Medo

1.7K 120 7
                                    

Era noite quando Eli entrou no restaurante caro, com cheiro de granfino e comidas exóticas. Avistou Gregori olhando o menu principal, bebia um uísque importado.

— Pensei que me daria um bolo. — Sorriu á mulher.

— Estava fazendo minha maquiagem. — Sentiu-se. — Faz tempo que chegou?

— Uns trinta minutos. — Bebeu o uísque. — Chame o garçom e pegue uma bebida para você.

— Quero água, apenas!

— Ora, não seja tola! Eu não vou transar com você. — Arfou, em risos. — Isso é só uma conversa de amigos.

— Disse isso à Sophia e levou a mesma pra cama.

— Ela é bem mais nova do que você. — Sentiu o álcool nos lábios. — Micael não foi trabalhar hoje!

— Ele está com ela no hospital. — Eli arrumou os cabelos. — Parece que desmaiou no banheiro da agência.

— Espero que perca o bebê inútil.

— Não seja tão mau.

— É preciso. — Pausou. — Tenho uma novidade ótima pra você.

— Me diga qual. — Encarou Gregori sem paciência.

— Arrumei um emprego para Sophia, naquela revista da Polônia.

— Polônia? — Arqueou a sobrancelha. — As dez mais magras da Polônia?

— Exatamente! E aí, eu vou por o meu plano em prática. — Esfregou as mãos como um doido. — Dizer à Sophia que ela só poderá entrar se estiver pesando trinta e nove quilos.

— Isso é horrível, Gregori! — Exaltou. — Eu não gosto da Sophia mas obrigar ela a ter bulimia já é demais.

— Essa revista é um marco na história, se ela entrar irá concorrer com Micael na Calvin Klein.

— Você está ficando doente! — Negou com a cabeça. — Quer de todo o jeito separar ela do garoto.

— Sophia é minha! Eu a possui uma vez e posso possuí-la de novo.

— Nojento! — Levantou-se rapidamente. — Perdi a fome conversando com você. — Saiu do restaurante sem ao menos dar satisfação.

No hospital tudo estava certo. Sophia e Micael conversavam sobre assuntos aleatórios, conseguiu tirar risos da esposa a vendo deitada naquela maca.

— Eles sempre foram distantes mesmo. — Micael terminou de rir. — A Lidiane era tão pequena que só tinha cabeça, a mais feia da família Borges.

— Tadinha dela, Micael! — Sophia riu.

— É sério! — Prendeu o riso. — Minha mãe sofria com as coisas que ela fazia.

— Parecia eu quando era mais nova. — Encarou os dedos, em silêncio. — Estraguei minha vida vivendo com Karl.

— Eu fui à luz no fim do seu túnel.

— Não se sinta. — Mostrou a língua.

— O Karl era um babaca mesmo. — Cruzou os braços. — Mas agora tá tudo bem, ele está... Descansando.

— Tá sim. — Respirou fundo.

Sophia virou o rosto encarando o soro cair em sua veia. Olhou Micael de volta.

Não tinha a cara muito boa.

— Tá tudo bem? — Aproximou-se da maca.

— Deve ser o soro. — Sentiu tonturas. — Isso é... Horrível.

— Sophia? — Ficou apavorado. Apertou com tudo a campainha ao lado da cama. — SOPHIA! — Gritou, vendo a mulher fechar os olhos, instantaneamente. — Sophia, olha pra mim! Acorda! — Deu tapinhas em seu rosto. — SOPHIA, FALA COMIGO!

Sentiu a mulher gelar, até o último dedo do pé.

Correu pra fora do quarto, desesperado.

— MICHELLE? — Gritou. — ALGUÉM ME AJUDA! — Correu ainda desesperado.

O batalhão de enfermeiros chegaram no corredor, entraram no quarto de Sophia.

Micael ficou atrás, tinha as mãos na cabeça sem ter o que fazer.

— Ela desmaiou, de novo. — Tiraram a agulha de sua veia. — Pressão?

— Normal. — Escutaram seus batimentos cardíacos.

— Tragam o ultrassom pra cá. Rápido! — Pediu uma enfermeira.

Micael estava em choque, os olhos arregalados. Não parecia estar ali, só estava escutando todos os procedimentos sem fazer absolutamente nada.

O gel foi passado no aparelho antes de ir à barriga de Sophia, observaram o pequeno monitor.

— Alguma coisa?

— Nada. — Negou com a cabeça. — Batimentos da mãe?

— Normais. Só inconsciente!

— Eu não estou conseguindo ver o bebê. — Micael morreu ao escutar aquilo. — Passa mais gel, por favor!

— Aqui. — Passou o gel no aparelho novamente.

A tensão reinou.

— Deu batimento! — Sorriu aliviada. — Manda ela pra sala cinco, injeta B3 e oxigênio. Agora! — Tiraram a maca da sala levando Sophia para outro lugar.

Micael moveu-se indo atrás.

— Eu tenho que ir com ela. EU TENHO QUE IR! — O impediram de ir.

— Por favor, fique aqui! — A enfermeira pediu. — Vamos cuidar dela direitinho.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Where stories live. Discover now