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Coringa🎭

Minha cabeça tava a milhão, cheia de problemas pra resolver, os bagulhos toda hora brotava na minha mente, eu tava até tentando me controlar pra não passar a notinha, mas foi foda depois que a Carol chegou metendo um monte de desaforo pra cima de mim. Falou várias paradas mó nada a ver, até o dedo na minha cara apontou, só não bateu porque eu não deixei, ela só saiu com a cara do jeito que entrou porque é mulher, se fosse homem tinha se fodido.

A semana tava bem corrida, era últimas contas do roubo pra fechar e o resgate do Thiago, eu já tava mudando de ideia, ao mermo tempo que eu queria ir atrás dele eu tava cismado achando que era cilada, o bagulho tava muito estranho, ninguém entregaria o morro pra salvar um amigo, até porque nessa vida é foda né! Mas tava bem suspeito aquele bagulho, acho que se eles tivessem atrás de morro seria bem mais provável tentar outra invasão, não pegar um dos cria e ficar ameaçando.

Solange: Por que tá me olhando com essa cara? Fora que me seguiu quase a manhã toda, o que você quer? -cruzou os braços olhando para mim.

Coringa: Eu vou ter outro filho.-ela me olhou toda surpresa.-A Lua tá grávida.

Solange: Puta que pariu hein, cês mal começaram a namorar e já vão ter um filho.-concordei com a cabeça.-Mas que ótimo né, espero que der tudo certo entre vocês e que o meu futuro neto ou neta venha com bastante saúde.-sorriu.-Sou vó de três agora, tô ficando velha, senhor.-eu rir.

Coringa: Eu nem tô acreditando ainda, pensei que não ia ter mais filho nunca na minha vida.-ela revirou os olhos.

Solange: Você faz seus negócios errado e não quer engravidar os outros.-negou com a cabeça.-Tá achando que filho vem como? Ainda acredita que a cegonha que trás?

Coringa: Claro, nós não fez nada, a cegonha que parou na nossa frente e colocou o bebê na barriga dela.-ela riu.

Solange: Só se for a cegonha Diogo, né? -jogou o pano de prato pra cima de mim.

Fiquei mó tempão trocando papo com a minha mãe, depois levantei e fui descendo o morro sem rumo, na realidade nem foi sem rumo, eu tava indo no lugar certo, tava doidinho pra ver a Lua, ou que pelo menos ela respondesse as minhas mensagens, mas não, a nega maltratrou pra caralho! Pintou o cabelo de castanho e ficou mais gostosa ainda, naquele pique que o bandido gosta.

Mas ela tava certa em me ignorar, fui falando tudo que tava na minha mente, pensei alto demais e acabou dando merda, nem era pra eu ter falado aquilo, era pra ter guardado só pra mim e eu ir vendo qual era a dela, mas não, fui pensar alto demais e acabei falando o que não deveria. Confesso que falei umas coisas nada a ver, eu sabia que se a mãe dela soubesse que ela tava se envolvendo com um bandido ia dar merda, mas eu falei de uma forma como se eu ligasse, sendo que eu pouco me fodo, a minha relação era só com ela, por tanto quem tinha que gostar de mim era ela, mas eu vacilei feio ao ponto de aproximar mais o dia dela tomar nojo da minha cara.

Para ela não me evitar mais uma vez eu fui mais esperto, não fiquei na frente da saída da escola, fui pra perto do carro dela e fiquei lá encostado esperando ela chegar. Fiquei por poucos minutos, fui distraindo a mente olhando o movimento da rua e quando olhei de volta para a direção da escola os pirralhos já tava saindo, tirando os meus filhos, é claro!

Logo depois dos pirralhos a Lua saiu, tava com uma cara boa, mas quando olhou na direção do carro e me viu, a expressão mudou na hora.

Lua: Boa tarde, Coringa.-olhou de relance para mim e enfiou a mão na bolsa pegando a chave do carro.

Coringa: Boa tarde.-me desencostei do carro segurando o braço dela.-Não vai falar com o pai do seu filho?

Lua: O pai do meu filho é um tremendo bipolar, insuportável e irritante quando quer.-tentou puxar o braço e eu continuei segurando.-Me solta, fazendo o favor.

