Laranja tô Fora, Banana tô Dentro

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— Aí, cara. — Chay interrompeu Micael, todos já haviam ido embora. — Eu não queria ter explodido na sua mente, me desculpa.

— Tá tudo bem. — Cumprimentou o amigo. — Só não faz mais isso, a empresa toda fica cochichando. — Chay deu um riso sem vida.

— Você vai sair?

— Tô querendo ficar sozinho hoje, ir pra casa e arrumar a bagunça desse marketplace. — Explicou. — Te vejo amanhã?

— Sim, nos vemos amanhã. — Deixou o amigo ir, Micael estava sem cabeça para nada, cansado, queria sua cama e seus bons seriados sem graça.

Mas antes, parou no Suco&Fruta, um mini-café que vivia vazio, teve curiosidade de entrar, e estava com o tempo livre. Passou pela porta de vidro escutando o som alto do liquidificador, avistou a morena alta, lindíssima, tinha os olhos cor de mel, os cabelos no tom preto. Surreal! Ela deveria estar modelando e não servindo sucos industrializados.

— É... Ainda está aberto, não está?

— Estamos sim. — Parou o liquidificador. — O que vai querer? — Sorriu simpática, aproximou-se dele, ainda sim atrás do balcão.

— Eu quero um... Laranja tô dentro, banana tô fora. — Torceu o nariz vendo a tabela de nomes. Será que alguém naquela cidade era normal? Achava que não.

— Só um minuto. — Tirou as bananas de um saquinho, junto com as laranjas. As colocou no liquidificador, o barulho estava irritando à todos que passassem. A morena deixou o líquido em um copo transparente dando para Micael, a textura era péssima e o gosto...

— Nossa, é horrível! Com toda a sinceridade do mundo, é horrível.

— Eu sei que é, você é a única pessoa que parou aqui, até agora. — Pausou. — Vão dar onze horas da noite e você foi a única pessoa.

— Vocês abriram que horas?

— Oito da manhã. — Micael quase se engasgou.

— Isso aqui é seu? — Referiu-se ao lugar.

— É sim. Eu tive a idéia de criar um pequeno ambiente com bebidas naturais, mas são industrializadas, a maioria.

— E por que esses sucos?

— Algo natural. — Balançou a cabeça. — Eu testo todo o tipo de combinação, até laranja com banana, mas não dá certo, sempre acaba ficando ruim.

— Você deveria fazer misturas gostosas e não... Banana com laranja? Sério, por que eu pedi isso? — Jogou o suco no lixo, tirou o dinheiro da carteira. — Aqui está! — Entregou para a morena que riu leve.

— Pode ficar, é horrível! — Sorriu. — Eu vou fingir que você é um cara testador de sucos estranhos, e que foi uma honra te receber no meu estabelecimento.

— Pode ser, eu fico mais tranquilo. — Guardou a carteira novamente. — Boa noite, então. — Andou até a saída, a mulher o parou.

— Ei! — Micael virou. — Eu estou sem sono, poderíamos ficar... Conversando? Você me parece legal. — Ok, iriam conversar.

O mini-café já estava fechado, Micael gargalhava com a morena que sorria entre as conversas, estava sendo agradável, agora, com um suco de morango natural, nada industrializado.

— Então você é empresário de marketing? — Ele assentiu. — Que genial! Eles não te irritam?

— Um pouco. Meu amigo Chay me irrita demais, sério! — Ela riu novamente. — Ele vive pegando no meu pé, mas eu sou o chefe dele, então...

— Que engraçado! — Encarou seu copo, já vazio. — Eu sou a minha própria chefe, tenho um ajudante, na parte da manhã.

— Seu namorado? — Tinha um tom engraçado no olhar.

— Eu não tenho namorado. — Sorriu. — Ele é só o meu ajudante.

— Ata, entendi. — Riu. — Eu preciso ir, já está tarde. Conversamos demais.

— Passa aqui amanhã, eu vou tentar um suco novo.

— Acho que vai me dar diarréia. — Levantou-se, andou até a porta novamente. Ela riu. — Mas eu passo aqui, qualquer dia.

— É para passar amanhã!

— Eu irei. — Acenou para a morena.

Iria passar amanhã, se estivesse disposto.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Where stories live. Discover now