A GAROTA DE DREADS E O DONO DO MORRO (GDDM 1)

CAPÍTULO CENTO E OITO

Igão.  

Os dias estão se passando e muita coisa não mudou. O pai de Luna vem sempre a ver, as amigas e os caras também vêm vê-la. Luna continua muito calada, só conversa com o pai e quando eu não estou de junto. Eu não entendo muito bem o porquê disso, eu tô confuso demais. Luna nem a nossa filha quis ver direito, ela a olhou no berço quando estava dormindo, apenas duas vezes e a ver quando estou com ela no colo, Alice já quis ir para o seu colo diversas vezes, mas Luna sempre nega a pegar e a bebê acaba chorando. Faz quase duas semanas que ela chegou e todo o seu corpo ainda continua do mesmo jeito, com o tempo vai melhorando. Todo dia eu lhe dou seus remédios, eu dou sua comida, lhe ajudo com o banho e sempre tento ficar mais próximo, mas ela não parece querer muito.

O morro tá sendo cuidado por Leon, fico mais em casa agora pra ficar apenas com ela e com Alice. Apenas saio de casa pra ver se tá tudo pampa com o morro e pra comprar coisas. Agora eu tô na sala com Alice, Luna tá no andar de cima, eu dei seu remédio e logo depois ela dormiu. Tô sentindo falta de muita coisa, tá ligado? Tô sentindo falta de conversar com ela, tô sentindo falta de beijar, de transar, de ficar perturbando ela, tô sentindo falta de muita coisa mermo, mas não procuro nada disso na rua, prefiro ficar sendo fiel, prefiro ficar esperando o momento dela.

Gabriela? Gabriela ainda continua presa na boca do Costela. Costela continua sendo o mermo cara sangue frio de sempre, ele faz o que eu não tenho coragem de fazer. Violar uma mulher. Ele sabe que não pode fazer isso com as minas de bem daqui, seu trabalho é apenas com gente ruim. Não só mulher, o cara estupra homem também. Se eu ligo? Não mermo. Nunca tentou nada comigo então tá de boa pra mim. Gabriela tá presa em um cômodo que tem lá, pelo o que o Costela me falou, Gabriela tenta de todas as formas sair, tenta com palavras e fisicamente. Costela não se deixa levar por ninguém, quando o cara começa a fazer uma coisa, ele não para mais. Não tô nem aí se Gabriela tá sendo estuprada por ele, sério mermo, por mim ela morre, mas pra ela morrer eu que tenho que fazer isso, mas não vai ser agora. Agora eu preciso cuidar das minhas mulheres.

— Não mexe nisso, Alice. – tirei o controle da sua mão. – Se tu mexer, vai mudar o canal e a gente não vai assistir o que quer, pô.

Só foi eu falar e ela começar a chorar, pronto. Me levanto com ela e tento lhe acalmar, nesses momentos a Luna faz falta, ela sabe acalmar Alice rapidinho e eu demoro pra isso, mesmo sabendo cuidar da pequena. Fico balançando ela e tentando brincar pra ela parar de chorar, aos poucos ela vai parando de chorar e vai se animando. Ao olhar pra escada, eu vejo Luna parada. Ela desce a escada devagar sem nem me olhar, pigarreio e pergunto enquanto me aproximo:

— Quer ajuda? – subo uns degraus e estendo a mão para ela. – Vem.

Ela continua olhando para baixo e passa por mim enquanto desse, reviro meus olhos e desço atrás dela, vou para o sofá e me sento colocando Alice em meu colo, Luna entra na cozinha e demora lá dentro. Ouço a zoada de vidro sendo quebrado e me assusto, coloco Alice na cadeirinha rápido e vou para cozinha. Luna tinha quebrado um copo e ficou parada olhando para o chão.

— Relaxa, deixa que eu limpo, vem aqui. – peguei na sua mão lhe tirando de perto do vidro quebrado. – Deixa que eu limpo, tá bom? – alisei o seu rosto. – Quer alguma coisa pra comer? Tu não quis comer nada hoje? – ela nega e sai da cozinha.

Porra, falando sério, tá foda isso. Ela não diz nada comigo, fica calada o tempo todo. Sabe como é ficar tanto tempo com uma pessoa e não ouvir nada dela? Porra, isso me irrita às vezes, eu sei que ela sofreu muito, pô, eu também sofri, mas ela não pode ficar assim pra sempre comigo, uma hora ou outra ela tem que falar algo.

Limpo o chão e jogo o vidro no lixo, lavo minhas mãos e vou para a sala ficar com Alice. Pego o meu celular e mando uma mensagem para o pai de Luna.