CAPÍTULO SETENTA E OITO

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Igão.  

O tempo passou e eu mudei pra caralho, todo o meu morro tá calmo, nada tá fora do lugar, nada tá errado. Deixei minha barba e meu cabelo crescer, meu corpo tá mais riscado e tô mais forte, não só no corpo.

Eu não vou mentir não, mas ainda depois de tanto tempo, eu continuo com a mesma mulher na cabeça. Sonho quase toda a noite com ela. Vejo o seu corpo, seu cabelo, seus olhos, e sinto sua mão em mim. É foda, mas o pior é que não consigo fazer nada sobre isso, eu não consigo substituir ela. Nenhuma mulher é boa o bastante pra ficar comigo como ela era, por mais raiva que eu sinta dela, ela faz falta pra porra.

Tô fodendo com Luiza, antes a minha preferida era a Carol, mas foi embora e agora Luiza tomou o seu lugar. Por falar em Carol, ela voltou pro morro faz quase 3 meses.

Volta da Carol...

Eu estava na porta da boca fumando com Flavinho e Pedro, tava um papo maneiro com os caras, Flavinho já tá melhor da sua perna e Pedro tá com uns b.o com a mulher dele.

— Tá foda pô, é briga todo dia com ela, a mulher arranja qualquer motivo pra brigar, tá ligado? – diz Pedro.

— E por que isso agora? – Flavinho perguntou.

— Quem vai entender?! Nem eu entendo aquela mulher mais, todo dia tá com uma briguinha, todo dia tá enchendo o meu saco, tô me cansando já. Tô por um fio de jogar tudo pro ar e sair da casa dela e seguir minha vida sozinho.

— Pensa bem antes de fazer qualquer coisa, cara. – digo com o cigarro na boca.

— Tô pensando, todo dia eu penso.

— Não do conselho porque não vivo uma vida de casado, mas tu vive com a Vitoria quase dois anos, pensa bem antes de fazer qualquer besteira. – falei.

— Ouve o cara, aí. – Flavinho falou. – Se tu gosta mermo dela, dá um tempo pra ela pensar ou um tempo pra tu mermo. Ficar em uma relação assim é desgastante, mas se tu ama ela, vai saber o que fazer.

— Vou ver o que vou fazer, tô com a cabeça cheia. – ele traga o cigarro e passa a mão na cabeça.

— Pensa agora não, relaxa. – Flavinho toca em seu ombro.

Meu rádio toca e eu pego.

— Fala. – digo.

— Aí, chefe, tem uma mina querendo morar no morro de novo.

— Uma mina? Que mina, cara?

— Ela disse que se chama Carol. – disse o vapor.

Carol? Querendo voltar? É a mesma Carol ou outra?

— Tô indo aí.

Coloco o rádio na cintura e Pedro me olha.

— Carol? – perguntou. – Ela não tava em São Paulo?

— Parece que voltou, né? Vou descer pra ver.

Monto em minha moto e vou pilotando até o pé do morro. Não sabia que Carol ia querer voltar, parece que sentiu falta ou esqueceu algo. Bom, de qualquer forma, a mina tá de voltar e espero que esteja no mesmo pique, porque eu preciso esquecer a Lua de qualquer forma. De longe eu vejo ela encostada no muro. De calça jeans, blusa curtinha e seu cabelo curto preto bem lisinho. Eu fui um favor a ela ao corta o cabelo dela pô, cresceu muito melhor, não sou tão ruim assim.

Paro minha moto e desço caminhando até ela e os vapores que estão de olho em seu decote.

— Se não é a Carol que tá de volta ao meu morro. – digo parando do seu lado e cruzando os braços.

A GAROTA DE DREADS E O DONO DO MORRO (GDDM 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora