Me Deixe Calmo

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— O Micael tá estranho. — Sophia disse à Lidiane, tinha Liam nos braços, bem calmo. — Você sabe se aconteceu alguma coisa?

— Claro que não. — Soltou um riso. — Eu vou embora amanhã, tem certeza que não precisa de mais nada?

— Tenho, eu tenho sim! — Sorriu. — Você não quer ficar mais?

— Eu adoraria mas tenho três filhos, e eles estão com a minha mãe. — Suspirou. — Já sabe como é.

— Eu sei bem. — Encarou o filho. — Só estou preocupada com o Micael.

— Pergunta pra ele.

— De novo? — Gesticulou. — Ele disse que vai voltar a trabalhar na semana que vem.

— Então, por que a preocupação?

— Ele tá muito estranho! — Remexeu os lábios. — Micael não era assim.

— Sabe o que eu acho? Você ficou bem paranóica depois daquele seu sonho.

Era verdade! Sophia não podia estar doida, nada aconteceria.

— Não vou mais insistir nesse assunto. — Deu de ombros.

Lidiane foi embora no dia seguinte, fez as malas, Micael fez questão de levar a irmã até o aeroporto. Não iria contar o que faria no médico, sabia que as duas eram amigas e com certeza Lidiane contaria para Sophia.

Pelo visto, Lidiane não era a única que faria as malas.

— Bom dia, amor. — Sophia entrou no quarto, franziu o cenho quando viu Micael.

Uma mala estava aberta em cima da cama, e Micael estava colocando suas roupas nela.

— Bom dia, querida. — Beijou a esposa. — Está disposta hoje!

— Ando dormindo muito bem. — Cruzou os braços. — Onde você vai?

— Uma conferência. — Mentiu. — Eu estou super empolgado, Teddy me confirmou, é uma proposta irrecusável. — Sophia acreditou, Micael estava animado.

Mas é claro que era mentira.

— Isso é incrível, amor! — Sorriu. — Por que não me avisou antes? Você vai viajar, agora. — Abriu as mãos. — É... Meio inesperado.

— Foi de uma hora pra outra, você sabe como é o Teddy. — Dobrou uma blusa. — Não vai ficar chateada, não é?

— Não, eu só... — Micael foi salvo pelo choro de Liam.

— Eu pego ele! — Saiu do quarto indo até a sala, sabia que Rosa estava sob visão, mas não aguentaria tudo ao mesmo tempo.

Annora, almoço e Liam.

— O que foi agora, hein? — Sorriu ao filho, tinha ele nos braços. — Você não deixa sua mãe um minuto. — Balançou o pequeno. — Caramba papai, eu tô muito bravo, tô muito bravo! — Fez uma careta à Liam que ficava quieto agora. — Rosa, tudo bem por aqui?

— Até o Liam chorar, estava sim. — Micael riu. — Vou buscar a Annorinha daqui a pouco. Hoje foi o dia do brinquedo.

— Oba, dia do brinquedo. — Cheirou Liam, o cheiro de bebê impecável. — Sophia vai amar a bagunça que Annora vai fazer.

— Eu quem o diga. — Rosa experimentou um pouco de molho.

— Dizer o que? — Sophia desceu as escadas, tinha uma fralda nas mãos.

— Hoje é o dia do brinquedo. — Micael avisou, pegou a fralda da mão de Sophia. — Annora vai fazer aquela bagunça.

— Santo dia do brinquedo. — Sophia fechou os olhos. — Espero que ela não tenha levado os três mil brinquedos dela.

— Só levou quatro, eu contei dona Sophia. — Rosa disse.

— Ótimo, quatro! — Micael riu, levou Liam até o quarto novamente.

Estava estranho, muito estranho!

— Conseguiu achar o que tem de estranho nele?

— Ainda não, Rosa. — Abriu a geladeira. — E quer saber? Eu não vou mais ligar, se o Micael acha que eu vou ligar... Ele está muito certo! — Suspirou. — Quero saber o que está acontecendo com ele.

— Uma hora a resposta vem, vai ver é trabalho acumulado dona Sophia.

As horas se passaram, Rosa foi buscar Annora na escola, Micael ficou o dia todo com os filhos, terminou sua mala e foi conversar com Sophia, em termos, seu voo sairia na madrugada, ela entendeu, era por trabalho.

E lá se foi ele, saiu na madrugada em um táxi amarelo. Tinha sua mala consigo, deixou na casa de Josh que o ajudava.

Deu entrada no hospital particular da Califórnia.

— Você tem certeza que quer fazer isso? Logo você! — Josh entrou com Micael, iriam até o balcão.

— Eu pensei que seria fácil. — Deu um sorriso ao amigo. Pararam no balcão. — Olá, eu sou Micael Borges. Tenho uma cirurgia com o doutor...

— Só um minuto, vou procurar o seu prontuário. — A mulher vasculhou os papéis. — Assine aqui, por favor! — Pediu.

Micael assinou com sua caligrafia, agradeceu a mulher e esperou na cadeira, junto com Josh, que estava aflito pelo amigo.

— Você não contou à Sophia?

— Ela não precisa saber, não agora. — Encarou o chão.

— Você é estranho! Eu contaria a minha mulher, você não sabe a opinião dela sobre isso. — Pausou. — Cara, ela vai ficar muito brava!

— Josh, eu quero ajuda, por favor. — Respirou fundo.

O médico apareceu. Chamou Micael que levantou-se, rapidamente.

— Está pronto? — Andaram deixando Josh sozinho, o moreno agradeceu e disse que ele poderia ir pra casa.

Mas ele não iria, acompanharia Micael até o final da  sua cirurgia.

— Um pouco nervoso. Faz anos que eu não faço uma cirurgia. — Subiram de elevador.

— Se isso te deixa mais calmo, é super normal. Eu fiz e não me arrependo! — O médico sorriu.

A porta do elevador se abriu.

Entraram na sala do médico.

— Sente-se aqui. — O moreno sentou-se na frente do homem. — Você sabe como funciona?

— Sim. — Assentiu. Estava nervoso. Em termos.

— Nós vamos cortar a ligação dos seus espermatozoides até o líquido da ejaculação. No fim, vamos amarrar e fechar o corte. É simples! — Explicou. — Depois vou te passar todas as informações pós cirurgia. — O médico bateu em suas costas. — A vasectomia não é um bicho de sete cabeças, você vai ver. — Estava deixando Micael mais calmo.

Ele só não sabia como contaria isso à Sophia.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Where stories live. Discover now