Coringa: Cê tá linda com o cabelo desse jeito.-ela olhou para mim.-Só vai sair quando falar direito comigo.

Lua: Me deixa, eu não quero falar com você! Respeita o meu momento, cara.-puxou o braço mais uma vez e eu soltei.-Você foi um filho da puta ontem, no mesmo momento pediu desculpa, e agora tá aqui de boa.-negou com a cabeça.-Eu não te entendo, sinceramente.

Coringa: Eu só quero ficar de boa.-ela me ignorou abrindo a porta do carro.-Papo reto, eu tô tentando consertar, tô aqui assumindo que errei feio.

Lua: Você assume que errou, porém nunca muda.-entrou pra dentro do carro e eu dei a volta entrando do outro lado fazendo ela soltar uma respirada funda.-Sai daqui.

Coringa: Não maltrata o seu homem.-ela olhou pro lado de fora e eu segurei o cabelo dela puxando ela pra mais perto.-Assume que tá doidinha pra me desculpar.-ela olhou para mim e eu segurei mais firme no cabelo dela fazendo a cabeça dela ir um pouquinho para trás.

Lua: Para de jogar sujo.-neguei com a cabeça.

Passei a língua no pescoço dela e ela segurou em meu braço, desci a mão para a barriga dela e dei uma alisada devagar, fui mais para baixo passando a mão nela por cima da calça e ela se ajeitou dando uma suspirada baixinha.

Coringa: Quer mesmo ficar brigada comigo? -abri o botão da calça dela devagar.

Lua: Diogo..-falou enquanto eu enfiava a mão dentro da calça dela.-A rua tá cheia e eu tô puta com você..

Coringa: Não quer? -ela negou com a cabeça e eu soltei ela.

Lua: Obrigada por finalmente ter me escutado.-fechou a calça e eu sorri falso.

Coringa: Eu sempre te escuto, mas tu faz totalmente diferente disso! -abri a porta do carro e saí.-Prefere ficar com orgulho.

Lua: Orgulho? -me inclinei na janela do carro.-Você tá falando que é orgulho porque não foi você que escutou, eu aposto que se eu fizesse tudo que você faz comigo, nem aqui na favela eu pisava mais.-sorri.

Coringa: Ainda bem que tu sabe.

Lua: Eu te amo, mas vou parar de aceitar todo tipo de coisa por causa disso.-olhou nos meus olhos.

Coringa: Tá terminando? -ela ficou calada.-Se fazer alguma coisa errada com a minha criança na barriga, eu te caço até no inferno.-ela revirou os olhos.-E se ficar com papinho com outra pessoa também.

Lua: Eu estando solteira fico com quem eu quiser.-sorriu debochada.

Coringa: Eu coloco a glock na cara do filho da puta que tentar algo com a minha mulher.-ela revirou os olhos ligando o carro.

Lua: Desencosta daí se não quiser ser atropelado.

Coringa: Tenta.-ela sorriu.

Lua: Não brinca comigo.-sorri.

Coringa: Vai matar o pai do teu filho?

Lua: Isso mesmo, meu filho.-falou aumentando a voz na hora do Meu filho.

Coringa: Nosso filho.

Lua: Quem vai sofrer a dor pra ter? -cruzou os braços.

Coringa: Quem gozou?

Lua: Quem vai carregar por nove meses? -me encarou.

Coringa: Quem ele vai amar mais?

Lua: O meu peito, com toda certeza do mundo.-neguei com a cabeça.

Coringa: Esse trabalho de amar teu peito, é meu.-ela riu negando com a cabeça.

Lua: Tchau, Coringa.-fiquei calado desencostando do carro e ela ligou, olhando pra mim uma última vez.

Coringa: Quando cê tiver de boa eu quero saber porque Matheus comentou na tua foto, o vacilão que olhou pra tua bunda.-ela revirou os olhos.

Lua: Porque ele gostou da foto, simplesmente por isso.-piscou o olho.

Fiquei encarando ela cheio de ódio, juro que odiei a cara daquele tal de Matheus, muito saidinho pro meu gosto.

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25/20

No MorroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora