! Dona Catarina Donnelly Menezes tinha perdido daquela vez, a vontade dela não ia ser feita, nem era também só sobre tudo que eu tinha conquistado e o meu trabalho, mas sim também porque aquilo já tinha passado dos limites e eu tinha que colocar um ponto final de vez.

A minha mãe tinha que entender que eu já tinha crescido e que a nossa vida era totalmente diferente! Ela trabalhava em um trabalho que dava para fazer viagens para qualquer canto, e mesmo se não desse ela ia porque ela não gostava de responsabilidades e também não tinha. Mas a minha vida era diferente, eu era professora de escola pública, amava o que eu fazia e amava todas as pessoas que eu tinha do meu lado, eu gostava sim de experimentar coisas novas e viajar com a minha mãe, mas ela tinha que aprender a respeitar o meu momento.

Aquele não era o momento em que eu estava disponível para viajar, e ela tinha que colocar na cabeça dela que eu não estava disponível, ou pela minha responsabilidade ou só pelo meu momento!

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20/15

No MorroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora