Uma Mãe Para o Meu Bebê

Não é Nada Disso Que Você Está Pensando

— O que faz aqui? — Dinah abriu a porta, usava uma camisola curta, rosa. Viu Micael em sua frente.

— Posso entrar?

— Deveria ficar aí fora.

— Vai me tratar com grosseria? Eu só vim conversar. — Rendeu as mãos, Dinah deu passagem para Micael que entrou.

Os dois se encararam, tristes, em ambas as partes.

— Eu sinto muito por não te dar atenção o suficiente, de verdade. — Suspirou. — E enquanto Sophia, ela precisa ficar na minha casa, você sabe das condições dela.

— Olha Micael, eu tô chateada com você. Parece que não me quer mais no seu lado, eu tô ficando sem saída nessa situação. Poxa! Somos um casal de namorados e não um casal que vive brigando.

— Então vamos cooperar. — Ou terminar.

— Como você quer que eu coopere? Você não liga pra mim, sempre que eu quero te ver, dá desculpas. O que somos então? Eu não quero que você me faça de trouxa.

— Eu não vou te fazer de trouxa, eu só quero que a gente pare de brigar. — Andou até Dinah, mexeu em seus cabelos. — E por favor, pare de brigar com Sophia, ela é legal.

— Eu não gosto dela, nunca vou gostar.

— Dinah...

— Isso é sério, não me peça essas coisas. — Pausou. — Paz e amor?

— Uhum. — Beijou a morena, as línguas se chocaram. Terminou com selinhos.

— Agora que estamos de bem. — Levou o moreno até seu quarto. — Que tal você conhecer a minha camisola? Ela é importada.

— Eu vou adorar! — Fechou a porta em seguida, se perdendo na cama.

— Vou girar. — Sophia rodou o globo de brinquedo. — Número 7.

— Bingo! — Ken vibrou. — Eu ganhei de novo.

— Ah, isso não vale. Eu não ganhei nenhuma ainda.

— Claro que ganhou! Você ganhou duas vezes.

— Essa é a quinta vez que você tá ganhando, Ken.

— Ok, eu divido uma barra de chocolate com você. — Ken se encostou na mesinha de centro. Estavam sentados no carpete da sala, brigando de Bingo. — Triste?

— Não sei, quer dizer, é chato ficar aqui sozinha.

— Eu posso te fazer companhia, não vou criar caso, prometo. — Rendeu as mãos. — Posso te fazer uma pergunta?

— Já fez.

— Micael tá namorando com você?

— Não! Eu só sou a Barriga de Aluguel dele. — Pausou. — Ele tem uma namorada, a idiota que vende suco industrializado.

— A que mistura várias frutas em um suco só?

— Ela mesmo.

— Se eu sabia, me esqueci. — Abriu a barra de chocolate. — Você parece triste, parece gostar dele.

— Gosto de estar com ele, é legal. Micael é engraçado, me faz sentir livre. — Sorriu. — Ele sempre foi assim?

— Nem sempre. Ele sofreu muito quando a ex-namorada o traiu. — Comeu o chocolate. — Vivia calado, sozinho, triste, não queria conversar com ninguém, a mãe dele quase vendeu o apartamento.

— Sério? — Se chocou. — Conta mais. — Roubou o chocolate de Ken.

— Sim, Micael mudou completamente. Mas antes, vivíamos interfonando pra cá, os barulhos incomodavam os vizinhos.

Sophia fez uma careta.

— Ela era bonita?

— Uma tremenda gata, Micael tinha problemas com ela. Mas pareciam ser apaixonados, um pelo outro, depois que aconteceu essa tragédia.

— Por que tragédia?

— Ele pegou a ex transando com o treinador. Alguma coisa assim. — Deu de ombros. — Eu definiria como uma tragédia.

— Tadinho dele, não merecia isso.

— Viu só? Agora pensa eu que via um cara sorridente todos os dias. Quando isso aconteceu, Micael ficou um bom tempo sem sair de casa.

— Nossa! Ele nunca vai me contar isso, ainda bem que eu tenho você.

— Ei! Eu sou fofoqueiro mas nem tanto. — Pegou o chocolate de volta. — Preciso descer, a portaria tá sozinha.

— Fica mais um pouco, eu quero revanche do Bingo.

— Já tá tarde, eu preciso mesmo descer. — Ken levantou-se, ainda com sua barra de chocolate. — Vai ficar bem aí, não vai?

— Vou sim, não sei que horas o dono da casa vai voltar. — Entristeceu.

— Ele deve voltar, em breve. — Ken abriu a porta dando de cara com Micael.

— Ken? — Cruzou os braços. — O que está fazendo aqui?