Uma Mãe Para o Meu Bebê

Micael...

— Borges? O aparelho de Annora ficou pronto. — A médica sorriu, os enfermeiros estavam colocando na orelha da garotinha.

E Micael... Aos prantos. Annora tinha escutado sua voz pela primeira vez!

— Meu Deus. — Secou suas lágrimas. — Oi, filha! Oi. — Sorriu. — Tá escutando a voz do papai? Tá? — Annora tinha os olhos focados no pai.

— O tipo de cuidado dela é essencial, cuidado na hora de lavar, não colocar aparelhos muito altos perto dela... Esse tipo de coisa.

— Certo! — Estava sorrindo. — Mais alguma precaução?

— Só isso. — Pausou. — O senhor vai se mudar?

— Vou sim. Irei pra Los Angeles mas não levarei Annora. Ela irá ficar com a minha mãe.

Muita loucura.

— Tudo bem, então... Já te dei as precauções, vai dar tudo certo. — A médica assentiu. — Com licença! — Saiu da sala.

Micael tinha saído do consultório médico, comprou passagens à Los Angeles e alugou um quarto de hotel, despediu-se de Annora e sua mãe. Não sabia quanto tempo ficaria longe de casa, e teria que pensar sobre se mudar com a menina. Não queria deixar com sua mãe.

Ainda mais Antônia.

Três dias depois.

Los Angeles — 13:40PM.

Micael tinha saído do hotel, almoçou, tinha um encontro na agência da revista LIFE. Não estava nervoso, nem ansioso, pegou um táxi e foi até lá. No meio do caminho deparou-se com as paisagens de Los Angeles, até o letreiro de Hollywood.

— Maravilha. — Sussurrou, sorrindo.

O táxi amarelo parou na porta da agência, Micael pagou o taxista e saiu, observou a enorme porta de vidro, isso lhe lembrou Bottin o esperando para trabalhar.

Um outro mundo!

— Boa tarde, meu nome é Micael Borges. — Disse no balcão. — Eu tenho...

— Só um minuto. — A secretária apertou um botão. — Já estão te esperando lá em cima, 18º andar, sala trezentos e quinze. — Micael assentiu, pegou o elevador.

Esperou que a porta de ferro fosse aberta no 18º andar, procurou a sala e achou, com facilidade. Andou calmo até lá vendo um homem, arrumava seu terno e bebia um uísque.

Por que todos se drogavam pela tarde?

— Com licença? — Bateu na porta de madeira. — Sou Micael Borges, funcionário de Bottin.

— Ora, Micael! Que bom ver você. — O homem cumprimentou Micael. — Como está? Fez boa viagem? — Bebeu seu uísque importado.

— Bem. — Assentiu, ainda sem graça. — Muito lindo o seu espaço, é sensacional. — Olhou ao redor.

— A LIFE é o tipo de revista que todo mundo ama. Tem todas as funções possíveis. Se as meninas querem moda... Irá ter moda. — Sorriu. — Se os meninos quiserem carros importados... Terá uma matéria com carros importados.

— Isso realmente é incrível!

— Sabe o que é mais incrível ainda? — Pausou. — O caso que você vai trabalhar. Bottin disse que eu preciso de alguém inteligente?

Micael riu sem graça. Saíram da sala.

— Não me considero tão inteligente assim. — Estava tímido.

— Eu quero que você cuide da parte pública, eu estou compartilhando uma parte da revista com outro fotógrafo, que também está em uma nova campanha... Eu não sei muito bem. — Gesticulou. Entraram em uma sala com fundo preto, algumas câmeras. — Eu só quero te apresentar o nosso estúdio, onde são fotografados quase tudo. — Explicou.

O flash estava batendo na parede, junto com os equipamentos. A música tocava no ambiente e Micael só conseguiu ver alguns cabelos loiros em movimento, deu de ombros, virou-se para a mesa cheia de comidas e bebidas, ambas frutas.

— Com fome? Fique a vontade meu contratado! — O homem bateu em suas costas.

Micael pegou uma uva, adorava!

— Pronto! Nós terminamos no segundo turno. Phie, fique deslumbrante, mais do que você já é! — O fotógrafo avisou.

O salto ecoou no chão do estúdio, Micael sentiu algo de seda tocar sua pele.

— Eu adoro uva, vejo que você também? — O moreno virou-se para a mulher. Estava mais alta do que o normal pelo salto.

Os cabelos mais loiros do que antes, continha uma franja, bem juvenil. O sorriso... Não podia ser, estava magnífica. Perdeu a cor quando viu Micael, seu coração acelerou, tudo pareceu parar.

— Micael... — Foi a última coisa que Sophia conseguiu dizer antes de perder o sentido.