Eu Voltei

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— Oi, netinha linda! — Antônia tinha Annora nos braços, mexeu em seus cabelos loiros. — Como você tá? A vovó morreu de saudade.

[Sinais Annora] — Eu também morri de saudade, vovó.

— Disse o mesmo, mãe. — Micael traduziu. — E você? Onde tá a Lidi?

— Sua irmã foi pra casa dela, com o marido. — Revirou os olhos. — Eu optei por almoçarmos sem ela hoje, aquelas crianças... — Micael riu. — Annora não faz essa bagunça.

— Annora é quieta até demais. — Encarou a filha no colo de Antônia. — Princesa, por que não sobe e brinca com suas coisas, hein? — Ela assentiu, a vó deixou Annora ir.

Os dois ficaram em silêncio.

— Me ajude a temperar isso. — Andaram para à cozinha, a travessa de salada estava quase pronta.

— Tá tensa! O que houve?

— Eu recebi uma carta. — Engoliu seco. — Não queria te deixar preocupado.

— Nossa, falando isso você me deixa muito menos preocupado. — Debochou. Tinha as mãos grandes apoiada no balcão. — Anda, mãe! O que tá pegando?

— É uma carta da polícia. — Foi até a gaveta, tirou a carta, entregando para Micael. — Chegou já tem... Dois dias.

Micael abriu a carta, a cada linha sua pupila dilatava.

Não pode ser. — Passou a mão no rosto. — Isso aqui tá errado, ela não tinha esse direito!

— Micael, calma! Tá bom?

— Ela me mandou um oficial de justiça. — Estava boquiaberto. — Ela quer tirar a Annora de mim.

— Ela não vai conseguir tirar a Annora de você. — Tranquilizou. — Ela abandonou a menina, você não entende? Só se for um policial clandestino.

— Do jeito que ela é louca, eu não duvido nada. — Releu a carta novamente. — Eu preciso fazer alguma coisa, irei arrumar um advogado.

— Isso, arrume um advogado e espere pra ver no que vai dar.

— Pode ficar com Annora pra mim? Eu estou uma pilha de nervos. — Coçou a nuca, nervoso. — Ela vai querer brincar comigo e eu tô sem cabeça.

— Claro! Não precisa se preocupar. — Antônia abraçou o filho que saiu na mesma hora. — Micael, onde você vai?

— Resolver esse problema. — Tinha a chave do carro nas mãos.

Dirigiu até o condomínio novamente, durante o caminho tinha feito ligações pra um ótimo advogado, contou a história e esperou que houvesse uma saída. Estava morto de medo, ela tinha passado dos limites!

— Isso, eu posso te ver amanhã? — Subiu de elevador. — Ótimo, combinado! Amanhã eu irei até aí. — Assentiu. — Obrigado, desculpe pela ligação. — Terminou a chamada.

A porta do elevador se abriu.

Lá estava ela, deslumbrante! Um salto agulha de grife, um vestido com decote, cabelo impecável e a maquiagem perfeita. Micael franziu o cenho, ela estava brincando com a sorte.

— Quem te deixou subir?

— O porteiro? — Debochou.

— Piranha!

— Precisamos conversar.

— Você me ameaçou, mandou um oficial de justiça.

— Annora é minha filha! — Esbraveceu. — Eu tenho todo o direito de vê-la.

— Annora não é mais sua filha, desde o momento que você abandonou ela.

— Eu tive que fazer isso, pro bem de todas nós!

— De todas nós? Pro bem de quem? De você e do paspalho do Karl? — Aproximou-se. — Eu já disse que tenho nojo de você, e eu vou chamar a polícia.

— Vai chamar a polícia pra que? Vai me proibir de ver a menina? — Cruzou os braços. — Minha assessoria mandou um oficial de justiça. Eu agora tenho o direito de ver Annora, me apresentar como mãe biológica.

— Se fez isso então por quê abandonou ela? — Arqueou uma sobrancelha.

— Eu não tinha condições de criar uma criança! O seu salário iria acabar, eu teria que arrumar alguma coisa. Eu não tenho família aqui, minha família era você mas infelizmente eu fiz uma cagada! E você não consegue ver isso.

— Claro que eu consegui ver. — Umedeceu os lábios, muito bravo. — Você é uma puta, sua vida melhorou muito há uns quatro anos atrás. Podia muito bem vir visitar Annora.

— EU ESTAVA FAZENDO DE TUDO PRA ISSO AQUI ACONTECER. — Bateu os pés.

— Sai da minha casa, agora! Eu vou chamar a polícia.

— Chama, vai, chama! — Desafiou.

Micael segurou firme em seu braço.

— Tá me machucando! — Cerrou os dentes.

— Tô nem aí.

— Eu vou gritar.

— Grita, vai! Grita! — Estavam tão próximos, sentindo a própria respiração.

Os olhos azuis se chocaram com os olhos castanhos. O amor nunca morreu, ele só estava afastado durante um bom tempo.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Where stories live. Discover now