Não Reclame dos Meus Tamancos!

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— Eu estava esperando pra contar. — Sophia passou pela porta de Micael, tinha a bolsa rosa neon entre os braços. O tamanco prata junto com um minúsculo shorts.

— Faz tempo que você fez o teste? — Sentaram no sofá.

— Uns dois dias atrás, mas estava sem tempo. — Fez uma careta. — Isso é pra você. — Entregou à Micael o teste em que havia feito. Positivo! Estava grávida.

— Obrigado. Eu ia te pedir. — Guardou no bolso, estava bobo com a novidade.

— É. — Observou o apartamento. — Então, o que eu tenho que fazer agora?

— Continue tomando os hormônios e eu quero presenciar a sua gravidez. Pode me chamar pra qualquer ocasião.

— Sério? Até se eu quiser ir ao shopping? — Micael assentiu. — Ah, saco! Eu não tenho grana pro shopping.

— Eu posso te dar. — Levantou-se rápido, andou até sua carteira tirando uma folha do talão de cheque, estava com sua caligrafia. Duzentos dólares. — Tome, isso é seu! Eu te darei mais durante a gravidez.

— Micael, muito obrigada. Eu, eu... — Tinha o cheque nas mãos. — Eu não posso mostrar isso pro Karl.

— Mas o dinheiro é seu, e não do seu namorado. — Deu de ombros. — Você está bem em relação ao bebê?

— Olha, eu estou bem sim. Eu vomitei pasta de amendoim uns quatro dias atrás, mas não liguei, porque o Karl sempre compra pasta de amendoim vencida, sai mais barato por causa da validade. — Micael arregalou os olhos. — E depois eu tive enjoos, aquela coisa chata de sempre.

— Isso é bom, quer dizer. — Pausou. — Vai passar, são só os primeiros meses.

— Minha tia enjoou da minha prima até os oito meses, e teve azia. — Explicou. — Você pode me dar uma carona? Eu estou sem grana pro táxi, quer dizer, eu não vou gastar duzentos dólares com um táxi até o Brooklyn.

— Eu te levo! — Buscou a chave do carro, saíram os dois.

Sophia sorriu ao sentir o ar condicionado do carro, acomodou-se no banco e passou o cinto pelo corpo. Iria tagarelar até chegar ao Brooklyn.

— Foi estranho fazer xixi nesse termômetro. — Silabou. — Eu não sabia ao certo, só sabia que estava grávida.

— Isso é um teste de gravidez comum. Karl comprou pra você?

— Comprou, depois de tanto insistir. — Assentiu, encarando a janela. — Ele acha que eu tô tendo um caso com você.

— O QUE? Claro que não. — Indignou. — Você só é a minha Barriga de Aluguel, nada mais.

— Explica isso pra ele. — Bufou. — Mas não esquenta, eu me viro com o Karl.

— Tem certeza?

— Tenho. Eu bato nele se for preciso.

— Sophia, eu gostaria que você não fizesse esforço. Por favor. — Disse cauteloso. — É a sua primeira gravidez, foi um processo delicado, e tudo pode acontecer.

— Tá com medo que eu perca?

— Estou sim. É muito comum acontecer com as Barrigas de Aluguel. — Pausou. — Ainda mais com você.

— Por que comigo? — Franziu a sobrancelha.

Micael ficou quieto, não diria para uma louca que ela era uma louca!

— Só não faça esforço. E pare de andar com essas plataformas no pé. Já saímos dessa época. — Segurou o riso, Sophia encarou ele com desprezo.

Tinha achado ruim de seus tamancos! Nem Karl reclamava.

— E eu vou andar com o que?

— Sapatilhas. — Disse simples. — Ou um bom chinelo, sapatos que sejam baixos, de preferência. — Parou o carro. — Está entregue! Qualquer coisa me ligue, estarei disponível.

— Vamos subir. Você precisa conhecer o meu apê. — Estava feliz ao convidar Micael para conhecer o lugar onde habitava, junto com Karl.

— Acho que não vai ser uma boa idéia. — Encarou os lados. — Eu preciso estar no trabalho daqui á... — Encarou o painel do carro. — Trinta minutos.

— Você só vai conhecer. Ou está com medo de descer no Brooklyn? — Debochou, após de rir.

— Não tenho medo do seu bairro.

— Então desce. — Pediu, pela milésima vez.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Onde histórias criam vida. Descubra agora