Michelle por Cima, Sophia por Baixo

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— Sophia, você tá bem? — A maquiadora Perguntou à loira que tinha olheiras enormes. Tinha chorado a noite toda.

— Tô. — Não estava. — Quando vamos começar?

— Na hora que você parar de sonhar. — Retocou o seu batom. — Tem certeza mesmo que está tudo bem? Não quer descansar?

— Tenho. Depois eles retocam as olheiras no Photoshop.

— Eu vou esconder bem. — Avisou.

Sophia não estava bem, passou a noite chorando, Annora finalmente tinha saído do hospital e Micael...

Estava mais preocupado em como falar novamente com Michelle.

— PERFEITO! — Gregori bateu palmas. — Ficou foda! O nosso garoto Calvin Klein.

— Vai devagar, Gregori. — Micael deu um risinho. — Alguém tem um roupão?

— Por mim, você poderia andar de cueca pela empresa toda. — Eli brincou.

Mas sabíamos que estava falando a verdade.

— Obrigado. — Recebeu o roupão felpudo. — As fotos ficaram boas?

— Perfeitas! — O homem não parava de sorrir. — A Calvin Klein vai mandar as fotos pro estande, logo estará em um outdoor bem na Times Square. — Quase deu pulinhos.

— Times Square? — Micael ficou surpreso. — Eu vou ficar de cueca na Times Square?

— Sua foto vai estampar o outdoor eletrônico, e depois você vai pro shopping... Essas coisas. — Explicou rápido. — A marca está em peso, você mandou muito bem!

— É estranho pra mim.

— Você ainda não lidou com a fama. Mas quando acontecer... — Bateu de leve nas costas de Micael. — Tem que estar preparado.

— Eu vou estar! — Sorriu leve.

Eli passou na frente de Gregori.

— Micael, eu marquei uma entrevista pra você na MaskMan. — Assentiu. — Tem que comparecer lá as nove da semana que vem.

— MaskMan? NÃO! — Gregori rebateu. — Ele não vai dar entrevista pra uma revista meia boca. O nome dele é Micael Borges, o garoto propaganda da Calvin Klein.

Micael estava observando tudo ao seu redor, quieto, nunca pensou que centenas de pessoas brigariam por sua presença. Era bizarro e medonho ao mesmo tempo! Ele só queria sair de lá, deitar em uma cama e dormir, fugir dos problemas de casa.

Quais problemas? Os de Sophia Abrahão.

Tomou um banho quando saiu da Calvin Klein, foi até a casa de sua mãe que estava cuidando de Annora, era um perigo mas pelo menos não custaria duzentos dólares a hora.

Abriu a porta com a chave reserva que tinha.

— Olá? — Procurou pela casa toda. — Mãe?

— Ah, olha só quem chegou! — Lidiane apareceu, abraçou o irmão. — Como está? Garoto pauzudo da Calvin Klein. — Zoou de Micael.

— Para com essa merda. — Os dois riram. — Onde está a mamãe?

— Lá em cima, ela e Annora dormiram.

— Annora está bem? — Pareceu preocupado.

— E coloca bem nisso. Só foi um braço torcido, logo estará boa. — Andaram até a cozinha. — Cadê a Soph?

— Trabalhando. — Não queria tocar no assunto.

Os dois se encararam.

— Que cara é essa? — Lidiane franziu o cenho.

— A minha. — Deu de ombros.

— Não. — Negou com a cabeça. — Aí tem. — Esperou o irmão dizer. — Vai me contar ou eu vou ter que te ameaçar?

— Tá. — Bufou. — Eu encontrei a Michelle.

— Que Michelle?

— Que Michelle, Lidiane? — Debochou.

A irmã arregalou os olhos castanhos.

— Onde você encontrou ela?

— No hospital. Ela que cuidou de Annora.

— Puta merda! — Riu sem acreditar. — A mamãe vai soltar fogos quando souber que encontrou ela.

— Acho que não vou contar pra mamãe. — Ficou em silêncio.

— Por que não? É a Michelle! — Vibrou. — Ela... Porra, ela... Fez parte disso tudo.

— No passado.

— Ela ajudou muito a gente!

— Eu sei mas... Eu não posso mais me aproximar dela, você esqueceu da Sophia?

— O que tem a Sophia?

Falando na própria.

— Como entrou aqui? — Micael estava muito surpreso ao vê-la ali.

— A porta estava aberta. — Cruzou os braços. — O assunto aqui era eu.

— Estávamos falando da proposta que o Micael recebeu. — Lidiane deu um tapa nas costas do irmão.

— É. — Ele assentiu, diversas vezes. — Gregori queria que eu fizesse uma entrevista na MaskMan, mas não aceitei. Afinal, tenho que ficar com vocês!

— Se quiser, pode ir. — A loira deu de ombros. — Ninguém está te segurando.

— Vai fazer a linha magoada agora?

— Eu faço a linha que eu quero. Você me magoou bastante.

— Galera, eu vou subir. — Lidiane ia saindo de fininho.

— Não precisa, eu só vim buscar Annora. — Sophia disse firme, queria matar Micael se fosse preciso. — Pode chamar a sua mãe ou eu vou ter que ir pessoalmente?

— Eu chamo. — Lidiane correu antes que a coisa ficasse mais feia ainda.

Os dois se entreolharam. Tristes e bravos.

— Precisava disso tudo?

— Ela é minha filha e eu vim buscá-la!

— Tá adorando dizer isso.

— É claro! Ela nasceu de mim.

— Jura? — Debochou.

— Eu quero te esganar.

— Eu senti a mesma coisa quando você foi embora.

— Vai ficar jogando na minha cara.

— Se for preciso.

— Idiota! — Respirou fundo. — Eu não vou perder o meu tempo com você. Eu ainda não engoli a história dessa Michelle.

— Michelle me ajudou muito, foi uma grande amiga pra mim, e outra... O que você tem a ver com isso?

— O que eu tenho a ver? Eu sou a sua mulher!

— Não, você é a minha namorada! Mãe da minha filha. Não temos nenhum vínculo. — Mostrou o anelar sem aliança.

— Você tá um belo de um babaca.

— Você ainda não viu nem a metade. — Passou a mão nos cabelos. — E quer saber? Cansei de ficar segurando os seus problemas.

— Segurando os meus problemas? — Riu incrédulo. — Na boa, quem é você? O que fez com o meu NAMORADO?

— Pergunta pra Michelle. — Antônia apareceu na cozinha, segurava Annora nos braços.

Sophia fuzilou Micael com o olhar antes de partir pra cima, e antes de apagar completamente no chão da cozinha.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Where stories live. Discover now