Mil Comprimidos

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— Micael? — Teddy apareceu atrás do moreno, que estava parado em frente ao bebedouro. Continha uma mão aberta e um comprimido na palma.

— Bom dia, Teddy! — Tinha olheiras. — Como está?

— Eu vou bem. — Ainda não havia se virado. — Você está bem?

— Estou. — Fechou a palma da mão, virou-se ao patrão. — Vim apenas beber água. Já estou voltando!

— Você não me parece bem. — Trincou o maxilar. — Quer ir à minha sala conversar?

— Não, obrigado! — Tentou sorrir. — Só não tive uma boa noite de sono.

— Problemas em casa?

— Vou voltar ao trabalho. — Abaixou a cabeça e saiu.

Andou até seu computador que estava ligado, sentou-se na cadeira e arrumou a gravata. Que dia péssimo!

Deveria ter bebido o comprimido.

Deveria!

Sua mente não parava de se comunicar. Ele deveria ter bebido o comprimido!

Era desgastante estar no trabalho daquele jeito. Desligou o Iphone para não receber chamadas, depois de cinco horas saiu da empresa, conversou breves palavras com Teddy que não estava confiante do humor.

Micael dirigiu até uma farmácia, perto do Píer. Adentrou o local com uma cesta plástica nas mãos, o ambiente climatizado gelou seu corpo, lhe deu arrepios e uma tosse rouca.

— Olá, em que posso ajudar? — A farmacêutica de óculos lhe parou. Que inferno!

— Eu estou procurando... Não precisa me ajudar. — Suas olheiras pioraram. — Obrigado e me desculpe!

— Fique à vontade. — É claro que ele não ficaria.

Entrou em um corredor encarando as centenas de caixas com remédios e seus nomes estranhos. Pegou duas, quatro, ao todo, nove. Nove caixas com comprimidos que ele não precisava! Passou ao caixa e pagou por todos.

Dirigiu até sua casa agora, já havia anoitecido. Entrou no casarão vendo que Sophia já havia chegado, pôde observar pelas luzes acesas na cozinha.

Ela não iria falar com ele, já sabia! Desfez o nó na gravata e desabotoou os botões da camisa social, largou-se no sofá com sua sacola de remédios.

Mas antes, caçou sua garrafa de Jack Daniel's nos armários escondidos da casa.

Voltou ao sofá, abriu uma caixa, retirou dois comprimidos e os bebeu com uísque. Perfeito!

Apenas na sua mente.

— Ah, você chegou! — Sophia desceu as escadas, usava um hobby de seda. A barriga perfeitamente redonda. — Hoje não foi um dia bom.

— Que bom pra você! — Bebeu o uísque no gargalo.

— Recebi um tapa no rosto, está feliz? — Foi para a cozinha, não tinha visto Micael e nem o que estava fazendo.

— Pode ser que eu esteja. — Bebeu mais um pouco.

— Sua filha perguntou de você, duas vezes. Quando chegamos. — Buscou um copo d'água. — Onde você estava?

— No inferno. — Escutou os passos de Sophia, guardou rapidamente a garrafa.

Ela encarou as caixas em cima do sofá.

— Está doente?

— Não. — Não conseguiu olhar em sua cara.

— Por que tanto remédio? — Ia pegando a sacola. — Aspirina? — Franziu o cenho. — O que houve com você? E que cheiro é esse?

Uma Mãe Para o Meu Bebê Kde žijí příběhy. Začni objevovat