Confie na Minha Palavra

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Ken tinha perdido as falas, literalmente.

— Perdeu a língua, Ken?

— Eu apenas subi pra fazer companhia à Sophia, estávamos jogando Bingo. — Mostrou o brinquedo no tapete da sala.

— São uma da manhã, Ken. A portaria está sozinha.

— Eu já vou descer. — Passou por Micael indo embora, o moreno trancou a porta.

Iria lhe dar com Sophia agora.

— O que ele estava fazendo aqui?

— Jogando Bingo, como ele disse. — Terminou de comer seu chocolate.

— Jogando Bingo? — Por que sempre Micael estava desconfiado?

— É, para de ser ciumento. Você foi transar e eu não tô falando nada. — Andou até a cozinha, ele o seguiu.

— Eu não fui fazer isso. — Foi sim.

— E eu nasci ontem. — Debochou.

— Tá, eu fui fazer isso. — Aquilo doeu em Sophia. — Mas não importa, você estava sozinha com Ken.

— E daí? Ele é só o porteiro do prédio, você acha que estamos transando? Por favor, Micael. Que criança que você é!

— Eu criança? Você estava sozinha, com ele, jogando Bingo? Que papo furado.

— Isso tudo é medo? — Encarou ele, tinha os braços cruzados.

— De que?

— De você levar chifre de novo.

Ok, Sophia! Agora você foi longe demais.

— Como é que é? — Andou até ela, bravo.

— Eu sei de tudo, você levou chifre, antes era um cara legal, brincava com todo mundo, mas levou um chifre de meio mundo com o treinador da sua ex-namorada. — Aquilo socou o coração de Micael.

O moreno engoliu seco, foi como assistir sua derrota, tudo de novo.

— Eu não devo satisfação da minha vida pra você, e se eu levei chifre, o problema é meu! — Cerrou os dentes.

— Você deve sim, eu moro na sua casa, como da sua comida, durmo no seu colchão e estou grávida de você. — Tocou o peito de Micael com o indicador. — E não me venha dizer coisas idiotas, eu sinto Micael!

— O que você sente? Não temos nada, nossa relação é de funcionário para chefe.

— Acontece que você não é meu chefe, eu sou apenas a sua Barriga de Aluguel que atura tudo isso. — Queria chorar.

Era sério? Sophia queria chorar?

— Eu sempre fico sozinha, aturo a sua namorada, lido com a sua irmã, tive que mudar meus hábitos pra ficar com você. — As lágrimas caíram. — E fico sozinha, quase todos os dias.

— Você sabe que eu tenho que trabalhar.

— Eu sei, eu sei disso tudo mas você poderia dar um pouco de atenção pra mim. Isso não vai acabar bem.

— Por que não vai acabar bem?

— Porque eu tô criando sentimentos pelo bebê, Micael. E no final disso tudo, eu não vou querer entregar ele pra você.

Podemos todos surtar? Podemos!

— Opa, opa, opa! — Iria ficar bravo. — O bebê é meu, a inseminação é minha. Está no contrato, esse bebê tem que ser entregue nas minhas mãos.

— Eu tô gestando ele.

Olha, ela sabia o que significava gestar!

— Exatamente! Você está gestando a minha criança, não deve ganhar nenhum vínculo com o bebê, você foi alugada para fazer isso, sabia das consequências.

— Eu sabia mas fui enganada. — Encarou o teto, não querendo chorar mais. — Eu sei que você não quer nenhum afeto de carinho comigo, eu só sou mais uma que te dá dor de cabeça, sua namorada não gosta de mim, e eu até entendo isso.

— E por que você tá chorando? Eu não fiz nada pra você.

— VOCÊ NASCEU! — Gritou. — E ESSA DROGA DE REMÉDIO TÁ MUDANDO TUDO EM MIM. — Andou até o armário, pegou uma panela. — TÁ VENDO ISSO? É APENAS UMA PANELA, DAQUI A CINCO SEGUNDOS EU VOU QUERER TACAR ELA NA PAREDE, E DAQUI A DOIS SEGUNDOS EU VOU QUERER FAZER UM BRIGADEIRO NELA, MAS EU NÃO POSSO COMER PORQUE VOCÊ ME PROIBIU, E VOCÊ ME DÁ DIARRÉIA EM LATA PORQUE A PORCARIA DO BEBÊ TEM QUE NASCER SAUDÁVEL!

Realmente, ela surtou.

— Calma, tá bem? Larga isso e eu vou fazer uma massagem em você. Pode ser? — Estava sereno enquanto falava com ela, sabia que não era Sophia, e sim, os hormônios.

— EU TÔ CALMA! — Não estava.

— Só larga isso e vamos? Por favor, eu juro que não vou dizer nada, eu vou te fazer relaxar. Confie na minha palavra.

Iria confiar, depois de socar sua cabeça na parede.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Where stories live. Discover now