Tepeado

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Era tarde quando Micael foi até a empresa, cumprimentou todos os funcionários e caminhou até sua antiga sala. Uma caixa de papelão o esperava, com suas coisas.

Foi triste ao guardar sua vida ali, onde conquistou tudo. Andava sempre cabisbaixo depois que recebeu a notícia de ser desempregado, foi uma dor em seu coração.

Ele agradeceu mentalmente quando deixou a empresa, entrou em seu carro e partiu para o seu apartamento.

Sophia estava em uma agência de publicidade, tinha acabado seu photoshoot e queria explicações de seus contratos transferidos para Nova Iorque. Tinha Eli como companhia.

— Ainda tem certeza que quer ficar aqui? — Seguiu Sophia até o camarim.

— Eu moro aqui, eu tenho uma filha e agora sou casada. O que você ainda não entendeu? — Retirou sua maquiagem. — E agora o Micael tá desempregado! — Bateu a mão na mesa de madeira branca.

— O Micael tá desempregado? — Ficou boquiaberta. É lógico que sabia da armação. — Por que ele ficou sem emprego?

— Essa foi a pergunta que eu fiz a manhã toda. — Debochou.

— O que vão fazer agora? Afinal, Annora precisa de você!

— Jura? Eu quero ficar perto da minha família. — Estava ficando brava. — Eu preciso ajudar o Micael.

Eli ficou quieta.

— E enquanto a carreira de modelo? — Teve as mãos na cintura. — Ele pode pensar no caso.

— Micael não quer ser modelo.

— Ele pode ser, converse com ele. — Entrou na mente de Sophia. — Imagine vocês dois estampando a capa da Gucci. — Gesticulou. — Imagine!

— NÃO! — Gritou. Levantou-se na hora. — Eu vou me trocar e buscar Annora, tô cheia de você. — Saiu do camarim, Eli faltou esmurrar o espelho que havia em sua frente.

Sophia entrou em seu banheiro na agência, trocou de roupa e assinou alguns contratos precisos. Mexeu em seu Iphone enquanto pegava um táxi, iria buscar Annora na escola, xingou-se mentalmente por não saber dirigir, Micael ficava em sua cabeça pra fazer auto-escola mas ela mesma dizia que não tinha tempo.

Na verdade, ela tinha tempo. Só não queria.

Discou o número do marido na grande tela.

— Micael? Tudo bem com você? — Foi cautelosa ao perguntar.

— Eu tô bem sim. E você?

— Eu também estou bem! — Sorriu, doce. — Irei buscar Annora hoje, ok?

— Claro! Eu estou no elevador. — Segurava sua caixa. — Vou dar uma arrumada na cozinha e varrer o chão. — A porta se abriu. — Precisamos de uma empregada!

Sophia riu.

— Não precisamos, meu amor. — Cerrou os olhos. — Daqui a pouco eu estarei chegando. Faça um bolo pra mim!

— Folgada! — Escutou Sophia rir novamente.

Micael terminou a ligação, guardou o IPhone no bolso da calça jeans e se assustou quando avistou o homem alto, com óculos aviador e cabelos grisalhos parado em sua porta.

— Pois não? — Largou a caixa no chão.

— Você deve ser o Micael. — Deu as mãos para o moreno. — Meu nome é Gregori, sou assessor da Sophia. — Sorriu.

— Ela não está! Deve chegar daqui à duas horas. — Mentiu. Sophia não demorava tanto assim.

— Eu vim aqui pra conversar com você. — Levantou os ombros. — Podemos ir à um café mais próximo? — Optou.

— Desculpa, Gregori! — Respirou fundo. — Eu preciso lavar a minha louça que está gigante, e fazer um bolo! — Arqueou a sobrancelha. — Me mande um e-mail e podemos conversar. — Abriu a porta mas foi interrompido.

— Micael. — Encarou os olhos castanhos. — Eu estou com três homens de escolta, com calibres 34 dentro de um Porsche. Você não vai querer recusar um café comigo, não é mesmo?

Micael não era de sentir medo, mas sentiu. Engoliu seco e empurrou a caixa pra dentro do apartamento. Acompanhou Gregori até o Porsche preto que não tinha nenhuma escolta, nem armas calibre 34.

Foi tapeado!

— Que bom que aceitou o meu convite. — Dirigiu o veículo importado. — Há quanto tempo mora aqui?

— Alguns anos. — Estava monossilábico.

— Iria te levar ao Starbucks mas isso é coisa de menininha. — Riu, em um estrondo forte.

Estacionou o Porsche na vaga, saíram do veículo e entraram em um café luxuoso, Micael sabia a localização mas queria fingir que ainda estava em casa.

Sentaram em uma mesa.

— Cardápio? — Gregori optou.

— Eu quero que você me diga o que quer. — Cruzou as mãos. — Não viemos aqui à toa.

— Você sabe quem eu sou?

— O assessor da minha mulher, isso eu já entendi. — Ficou bravo. — O que você quer comigo?

— Eu quero que você faça parte da minha agência. Seja um modelo diferenciado. — Explicava com alegria. — No dia do baile de gala você foi a sensação do momento, eu recebi mais de cinquenta telefonemas perguntando quem era você! — Encarou Micael. — Garoto, você é o seu próprio negócio.

— Eu já disse que não sou modelo.

— Sua mulher também não era. — Pausou. — Veja agora: Abra a revista LIFE na categoria verão, irá ver Sophia Abrahão estampando com o biquíni mais caro do momento.

— Minha vida não é pra isso.

— Mas pode ser. Por favor, me escute! — Aproximou-se. — Se você trabalhar comigo, você será grato até o último dia da sua vida. — Tirou do bolso seu IPhone, deixou em cima da mesa.

Micael encarou a tela branca com algumas letras indicando um contrato, encarou novamente o assessor que faltava soltar fogos pelo sorriso.

— Assine aqui e veja o seu mundo acontecer. Você não precisará trabalhar duro, só sorrir pra câmera e ganhar milhões de dólares. — Empurrou o aparelho para Micael.

O moreno teve o IPhone nas mãos, piscou rápido enquanto fazia sua assinatura. Perfeito!

— Quando vamos começar? — Os lábios carnudos silabaram a frase que Gregori queria ouvir, fazia tempo.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Where stories live. Discover now