Uma Mãe Para o Meu Bebê

Onde Está seu Celular?

— Senhor Borges? — Uma médica lhe tocou. Era tão boazinha, tinha os cabelos castanhos e a pele clara.

Cuidou de Micael quando o mesmo passou mal no corredor, o levou para uma sala dando a medicação em sua veia.

— O que... Houve? — Esfregou os olhos.

— Sophia está bem! Você teve um pico de pressão baixa, passou mal e te medicamos. — Explicou.

— Onde ela está?

— No quarto à esquerda. — Puxou uma cadeira na frente de Micael. — Precisamos conversar!

— Pode dizer. — Preparou-se pro que iria vir.

— Entende o que Sophia está passando, não é? — Ele negou. — Eu explico. — Gesticulou. — O corpo dela estava sem nutrientes, pelos exames ela se alimentava bem mal e fazia bastante exercício. O que é errado!

— Ela soube que estava grávida faz dois dias. — Franziu o cenho.

— Eu sei mas... O bebê precisa de nutrientes, ele precisa se alimentar de uma maneira saudável. — Teve toda a paciência do mundo ao explicar. — Alguém me disse que ela é modelo, procede?

— É sim. — Estava ficando bravo com esse assunto. Sabia que Sophia não podia vacilar. — Quando ela vai receber alta?

— Amanhã à tarde! Mudamos o quadro dela pra um pouco mais... Delicado. — Pausou. — Esses desmaios são falta de nutrientes, ela precisa mudar o hábito urgente!

— Obrigado por me avisar. — Abaixou a cabeça. — Vamos tomar cuidado com isso.

— Fique tranquilo! Nós já avisamos ela, se quiser, pode vê-la. — A médica sorriu.

Micael levantou-se do seu lugar e saiu da sala onde estava, foi redirecionado onde Sophia estava vendo a mulher descansar, tinha um oxigênio no nariz e a agulha no outro braço.

— Oi, meu amor. — Chegou mais perto. — Como você está?

— Melhorando! Eu quero ir pra casa. — Reclamou.

— Amanhã de tarde. — Sorriu, pegou em suas mãos. — Te avisaram?

— Eu preciso me alimentar melhor, recebi uma bela bronca por isso. — Revirou os olhos. — Eu me alimento melhor!

— Comer tomate no café da manhã não resolve em nada. — Ironizou. — Você precisa comer comida de verdade, frutas, legumes, carne... Uma proteína!

— Eli disse que não posso exagerar na carne.

— Mande Eli pro inferno. — Estava sem paciência. — Você não vai voltar pra aquela agência, escutou?

— O que?

— Eu não quero mais você trabalhando naquela agência, fui claro? — Estava bravo.

— Não pode fazer isso, é o meu trabalho!

— O seu trabalho está te matando. Você ainda não percebeu?

— Calma aí, é isso que eu entendi? — Riu irônica. — Você pode desfilar com cueca por aí e eu não posso seguir a minha carreira? Eu só tive um problema! Posso muito bem voltar quando sair daqui.

— Eu não quero você lá! — Cerrou os dentes, nervoso.

— Não pode me proibir.

— Você é a minha mulher e precisamos cuidar do nosso bebê. Você não está vendo que por conta do trabalho a gente quase... A gente quase perdeu ele! — Exaltou.

Sophia sentiu os olhos arderem.

— Eu não quero brigar com você, só quero te alertar do pior.

— E o meu trabalho? — As lágrimas caíram. — Como fica o meu trabalho?

— Existem mil agências de moda pra você trabalhar. É Nova Iorque, a cidade que não dorme.

Sophia ficou em silêncio, pousou às mãos em sua barriga intacta.

— É minha culpa, tudo isso é minha culpa. — Secou suas lágrimas. — Eu não deveria correr demais, não deveria ficar sem comer, não deveria fazer dietas malucas pra poder estar em uma página de revista. — Respirou fundo. — Eu sou mais uma inútil querendo fama!

— Não fala assim.

— Eu só quero ir embora, só isso. — Fechou os olhos. — Eu quero a minha casa, a minha filha, quero você.

— Eu estou aqui. — Sorriu à Sophia, lhe confortando.

A porta se abriu revelando uma enfermeira jovem.

— Micael? Tem um amigo seu lá fora, ele quer falar com você. — O avisou.

Micael franziu o cenho, deu um beijo nas mãos de Sophia e saiu. Desceu até o primeiro andar do hospital encontrando Chay, o semblante preocupado.

Alguém tinha avisado que Sophia estava no hospital.

— Finalmente te encontrei! — Passou a mão nos lábios, perplexo.

— Que cara é essa? — Cruzou os braços. — Parece que vai tirar o pai da forca.

— Eu tô tentando te ligar desde ontem, cadê seu celular?

— Deve ter descarregado, até agora não fui em casa. Sophia não recebeu alta ainda. — Suspirou. — Mas me conta, o que aconteceu pra você vir até aqui?

— Bottin morreu, Micael!