Justo Ela? Justo a Minha Filha?

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Micael acordou cedo por conta da consulta, tomou um banho, trocou-se e foi verificar Annora que encarava o móbile de berço em forma de nuvens.

— Bom dia, filha! — Pegou a garotinha nos braços. — Que cheirinho bom, o cheiro da minha bebê. — A encheu de beijos pela manhã.

Mas Annora não olhou, apenas deixou que Micael a beijasse e mimasse, era como se fosse nada. Ainda tinha os olhos castanhos no móbile.

— Annora! — Micael chamou. — Annora, olha aqui pro papai. — Não teve atenção, o moreno se preocupou. — Eu vou te trocar pra irmos ao médico, e não adianta chorar. — Levou a pequena até o trocador, escolhendo uma roupa e saindo imediatamente do apartamento.


— Olá, senhor Borges! — A pediatra tinha Annora deitada na maca especial, ainda quietinha. — Ela está com quantos anos?

— Um ano e três meses. — Estava tenso, ali, sozinho.

— Ela chora bastante? — Verificou os braços da pequena.

— Não muito.

— Não tem atenção o suficiente, não é? — Verificou os batimentos cardíacos.

— Ela não presta atenção no que falamos, sempre se vidra em algo aleatório. — Seu coração estava acelerado demais.

A pediatra verificou, mais uma vez.

— Ela não tem sinais de autismo, o que seria mais óbvio pelo o que você está dizendo. — Explicou.

Ela tinha o otoscópio nas mãos agora, examinou Annora mais uma vez.

— Então não é nada grave? — Micael sorriu, aliviado.

Shirley o encarou, chamou Micael para sentar-se na mesa, junto com Annora, em seu colo.

— Annora tem problemas de audição, senhor Borges. — Explicou. — Eu vou pedir pra que fique e possamos fazer mais alguns exames nela, só pra ter certeza de que é. — Pausou.

— Ok, eu aguardo! — Engoliu seco. Não podia ser.

Shirley o deixou na sala, levou Annora consigo enquanto deixava Micael sozinho na sala. O moreno telefonou para a empresa dizendo que chegaria atrasado, estava tenso, as mãos suando frio.

Foi redirecionado até à sala de exames, onde Annora se encontrava com uma enfermeira, ainda quieta. Aparelhos foram colocados no ouvido da menina que estranhou, um pouco.

— Senhor Borges, esse é um exame super calmo e rápido! Annora vai escutar batidas de áudio normais, como nós escutamos no dia a dia. Nada que atrapalhe sua audição.

— Tudo bem. — Mordeu a ponta dos dedos, nervoso.

— O aparelho vai identificar se Annora tem alguma coisa, as linhas que irão aparecer são os sinais de alerta, tudo certo?

— Ok, eu confio em vocês. — Respirou fundo, rezando mentalmente.

O exame havia começado! Dentro do vidro Annora e a enfermeira, fora dele... Shirley é mais alguns médicos, junto de Micael. O aparelho não teve reação, nenhuma batida de áudio conectou-se com a audição de Annora.

Micael se pôs a chorar. Era cruel!

— Borges? — Shirley o encarou, triste. — Eu sinto muito! — Pausou. — Annora tem 98% da audição perdida, e com isso, a fala também. — Ele chorou ainda mais.

— Isso quer dizer que... — Secou suas lágrimas.

— Annora é deficiente auditiva. — Cerrou os olhos.

Estava sem chão! Chorou muito, parecia ter perdido alguém, era como se... Se nada no mundo fizesse sentido.

— A minha filha... Por que a minha filha? — Se perguntava.

— Micael, eu gostaria de acompanhar o caso de Annora, com os aparelhos auditivos e tudo mais. — Shirley prestou o serviço. — Com sua permissão, é claro!

— Mande fazer o melhor e mais caro aparelho que já existiu em Nova Iorque, ou no mundo. — Decretou, secando suas lágrimas. — Estou claro, doutora Shirley?

— Perfeitamente. — Assentiu. Shirley pediu para que Micael a acompanhasse.

Entraram em sua sala novamente.

— Irei atrás de um aparelho perfeito para Annora, o certo é ela ir usando desde pequena, irá facilitar muito quando tiver seus quatros anos em diante.

— Eu quero tudo de melhor para a minha filha. — Fungou. — E quero você trabalhando nisso, confio na sua profissão!

Shirley assentiu, iria cuidar de Annora como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Where stories live. Discover now