Uma Mãe Para o Meu Bebê

Nada Mais

— Hum. — Sophia abriu os olhos, lentamente. — Onde eu tô? — Colocou as mãos na cabeça.

— Em casa. — Micael respondeu. — Você precisava descansar.

— Eu preciso me separar de você! — Levantou-se com dificuldade. — Pensei que me levaria pra ficar com a sua amiguinha. — Abriu a gaveta.

— Michelle? Não. — Deu um risinho. — Você tá com ciúmes dela?

— Eu? Ciúmes? — Retirou sua blusa com a força do ódio. — Claro que não! — Estava sendo debochada.

Muito debochada.

— Vamos lá, me conte por que você é tão amigo da Michelle? — Retirou a saia, conseguiu uma briga com a peça de roupa.

Micael se preparou ao dizer.

— Eu fui noivo da Michelle. — Umedeceu os lábios. — E nos reencontramos depois de sete anos.

Sophia bateu palmas, saiu do quarto. Micael a seguiu.

— Essa é a história do Micael. — Retirou o sutiã enquanto andava até à cozinha. — O homem que foi noivo da mediquinha Michelle. — Abriu os armários. — Os dois pombinhos se amavam, há muito tempo. Mas a Sophia piranhona ESTRAGOU TUDO! — Jogou um prato de vidro em Micael que desviou.

O vidro fez um impacto com o chão.

— A Sophia isso, a Sophia aquilo. A Sophia que abandonou a filha dela. — Tacou vários pratos no moreno que se escondia. — VAI SE FUDER, MICAEL! — Surtou.

— JÁ CHEGA, TÁ LEGAL? — Tentou se aproximar. — Para com essa merda, vai acordar Annora!

— ELA NÃO VAI ACORDAR. — Gritou. Estava com os cabelos bagunçados em um jeito sexy.

— ELA TÁ DE APARELHO! — Deu o ultimato à Sophia que parou.

Largou o último prato no chão.

Esfregou o rosto com as próprias mãos.

— Eu vou alugar um apartamento perto da Times Square. — Decretou. — Eu vou viver muito bem sozinha.

— Drama ao cubo ou teatro? — Abriu os braços.

— Você não está feliz!

— É claro que eu estou.

— Você tá correndo atrás da Michelle. Ela é o amor da sua vida, eu e você só temos vínculo por causa da Annora. — Engoliu seco. — Não dá pra viver desse jeito.

— Quer abandonar ela outra vez? É isso? — Cruzou os braços.

— Eu não vou abandonar ninguém. — Forçou os olhos. — Eu tenho um ódio tão grande por você que poderia te matar com qualquer faca do nosso faqueiro!

— Eu ganhei esse faqueiro da minha avó.

— PRO INFERNO VOCÊ E ELA. — Gritou novamente.

— Eu não sei onde você quer chegar, brigando comigo desse jeito. — Olhou Sophia que estava descabelada, descalça, apenas com uma calcinha e com os seios de fora.

Era a melhor visão que Micael poderia ter, a não ser os pratos quebrados no chão da cozinha.

— Quero chegar na parte que você está completamente obcecado pela Michelle.

— Eu e a Michelle é passado! Só somos amigos.

— Daria uma semana pra você correr atrás dela de novo, como uma criança toda empolgada.

— Ela é minha amiga!

— E eu sou a sua mulher! — As lágrimas caíram. — A nossa relação tá péssima, você nem fez o esforço de... De chegar e ajuntar o que a gente tá vivendo.

— Você diz casar? — Arqueou uma sobrancelha.

— Pra mim já chega! — Rendeu as mãos, desviou dos cacos de vidro.

Sentiu as mãos de Micael tocarem seus braços.

— Onde você vai?

— Sair daqui. — Encarou os olhos castanhos. — Viver longe de você.

Micael respirou fundo, fechou os olhos e largou os braços de Sophia.

— Porra, eu perdi o meu emprego! — Soltou. — Eu era um simples empreendedor de marketing, tinha o trabalho que eu queria, chegava na hora que eu queria, eu tinha um sonho de me tornar pai. — Pausou. — Você chegou e virou a minha vida, me mostrou que nada nessa merda faz sentido. Você me deixa feliz, me deixa... Cacete! Você é tudo pra mim, Sophia. — A loira secou suas lágrimas. — Se você passar por aquela porta, eu desisto de tudo que está ao meu redor.

Sophia abaixou a cabeça, os cabelos caíram por seu rosto e ela se pôs a chorar. Doeu em seu coração, não poderia deixar Micael, não poderia abandonar a sua filha de novo.

Correu para os braços do moreno que beijou seu ombro, foi tão forte que soltou tudo o que estava engasgado. Era a dor de perder alguém!

— Você não pode desistir da Annora. — Disse em seu ouvido. — Você não pode desistir de mim. — Beijou seus lábios. — Eu amo você, Micael!

— Para de chorar, não combina com você. — Deu um riso sem vida após secar as lágrimas de Sophia. — Eu também te amo muito. E me desculpa por eu ser um babaca.

— É de família. — Ele riu.

Os dois se entreolharam.

— Me abraça de novo. — Abraçou Micael mais uma vez. — Eu amo sentir o seu cheiro, ele me deixa confortável. Eu me sinto em casa.

— Você já está em casa, meu amor. — Beijou seus cabelos. — Você já está! Junto comigo e com Annora. Apenas isso importa, e nada mais.