Não Seja Ridícula, Mãe!

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— Bom dia, cambada. — Sorriu aos funcionários. — Qual a novidade de hoje?

— Nenhuma, e seu chefe ainda não chegou pra dar a benção. — Todos riram, um funcionário de Micael alegrou o dia. Recebeu uma careta feia do mesmo. — Parei!

— É bom parar mesmo, ou irei mexer no seu salário. — Brincou com o rapaz, andou até o quadro branco. — Gente! Temos até o final de semana para resolver o nome do produto, iremos ficar com a proposta da Carla, tudo bem? — Todos assentiram. — Se ficar uma bosta, temos experiência pra outra coisa.

— Desculpe o atraso! — Chay entrou na sala, arrumava sua gravata. — Meu despertador não me acordou, eu já disse que odeio a Samsung?

— Não reclame da Samsung, você é galã de receber processos. — Riu do amigo. — Preciso de um relatório, pra já!

— Eu acabei de chegar. — Disse incrédulo.

— Dane-se, seus colegas chegaram mais cedo e você está atrasado! E arruma essa calça que eu tô vendo sua cueca de passarinho daqui. — Todos riram, Chay levantou o zíper. Micael foi até sua mesa, mexendo em seu computador.

As horas passaram e lá estava o horário de almoço, pegou sua chave do carro e partiu para a casa de sua mãe, não queria ir até seu apartamento descongelar comida, queria comer algo diferente. Tocou a campainha três vezes, não tinha mais a chave da antiga casa.

— Até que enfim! — Avistou Lidiane, sua irmã. Tinha a sobrinha no colo, brincou com a mesma.

— Eu estava trocando ela. — Explicou. — Horário de almoço?

— Como sabe? Ah, é claro! Eu estou aqui. — Lidiane riu. — E você, pequetuxa? — Teve a sobrinha nos braços, brincando com a bebê. — O titio estava com saudade.

— Lidiane, quem é? — Antônia apareceu, sempre elegante. Tinha um cigarro entre os dedos, estava nem aí. — Ah, oi filho! — Beijou Micael na bochecha.

— Mãe! Fumando de novo?

— Você sabe que eu fumo, eu quero morrer fumando. — Andaram até a sala de jantar. — Veio almoçar, não veio? — Tragou o cigarro.

— Eu vim, mas você e esse seu cigarro me deixaram...

— Cala a boca. — Deu de ombros. — Hoje é filé, e se reclamar você pode comer em algum restaurante por aí.

— Não vou reclamar. — Sentou-se na última cadeira, de frente à sua mãe. Tinha a sobrinha no colo, ainda. — Então, eu tenho que te contar uma novidade.

— Quem morreu?

— Ninguém. — Disse óbvio. — A senhora vai gostar.

— Diga.

— Eu contratei uma Barriga de Aluguel. — Sorriu. — Fizemos a inseminação ontem.

— Sério, Micael? Que ótimo! — Lidiane sorriu, estava contente. — Viu, Steph? O tio Mica terá um bebê. — Brincou com a filha.

— Você ainda não tirou essa idéia da cabeça, não é? — Antônia revirou os olhos. — Eu não vou falar mais nada, sua irmã está cheia de filhos, você não é pra tanto.

— Mãe, o bebê é uma forma ótima de... Deixar a minha vida mais alegre.

— Sua irmã tem três.

— E eu não tenho nenhum.

— Contratou uma desconhecida pra ser a mãe do seu bebê? Filho, isso é coisa de louco!

— Ela é legal, mãe! Você irá gostar dela.

— Tanto faz. — Deu de ombros. — Ela é branca?

— Algum problema?

— Um bebê branco com olhos... Quais são os olhos dela?

— Azuis.

— Pra isso você tem bom gosto. — Terminou seu cigarro. — Por que não transou logo com ela?

— Mãe! — Lidiane a reprimiu. — Olha o jeito que a senhora fala.

— Eu achava que seu irmão era veado, mas tô vendo que ele é louco.

— A senhora é louca. — Micael estava ficando bravo.

— Eu sou mesmo, e adoro que me chamem assim. — Arrumou os cabelos. — Tá, fiquei feliz pelo seu bebê anônimo mas por favor, só tenha um. Os da Lidiane me dá dor de cabeça.

— Mãe, ela só tem três.

— Sua irmã é uma coelha, até o final do mês teremos mais uns... Dois? — Encarou a filha que ria.

— Eu gosto de crianças, mãe. — Disse doce.

— E eu não gosto de escutar esses pestinhas gritando na minha cabeça. — Micael e Lidiane riram.

O laudo era certo: Ninguém era normal.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Where stories live. Discover now