30 - A Bruxa e o Vampiro

48 6 24
                                    

Olá pessoal, o capítulo demorou um pouco, mas saiu. Espero que gostem!

************************************

Alucarda encarou o garoto por alguns segundos, ponderando sobre qual a maneira que ela abordaria um assunto tão complexo para alguém que mal entendia como aquela casa era maior por dentro do que por fora. Seria como explicar para uma criança que teve seu primeiro contato com a matemática sobre a teoria quântica.

— Bem jovem, acho que vou começar perguntando te perguntando, o que você acha que a magia é?

As palavras não conseguiram passar pela garganta de Ângelo, ele já tinha muito ouvido falar do tão temido poder usado pelos humanos, mas ninguém nunca soube exatamente descrever o que a magia era ou o que ela fazia, os sacerdotes das igrejas apenas relatavam a destruição que ela causava. Todo o resto contado nas histórias de terror e fantasia eram apenas fruto da criatividade dos autores.

— Eu não faço ideia do que é magia. — Ele responde com toda sua sinceridade.

"Bem, então acho que devo começar te mostrando um exemplo prático"

— O que... Mas o que foi isso?

Ângelo jurou que ouviu a voz de Alucarda falando com ele, mas o garoto tinha a certeza de que a boca dela estava fechada, não havia como ela ter falado nada.

"Não é impressão sua, eu realmente estou falando com você, só que estou falando diretamente na sua cabeça. Bem isso é uma forma de magia".

O garoto estava atônito, nunca achou que algo assim fosse possível. Mas ainda havia mais coisas para se impressionar. Alucarda pegou o bule de chá na mesinha do centro e começou a encher dois copos, mas Ângelo tinha certeza de que não havia nada lá até alguns segundos atrás.

— Vampiros tomam chá?

— Eu não gosto de chá, prefiro vinho. — Apesar de nunca ter bebido nada alcóolico em toda sua vida, ele disse aquilo apenas para testar o que a mulher faria.

A cor do líquido mudou assim como seu aroma, o chá havia se tornado vinho. Alucarda já estava pronta para oferecer quando percebeu.

— Espera, você é menor de idade, não deveria estar bebendo vinho. — Ela o olha como uma mãe pegando o filho fazendo algo que não deveria. — Bela tentativa garoto.

A cor do vinho começou a desaparecer assim como seu cheiro, tornando-se transparente.

— Toma, pelo menos água você tem que beber. — Ela entrega o copo, o garoto analisa o conteúdo testando se realmente era água. — Bom, isso tudo que você viu é magia. O interior esquisito dessa casa, a boneca que tentou te matar, o bule aparecendo do nada aqui na mesa, tudo isso é magia. Em resumo, magia é quando você brinca com a realidade, mexendo alguns princípios aqui e ali para obter o que você deseja. À grosso modo é isso.

Estarrecido e sem palavras, Ângelo tentava entender melhor o que lhe foi falado. Mexer com a realidade? Ele teria achado impossível se não tivesse visto com os próprios olhos, fora que também era a única explicação plausível para a existência sobrenatural dessa casa.

— Claro que quando eu digo trabalhar com os princípios da realidade eu quero dizer que não é a mesma coisa que onipotência. Por exemplo, quando eu falei diretamente no seu pensamento eu utilizei o princípio da mente, para fazer o bule de chá aparecer de repente nesta mesa eu usei o princípio do espaço, já para transformar o chá em vinho e depois em água eu usei o princípio da matéria.

— É... Tem como ser um pouco mais clara?

— Muito bem, suponhamos que a realidade como conhecemos seja mutável, mas para muda-la você precisa conhecer todos os componentes dela. A realidade do mundo de Zenith por exemplo, existe tempo, espaço, energia, matéria, vida e mais um monte de coisa; estes são os componentes da realidade e a magia é a capacidade de alterar estes componentes.

Creature FeatureWhere stories live. Discover now