Compre Uma Briga

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— Aqui está! Obrigada. — Sophia retirou cinco dólares da bolsa, entregou ao taxista e saiu do veículo.

Estava em casa, ainda bem!

— PORTA DA FRENTE ABERTA.

O silêncio reinou, tirou a sapatilha e desabotoou os dois botões da sua blusa soltinha, largou a bolsa no outro sofá e sentou-se, relaxando os pés.

Não conseguia tirar a história de Alisson da cabeça.

— Oi. — Micael apareceu, sentou no outro sofá.

— Oi. — Encarou o marido.

— Você está bem? — Remexeu os dedos das mãos.

— Estou e você? — Fechou os olhos.

— Também estou.

Mais silêncio.

— Eu fiz o jantar pra Annora, ela está lá em cima. — Pausou. — Você quer... Comer alguma coisa?

— Não, obrigada! — Respirou fundo, ainda de olhos fechados.

— Como foi o dia de hoje?

— Meu trabalho? Foi legal!

— Já fez amigos?

— Sim.

— Muitos?

— O necessário.

— Entendi. — O silêncio voltou novamente. — Você quer que eu... Prepare a banheira?

— Micael, eu sei que você foi grosso comigo ontem mas eu não estou com raiva de você, em momento algum. — Abriu os olhos azuis. — Eu só estava descansando um pouco. — Explicou.

— Eu sei.

— Não, você não sabe. — Irritou-se. — Poxa, eu não entendo você.

— Eu não quero brigar.

— Mas agora eu quero! — Ainda encarava o marido. — Eu não tenho culpa se você ficou chateado pelo fato de eu ter arrumado um emprego.

— Pro inferno você e seu emprego, eu quero saber do meu.

— O seu emprego vai chegar o mais rápido possível.

— Ah, é? Quando? — Alterou-se.

— Quando você ter fé e acreditar na palavra do homem que leu o seu currículo.

— Você acha mesmo que ele leu o meu currículo? — Debochou. — O papel deve estar queimando agora, em algum lugar na empresa dele.

— Você está tão desesperado assim? Então monte a SUA empresa! — Cruzou os braços.

— É lógico que eu estou desesperado. — Pausou. — Vamos ter mais um filho, você está trabalhando, ótimo! Mas antes, vamos recapitular.

— Vamos. — Viu o marido levantar do sofá.

— Compramos a casa.

— Você comprou a casa.

— Certo. — Bufou. — Você matriculou à Annora em uma escola especial.

— Ela precisa! — Sorriu falsa.

— Certo. — Andou de um lado para o outro. — Vamos ter mais um filho, ainda não temos NADA pra recebê-lo.

— Então esse é o problema? O bebê.

— Que? Claro que não, eu só estou fazendo contabilidades.

— E na sua cabeça TODAS as opções são comparadas a mim. — Riu, incrédula. — Isso é incrível, Micael! De verdade. Você consegue se superar.

— Você quer brigar?

— Eu não quero brigar, eu quero esclarecer essa raiva toda de você.

— Caramba, você não me entende?

— NÃO! Você tá parecendo uma adolescente de TPM.

— EU SINTO FALTA DO BOTTIN, TÁ LEGAL? — Gritou.

Sophia encarava o marido ainda sem entender.

— E você desconta isso em mim?

— Eu só estou explicando pra você.

— Não pareceu a três segundos atrás. — Umedeceu os lábios.

Micael fechou os olhos, sem paciência. Encarou o lado vendo Annora na ponta da escada, os pés descalços, piscou rápido aos pais.

— Filha, vem aqui! — Sophia a chamou. — A mamãe sentiu sua falta. — Beijou a menina.

[Sinais Annora] — Você e o papai estavam brigando?

— Não, claro que não! — Mexeu em seus cabelos. — Vamos subir? A mamãe precisa descansar. — Annora assentiu.

Sophia subiu com Annora deixando Micael sozinho novamente, não queria comprar uma briga, mas já tinha comprado.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Where stories live. Discover now