Pai Solteiro?

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— Muito bem, muito bem. — Micael bateu palmas enquanto estava na frente do quadro branco, seus funcionários o encaravam. — Precisamos criar um produto excepcional. — Escreveu com a caneta preta. — Eu estava pensando em...

— Uma margarina excitante. — Chay levantou as mãos, o resto da sala riu.

— Precisamos criar um produto até semana que vem, ou não iremos vender.

— Você é craque nisso, podemos te ajudar uns 70%. — O amigo torceu o nariz. — Eu ainda topo na margarina excitante.

— Algo que exista, Chay! — Revirou os olhos, voltou a dar atenção ao quadro branco. — Enfim! O produto que queremos vender tem que ser bom, concordaram? — Todos assentiram. — E precisa estar nas prateleiras de qualquer loja de Nova Iorque.

— Podemos imitar a Nutella. — A mulher ruiva optou, Micael negou com a cabeça, rindo.

— Chega por hoje, amanhã terminamos essa escolha cruel. — Apagou o quadro branco, ajuntou suas coisas na mesa. — Chay, vai querer uma carona?

— Você sabe que eu nunca recuso uma carona sua. — O amigo brincou, tinha sua mochila nos ombros. — Podemos tomar uma cerveja, que tal?

— Ah, não! Eu estou exausto. Minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento. — Apertou os olhos enquanto desciam as escadas, não gostavam do elevador no horário de pico.

— Seu veado. — Remexeu os lábios, saíram pela porta dos fundos, que dava acesso ao estacionamento. — Pensei que tivesse trocado de carro.

— Eu ainda não tenho um dinheiro absurdo pra trocar de carro. — Entraram no veículo. Chay remexeu em seu porta-luvas achando um envelope branco com listras verdes, excêntrico.

— O que é isso? — Abriu, nem perguntando se poderia. — Não tirou essa idéia da cabeça? — Leu as letras miúdas.

O envelope era de Christiane Laund, a mulher de meia-idade que tinha engravidado, um milagre! Criou uma clínica de Barrigas de Aluguel, você escolhia a pessoa e seu bebê nasceria com uma genética incrível! Simples.

— Você sabe que meu sonho é ser pai.

— Um pai solteiro? — Estava incrédulo. — Cara, bebês são fodas! Eles choram, fazem merda e a sua grana toda vai em leite, essas coisas. — Jogou o envelope de volta para o porta-luvas. — Você quer mesmo dividir o seu tempo e as suas gatinhas com um bebê?

— Eu não tenho gatinhas, e outra. — Virou o volante. — É um sonho meu, ninguém pode tirar isso de mim.

— Você deveria ter feito isso com a sua ex namorada.

— Ah, claro! E pegar ela transando com o treinador dela, de novo. — Não gostava de lembrar. Micael foi traído por sua namorada, havia pegado ela com o treinador de vôlei, transando nos armários internos da academia. Desde então, não conseguiu ter um relacionamento sossegado.

— Eu esqueci dessa parte, desculpa! — Chay Sorriu falso. — Mas desista disso, o bom da vida é ter gatinhas e poder pegar em seus peitinhos de silicone. — Fez um bico com os lábios, era idiota demais.

— Você acha que eu serei um bom pai?

— Olha, de verdade. — Preparou-se para dizer. — Você vai ter que administrar o seu tempo, não vai poder ter um lazer e nem beber nos fins de semana. Fora que o preço da babá aumentou horrores, minha prima paga quase metade do salário dela.

— Sua prima é uma burguesa! — Franziu a sobrancelha. — E eu pagaria uma babá, tranquilamente.

— Você quer mesmo ser um pai solteiro?

— Eu quero! — Sorriu. — Deve ser a melhor sensação de todas, um bebê, entende? Ele vai ter cheiro de bebê, e eu vou poder comprar todos os utensílios de bebê.

— Vai querer que saia colostro do seu peito também?

— Vá se foder. — Estacionou o carro. — Te vejo amanhã de manhã.

— Certo, patrão! — Chay desceu do carro. — Tem certeza que não quer beber?

— Descanse e pense no nome de algum produto. Que seja inteligente!

— Você pediu para a pessoa burra. — Micael negou com a cabeça antes de dar partida no veículo, deixando Chay em sua casa.

Dirigiu até o apartamento que ficava perto do Central Park, morava há dois anos lá e não se arrependia. Tirou suas coisas do carro e subiu, agora, de elevador. Agradeceu por chegar em casa, os móveis planejados e organizados, o cheiro de Lavanda que sua empregada arrumava, três vezes na semana. Foi até à cozinha vendo o número pendurado na porta da geladeira, buscou seu telefone fixo.

— Laund? Desculpe o incomodo! Eu acabei de chegar do meu trabalho. — Encostou na geladeira.

— Micael? Oh, não se preocupe. — Riu leve. — E então? Está pensando no que fazer?

— Eu irei passar amanhã, no seu consultório! — Pegou uma caneta, riscando alguns papéis sem importância. — Vou escolher a minha Barriga de Aluguel.

— Venha sim. Estarei esperando. — Sentiu ela sorrir diante a linha. — Uma boa noite para você!

— Igualmente. — Desligou a ligação.

A idéia fixa de ser pai não saía de sua cabeça, era como ver algo pela internet e querer, imediatamente. Chay sempre o reprimia por fazer essa escolha, achava que não teria tempo o suficiente para cuidar da criança, e que não teria paciência também. Mas o bom de Micael era que ele não se importava, não queria o conselho de ninguém, muito menos de um solteiro galanteador.

Iria até a clínica escolher a sua Barriga de Aluguel.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Onde histórias criam vida. Descubra agora