CAPÍTULO TRINTA E SETE

7.7K 455 46
                                    

Luna.

Quando o Igão nos deixo lá, fiquei em pânico, eu nunca fiquei no meio de um tiroteio ou em uma invasão, sei lá.

Tentamos sair de lá e um babaca veio pra cima de mim, empurrou Nicole e me puxou, falei para Nicole correr, mas ela tentou me ajudar e outro homem pegou ela, ela conseguiu sair pois ela conseguiu chutar ele, eu pedi pra ela correr me debati tentando sair, só que ele me deu um tapa na cara, segurou minhas mãos e colocou sua mão na minha boca me apertando. Me puxou pra o pé do morro e lá vi vários homens, Igão estava lá e quando me viu ele foi pra cima do cara, me abraçou e tudo. Depois de tudo isso, só ouvi o disparo. Cair nos braços de Igão e ouvir ele dizer "Lua, volta... não me deixa, minha pequena." Daí percebi que era o meu sonho que estava se realizando. Eu estava deitada no chão e via tudo ficar turvo.

Então, eu apago.

Igão.

Eu tava sentado no sofá de casa, sem paciência, liguei três vezes pra Nicole e nada dela atender. Quebrei quase a casa toda de raiva. Tá tudo uma bagunça.

Não acredito que Luna levou um tiro. Eu tô sem acreditar nisso.

Porra, minha loirinha caiu nos meus braços, um tiro na lateral da barriga, cara.

Meu celular começa a tocar e corro pra pegar ela que estava na cozinha.

— Alô? Nicole?

Oi, Igão...

— Como tá a loirinha? Ela tá viva? Fala.

Calma, ela foi pra sala de cirurgia. – disse lentamente.

— Calma? Cê tá louca?– falei nervoso.

Não adianta ficar nervoso, temos que esperar. 

— Mano, me deixa informado, por favor.

Vou deixar sim.

Desliguei e bebi água.

Sair de casa e fui andando pra boca, Carol me viu e veio em minha direção andando.

Porra, quando não é uma é outra.

— Ei, tu tá bem? Foi um pânico hoje aqui por causa daquela invasão.– disse ela parando na minha frente.

— Não tô bem não. – falei passando por ela e andando rápido.

— Quer relaxa? – perguntou vindo para o meu lado.

Olhei para Carol e parei de andar, a encarei e me encostei nela, ela sorriu e eu segurei em seu pescoço com força, a encostei na parede e falei:

— Quero, quero relaxar. Vamos começar assim: eu bato em tu e se tu gritar, eu bato mais. Quero relaxar assim.

— Tá me machucando... – falou segurando minha mão.

Dei um tapa na sua cara e apertei mais forte.

— Sabe por que eu não tô bem?– perguntei.

Ela negou com a cabeça.

— Eu, eu não sei. Por quê?– falou gaguejando.

— Minha loirinha tá no hospital e eu sou o culpado disso. Quer que eu relaxe? Vou relaxar.

Dei mais dois tapas na sua cara.

— Sabe... – Carol falou com um sorrisinho. – ... eu nunca gostei dela e... essa noticia, foi a melhor de todas.

Apertei os olhos e fechei o punho, quando estava prestes a dar um murro na sua cara sentir uma mão no meu ombro, olhei pra trás e vi Pedro.

— Solta a mina, cara, ela não tem nada a ver com isso.– disse Pedro tentando me puxar.

Soltei seu pescoço e ela me olhou assustada. Pedro empurrou ela e falou:

— Cai fora.

Passei a mão no rosto e Pedro disse:

— Vamo lá pra boca.

Andei do seu lado e chegamos na boca, sentei na minha poltrona e cocei a cabeça.

— Tá bem? – Pedro perguntou.

— Tô, tô. Me deixa sozinho.

Ele acenou com a cabeça e saiu.

Quando será que a loirinha vai sair? Quando eu vou poder falar com ela? Será que ela vai ficar bem?

Passei a mão no rosto e sentir meus olhos queimarem, pisquei e caiu uma lágrima. Limpei o rosto rápido. Não posso chorar, a última vez que chorei, foi quando Gabriela foi embora, depois disso, nunca mais!

Fiquei um tempo sentado pensando, toda hora uma lágrima insistia em cair. Bati na mesa e me levantei. Peguei um cigarro na gaveta, acendi e sair da minha sala.

— Junta os moleques, manda os vapores treinar mais, todos! Vamo deixar as coisas mais pesada aqui, não quero ninguém parado. Todo mundo trabalhando! E a próxima vez que o Touro tentar invadir essa porra, vamo pegar ele antes. Não quero ele morto não, quero vivinho.

Os vapores acenaram com a cabeça. Peguei minha arma e dei dois tiros pra cima.

— Vamo porra.– falei irritado.

Elas começaram a fazer o que eu pedi e eu fui para o galpão acompanhar o processo.

Nunca mais vão tocar no que é meu!

As coisas vão mudar por aqui.

Fiquei no galpão quase duas horas ajudando os moleques, voltei pra a boca e precisava de armamento novo. Pedi pra Leon fazer o pedido e me deixar avisado de qualquer coisa. Já era 23h, eu precisava dormir, mas não quero. Preciso ocupar minha cabeça, se eu ficar um segundo parado vou querer descer esse morro e ir atrás de Luna.

Amanheci na boca, não fiquei parado. Fiquei no galpão orientando, dei um giro no morro vigiando, fui pra laje ficar de olho, pro pé do morro, fumei e liguei pra Nicole.

Em 30 e 30 minutos eu ligava pra Nicole, ela disse que a cirurgia tinha acabado, mas ela não podia receber visitas. Eu preciso saber como ela está. Quero ver ela.

Sair da boca e falei com Leon:

— Eu vou pro hospital.

— Tá louco? Tu não pode sair não, cara. E os homens?– falou rápido.

— Eu sei, mas eu preciso ver ela. Vai ser rápido.

— Eu vou contigo então.

— Vamo então. – olhei pra Pedro. – Tu cuida?

— Sempre. – fiz toque com ele.

— Fé, nos vemos lá em baixo. – bati no peito com o punho fechado.

— Tá loco? Tu vai voltar bem e eu vou tá bem também.– Pedro falou batendo no meu braço.

— É nois.

Leon me deu carona até em casa, peguei uma camisa e montei na moto.

Saímos do morro e seguimos para o hospital. 

A GAROTA DE DREADS E O DONO DO MORRO (GDDM 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora