CAPÍTULO SETENTA E DOIS

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Igão.

Três meses depois...

Cacete, melhor do que tá não pode melhorar, parceiro. Cada dia que passa esse morro fica mais tranquilo, nada de ruim tá acontecendo, só as paradas pampas. Morro tranquilão, irmão. Vida tranquilona. Mudei pra caralho esses meses, deixei meu cabelo e barba crescer, tô virando o dia cuidado do morro, tô fazendo os pacotes das paradas. Nunca fui de deixar meu morro na mão não, cuidava dele sempre, mas agora, a porra tá bruta.

O Borracha morreu rápido demais, foi até bom ver ele morrendo aos poucos. Seu sangue indo pra cabeça, seus gritos quando eu cortava ele na faca, torturar ele dia e noite foi até bom, mas não durou 5 dias o filha da puta.

Nicole tá com 9 meses já, a qualquer momento o moleque pode nascer, diz ela que o médico falou que pode nascer daqui a 4 dias, então, Leon pediu o carro de Pedro pra deixar preparado logo tudo, Leon vai com Vitoria, já que ele não vai poder ficar lá por muito tempo. A mina tá com um barrigão da porra, ficou muito linda grávida. Mina responsa, merece tudo de bom que tá acontecendo com ela, tem meu respeito ali e vou tá sempre do lado dela, protegendo, dando força e tudo que ela precisar.

Não to usando nada, nada mermo. Tenho até vontade de fumar um as vezes, quando vejo os caras fumando, eu até dou uma puxada e mais nada. Tô ficando na ativa agora.

Tô na boca agora, as encomendas estão vindo e mandei uns caras de minha confiança ir pegar, claro que mandei o Pedro ir junto, Leon tá colado aqui por causa da Nicki, acho maneiro demais eles dois. O cara é gamadão nela desde sempre e agora tão construindo uma família, foda demais. Quem sabe daqui uns anos eu faça a minha com uma mina firmeza, mas tudo no seu tempo, quero cria nenhuma agora não, cê loco, criança agora só vai atrapalhar minha vida.

- Aí patrão, Pedro acabou de ligar e disse que tá aqui daqui a cinco minutos. - diz Flavinho aparecendo na porta da minha sala.

Acenei com a cabeça e me levantei do sofá, peguei meu fuzil e coloquei nas minhas costas, minha glock .40 na cintura e sair da sala. Esses dias deixei minha moto fz6n 2017 em casa, gasta gasolina demais essa porra, pra que também andar o tempo todo de moto aqui? Então peguei minha bike BMX que tava no quartinho do fundo da minha casa e tô usando. Montei na minha bike e fui pedalando até o pé do morro pra receber minhas paradas, andar de bike é mó de boa, parece que as minas aqui olham mais pra mim, fazer o que né, o pai aqui chama atenção até de bike. Mas as putas mermo gosta é de moto, carro, dinheiro. Por isso não dou condição a ninguém aqui.

Parei no pé do morro e me encosto nos caras, coloco os pés no chão e apoio meus braços no guidão.

- Fala, patrão. - o vapor me cumprimentou com um toque.

- E aí, cadê o viado do Pedro com esses caras? - perguntei.

- Iiih, deve tá vindo aí.

- Gosto de esperar não, sério mermo.

- Tá vindo já, os caras tão trazendo no carro.

- Demora da porra, parece que tão vindo de carroça.

- Vou dar o toque pra ele.

O vapor pegou o rádio.

- Pedro, cadê tu? - diz o vapor.

- Tô colado, chegando já, porra. - Pedro respondeu.

Tomei o rádio da mão do cara.

- Demora da porra é essa, Pedro? - digo pistola.

- Calma, chefe. Dez minutos.

Só vejo o carro aparecendo na minha frente, entrego o rádio do cara e desço do camelo. Vou andando em direção ao carro e ele para em minha frente, vou para o lado do motorista e olho pra Pedro.

A GAROTA DE DREADS E O DONO DO MORRO (GDDM 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora