Momento Certo

3K 207 13
                                    

Veneza — 2º Dia.

Micael estava andando calmo pelas ruas de Veneza, tinha duas sacolas de comida nas mãos, parou em uma floricultura escolhendo rosas vermelhas para Sophia. Não tinha ocasião, só achou que seria um gesto bonito, entregar rosas para sua rosa.

Estava apaixonado! E não podia.

— Sophia? — Entrou no quarto. — Como anda os enjoos?

— Bem, eu vomitei hoje de manhã. — Saiu do banheiro, usava um pijama de seda. Santa Lidiane! Conseguiu fazer a menina desistir da blusa Nike. — Pra quem são?

— Pra você. — Entregou o buquê. — Achei essa viagem uma forma de te agradecer, por tudo.

Sophia ficou tensa mas aceitou as rosas, de bom agrado.

— Trouxe pasta.

— De dente? Eu trouxe também, se soubesse...

— Não esse tipo de pasta. — Riu leve. — Trouxe macarrão, o melhor de Veneza. — Mostrou as sacolas para Sophia.

Ela quase voou em cima de Micael, afinal, vomitar a noite toda tinha suas consequências. Estômago vazio.

— O cheiro tá muito bem. — Revirou as sacolas. — Posso comer?

— É claro. — Achou graça. Viu Sophia pegar um prato descartável e sentar na cama, com todo o cuidado do mundo.

Comeu o macarrão que estava uma delícia, e tinha aprendido pela primeira vez, não sujou seu pijama. Os bons modos de Lidiane estavam excelentes.

— Vou sentar ao seu lado. — Micael tinha outro prato descartável nas mãos. — Curtiu?

— Muito! Eu gosto de macarrão, me lembra muita coisa.

— Eu até gostaria de te perguntar mas... Odiarei a resposta.

— NÃO! Não tem nada a ver com o Karl. — Limpou os lábios. — Eu gostava, só isso, é bem prático e gostoso.

— Concordo com você.

Os dois comeram em silêncio.

— Posso fazer uma pergunta?

— Claro. — Encarou a loira.

— Você nunca fala da sua ex... Ela deve ter sido um peso na sua vida.

— Ela foi sim, um peso ruim. — Respirou fundo. — Mas como disse, éramos um casal de invejar.

— Percebi. Até o seu porteiro falou. — Sorriu. — Mas agora você tá com a Dinah, né... — Engoliu seco, não gostava de tocar no nome da garota.

Então... Por que tocava?

— É, eu tô sim. E posso te contar? — Se encararam. — Foi uma péssima idéia. — Sophia gargalhou. — Por que ri? Você gosta de me ver sofrer? — Agora Micael que ria.

— Micael, me desculpe, ela é muito chata. — Largou o prato, fez gesticulações. — Aquele lance todo de "suco industrializado" e ela aparece toda a hora quando a gente tá sozinho, ou quando eu estou sozinha. — Ele ria.

— Tem razão! Eu tava com a cabeça na merda quando aceitei isso tudo.

— Ás vezes eu acho que você precisava de uma mulher!

— Intuição feminina?

— Você tava muito sozinho, com suas coisas de mauricinho, aí decidiu ter um... Bebê. — Fez graça. — E me achou.

— Pra você ver o destino.

— Daí depois quis ficar com a Dinah, achando que ela seria a mãe desse bebê.

— Eu nunca pensei isso, aliás, eu nunca contei pra Dinah que eu vou ter um bebê.

— Você precisa contar!

— Eu não vou contar.

— Precisa sim.

— Precisa não.

— Precisa.

— Não!

— Sim!

— NÃO.

— Aaaaarg. Ela vai ficar no seu pé. — Fez careta. — Eu sei que você tá muito dividido e tudo mais, só que a Dinah não vai te dar sossego.

— Tem razão. Mas se eu contar, ela vai brigar comigo, e eu não quero que ela brigue comigo.

— Você quer terminar com ela de um modo... Seguro?

— Muito seguro! Eu não quero mais problemas na minha cabeça, às vezes eu culpo Chay também.

— Por que culpa ele? Meu Deus, você culpa todo mundo.

— Chay sempre me disse que queria eu perto de alguma mulher, porque eu precisava de alguma mulher, a verdade é, eu não precisava de ninguém. — Pausou. — Mas aí veio você.

— Eu sou um problema ou uma solução?

— Eu acho que os dois. — Sorriram. — Mas vou esperar o momento certo, já que a gente não tem sossego. — Ela riu.

— Eu vou esperar, prometo que vou!

— Ótimo.

— Ótimo.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Where stories live. Discover now