CAPÍTULO SETENTA

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Igão.

Uma coisa é certa, minha vida tá uma uva. Não é porque uma puta como a Lua me deixou que vou sofrer não. Todo dia tô com uma mina diferente, fica nessa: como uma mina, trabalho o dia todo, descanso e nada vai me abalar não. A porra começa a pegar do nada, o caralho do Borracha me deu um tiro no braço, o filha da puta era um infiltrado do Touro, como eu soube? Vi ele no celular conversando, cheguei logo por trás e ouvi a parada toda. Essas porras acham que tá fácil me matar, só que né fácil não, pra me matar tem que tentar de todos os jeitos. Coloquei o x9 no galpão, na salinha escura que mandei fazer, chão de areia mermo, escura e só com uma cadeira pra amarrar o cara. Meu braço tá muito melhor, foi de raspão, mas foi o que me fez acordar pra vida.

Nicole tá toda felizona com o moleque dela com o Leon, também fiquei, ter um sobrinho é uma felicidade da porra, mas o que me deixou mal mermo foi ver o Leon de papo com a Luna, a mina me respondeu normal e desligou, parece que ela tá bem, isso é bom, é bom ver ela bem, cara, mas é ruim ver ela longe, essa parada me deixou muito pistola também. Deixei Leon na boca e fui pra minha casa relaxar na minha cama nova. Fiquei muito paradão, cara. Perguntei pra Leon o que ele estava conversando com ela e ele me falou que tava contando a novidade do moleque, disse que ela tava muito pra baixo também. Mas porra, ela tá pra baixo porque quer, a mina não me deixou falar nada e foi logo embora, Luna é assim, sempre faz as coisas sem falar pra ninguém, da os de repente dela e pronto.

Dormir um pouco e depois fui para o galpão, o Borracha tem que falar mais sobre essas paradas direitinho.

— E aí, Borracha, tudo suave? – entrei na sala acendendo a luz.

Ele aperta os olhos por conta da luz e me encara com sua cara toda deformada. Quebrei a cara dele mermo, olho roxo e inchado, nariz quebrado, boca estourada e tudo mais.

— I-Igão, p-por favor...me... – interrompo.

— Fica quietinho, fio, não tô afim de ouvir tu falando merda não, só quero que responda, tá ligado?

— E-eu tô... c-com sede.

— Mas você só está aqui a... – paro pensando. – quinze dias? Eu mandei te darem água.

— I-isso faz... cinco dias.

— Passou tão rápido. – me encosto na parede. – Eu te tratei bem pô. Te pedi um favor, mas te paguei. Como eu te paguei? Te dei de presente um dia com uma boceta gostosa, o que tu faz? Tu me deu um tiro, caralho, tu me traiu, o que tu achou que ia conseguir com isso?

— E-eu não queria fazer isso... o Touro me obrigou, ele... ele me ameaçou...

— Aí não tenho nada a ver com isso, eu tenho que cuidar do que é meu e cuidar de mim, vai me contar paradas e sair ileso ou quer morrer sofrendo?

— E-eu conto...

— Conte então, pivete, tô ouvindo. – me aproximei dele e me abaixei em sua frente. – Abre a boca e diz.

— E-ele queria... que eu soubesse de tudo o que acontece aqui, o plano dele era te desestabilizar tirando tua mina, a Luna, queria que eu desse um jeito de fazer ele pegar ela e levar pra Rocinha, mas a mina foi embora, então ele queria que te deixasse ferido sem querer pra ele invadir.

— Carai. – passo a mão no rosto me levantando. – Tu tem certeza disso ou tu tá mentindo pra mim? Tá ligado que o bicho vai pegar se tu tiver mentindo, né?

— N-não, tô mentindo não, tô falando purão aqui.

— O Touro parece uma criança, mano, com esses planos idiotas dele.

A GAROTA DE DREADS E O DONO DO MORRO (GDDM 1)Where stories live. Discover now