Me Conforte

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— O que? — Micael estava sem reação, como sempre.

— Ele faleceu ontem, tentamos te ligar mas só dava caixa postal.

— Como assim, Chay? Ele... Ele estava tão bem, por que ele morreu? — Não conseguia entender.

— Ataque cardíaco. — Encarou o chão. — Eu sinto muito!

— Puta merda, Chay. — Andou de um lado para o outro. — Que merda, Chay. Que merda! — Estava triste, muito triste.

Era como ter perdido um irmão.

— O velório vai ser hoje, a família decidiu às sete. — Colocou as mãos no bolso da bermuda.

— Confirme minha presença. — Respondeu em transe.

— Pode deixar. — Assentiu. Deu um abraço no amigo.

Era sem chão estar sem Bottin, foi muito difícil à Micael, que sempre esteve com ele, nas horas boas ou ruins, mesmo com sua loucura, era sempre ele.

Quando Chay foi embora Micael pediu para que alguém tomasse conta de Sophia, precisava ir em casa, precisava ver Annora, precisava de um banho e precisava descansar.

Mas não tinha tempo pra descansar.

Dirigiu até o apartamento, subiu e conversou com Rosa que brincava com Annora, estavam felizes em harmonia. O moreno trocou breves palavras e tomou um banho, comeu algo rápido e separou uma roupa social, preparando-se para o velório.

O horário combinado havia chegado! Micael estacionou na rua onde estava acontecendo o velório, entrou no luxuoso lugar e cumprimentou os parentes de Bottin, foi uma dor no coração.

Por que aquilo estava acontecendo com ele? Tudo muito junto.

Despediu-se de Bottin quando o olhou no caixão de madeira maciça, com seu traje importado e flores brancas ao lado.

— Quero te dar a benção. — Riu sem vida após tocar o nariz do amigo. Foi cruel! — Vá em paz, grande Bottin! — Saiu de perto deixando outras pessoas prosseguirem.

Foi parado por alguém de sua família.

— Micael! — A mulher com setenta anos lhe parou, deu um abraço. — Fico grata por ter vindo.

— Não tinha como não vir, Bottin era mais do que meu amigo. — Respirou fundo.

— Aconteceu tudo muito rápido, as coisas... Foram rápidas demais. — Explicou. — Não teve como reverter.

— A vida é sempre uma surpresa.

— Quero te pedir uma coisa. — Segurou em suas mãos. — Sei que estava com Bottin desde o dia que ele montou aquela empresa, escutou os gritos dele mais do que nós. — Riram leve.

— Como não esquecer dos gritos de Bottin. — Lembrou-se.

— A empresa está sem ninguém para administrar, e ficamos sabendo que ele te demitiu, também não sabemos o por quê. — Pausou. — Só queríamos te perguntar se você não quer voltar para o time, pelo menos...

— Eu aceitaria voltar à trabalhar lá mas... Não posso! — Podia sim. — Estou com alguns problemas e não tenho tempo para voltar lá.

— Não minta pra mim, Micael! — Olhou em seus olhos. — Eu já sou velha, você não consegue dar o truque em mim.

— Não existe truque. — Engoliu seco.

— Você se encaixa super bem naquela empresa, sei que sofreu quando saiu de lá. — Pausou. — Sei também que quer voltar, todos precisam de você. Sabe mais coisas do que Bottin.

— Eu infelizmente não posso! Meus ares mudaram e preciso administrar as coisas. — Sabia que não precisava, só estava mentindo com isso. — Talvez, lá no futuro, possa ser que... Aconteça uma possibilidade de voltar para a equipe.

— Não irei desistir de você, menino! — Colocou a mão no ombro de Micael. — Sei que é um ótimo funcionário e Bottin lhe preparou pra isso. Gostaria de vê-lo comandando tudo.

— Podemos conversar... Em breve! Bem mais em breve. — Sorriu leve.

— Você sabe onde me procurar quando as coisas apertarem. — Abraçou Micael. — E muito obrigada por ter vindo, precisávamos dessa força em conjunto!

— Não precisa agradecer. — Sorriu, em conforto.

Todos estavam precisando no momento.

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