Essa Menina é Uma Ameaça

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— Bom dia, Micael Borges. — Sophia tomava café, ainda chovia, o tempo era de frio. — Como está a sua cabeça?

— Qual delas? — Sentou-se.

— A de cima. — Engoliu seco.

— A de cima tá com dor, a de baixo tá latejando. — Pegou o pote de geléia. — Onde está Annora?

— Eu deixei ela dormir, faz muito frio lá fora, não tem condições dela ir na escola. — Explicou.

— Fez bem. — Respirou fundo. — Eu vou trabalhar em casa hoje, Bottin está doente!

— Agora você trabalha em casa? — Queria tentar uma barreira agradável com Micael.

— Quando eu quero, tipo, nesse exato momento. — Comeu um pedaço de pão integral. — Mas e você? Não contou muito da vida de modelo.

— Eu fotografei pra várias revistas, fiz o catálogo da Vogue. — Sorriu. — E posei pra uma revista... Alguns meses atrás.

— Qual revista? — Pareceu interessado.

— Eu posei na Sexy, Micael.

O moreno cuspiu o café longe, Sophia teve uma crise de riso.

— VOCÊ... VOCÊ... PELADA. — Saiu da mesa, em choque.

— Micael, calma! É mentira! — Andou atrás dele. — Por que ficou assim?

— Porque... Porque... Porque... A vida é sua, não é mesmo? — Deu de ombros. — Se você quiser posar toda arreganhada você pode posar. Eu estou nem aí. — Lavou sua xícara.

— Eu vou acordar a Annora. — Saiu do mesmo cômodo que Micael.

Ia ser um dia difícil.

Horas mais tarde.

— Tem certeza que vai conseguir aprender pela internet? — Micael encarou Sophia que tentava algumas coisas.

— O que tá querendo dizer?

— Aprender libras não é igual a aprender uma receita. — Fechou seu MacBook. — Tem que ter dedicação.

— Micael, eu tô tendo dedicação. — Irritou-se. — Só que você também não me ajuda.

— Te ajudar em que, pelo amor de Deus? — Cruzou os braços.

— Você podia me dar um auxílio, dizer o que está certo e o que está errado. — Gesticulou.

— Você tem uma apostila inteira aí.

Os dois ficaram em silêncio.

— Foi com ela que você foi transar ontem?

— Ela quem, Sophia? Deixa de onda. — Desviou o assunto.

— A garota da apostila. Você tá comendo ela. — Disse confiante. — A sua cara não nega.

— Verdade, eu tô comendo ela sim. — Sorriu falso. — Tô comendo tanto que eu cheguei mais cedo ontem, pra dar tempo de comer você.

— Ridículo, ordinário.

— Você queria a verdade? Aqui está. — A campainha tocou. — Eu atendo!

Micael abriu a porta revelando Chay, junto com Laurel, sua filha.

— E aí, caralhooo! — Abraçou o moreno. — Como você tá?

— Eu tô bem e você? Olá, pequena Laurel! — Sorriu à menina.

— Tio Mica, eu fiz xixi na cama hoje. — Vibrou.

— Eu quero matar essa menina. — Micael riu. — Tá com visita, cara?

Chay pausou ao ver Sophia, aconchegou Laurel pra perto de si.

— Olá, Chay! — Acenou. — Essa é a sua menina? Muito linda!

— Diga oi pra Sophia, Laurel! Ela é mãe da Annora. — Explicou para a filha que acenou, ainda com vergonha.

— Deixe ela. — Pausou. — Quer brincar com Annora? Ela está no quarto. — Optou chamando Laurel para ir consigo.

As duas sumiram no quarto de Annora.

— Puta merda, puta merda, puta merda. — Chay tinha as duas mãos na cabeça.

— Mais alguma coisa pra dizer?

— Você quer que eu diga o que? — Riu incrédulo. — Voltou com ela, foi?

— Ela pediu pra ficar, quer me mostrar que agora é uma mulher mudada. — Suspirou. — Eu vou me meter na maior cilada possível.

— Por que você acha isso?

— Eu sou homem, ela é mulher. E ela tá gostosa pra caralho, Chay. — Encarou o chão. — Ela é a mãe da minha filha!

— E você ainda é amarradão nela. — Micael assentiu.

— Eu não sei o que fazer.

— Relaxa e goza. — Bateu nas costas do amigo. — Vamos assistir o jogo? Meets&Dunckers, ao vivo.

— Na chuva? — Sentaram no sofá.

— Todo tempo é bom pra jogar. — Ligaram a TV. Aquilo iria durar.


— Ann, vamos fazer uma troca de Barbies? — Laurel optou deixando sua boneca nas mãos de Annora. — Agora vamos brincar de Motel.

— Que isso, garota? — Sophia achou o cúmulo. — Você sabe o que é motel?

— Eu sei, é o lugar onde as pessoas vão pra trepar. — Sophia ficou boquiaberta.

Tirou os aparelhos de Annora, que estranhou.

— Onde você aprendeu isso?

— Com a minha mãe! Uma vez eu estava no quarto e fui passar pra sala, aí encontrei meu pai e minha mãe se beijando, e eles estavam pelados.

— Que horror! Eu vou ter uma conversa com o seu pai.

— Você beija o tio Mica pelado, tia Soph?

— Já chega! — Sophia teve Annora nos braços, saiu do quarto.

Colocou os aparelhos auditivos novamente.

[Sinais Annora] — Por que tirou meu aparelho, mamãe?

— Aconteceu alguma coisa? — Micael observou as duas.

[Sinais Annora] — A mamãe tirou meu aparelho.

— Por que tirou o aparelho dela, Sophia? — Pegou Annora nos braços.

— Eu preciso conversar com você, Micael. Depois que... Você sabe. — Disfarçou vendo Chay vibrar com o jogo.

Aquilo não iria acabar bem.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Where stories live. Discover now