15 - A Necrópole

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A monstruosidade rosnava no topo da escadaria tentando entrar a qualquer custo, e logo abaixo os dois irmãos tentavam se reerguer.

— Isabel!

O garoto se levantou gemendo, seu braço esquerdo doía bastante e podia ouvir uma crepitação sempre que tentava executar algum movimento mais complexo. Mas que maravilha, seu braço estava quebrado na pior situação possível. Sua irmã reerguia lentamente a cabeça do chão.

— Isabel!

Ele capengou para mais perto e assim que lhe estendeu a mão uma grande luz amarela piscou com intensidade, ele caiu de volta para trás, seus olhos doeram com a intensidade da luz e ficaram cegos por um momento.

— Droga! — Bradou.

Quando seus olhos recobraram a visão ele já não encontrava mais Isabel, ela desapareceu.

— O quê?!

A fera latiu mais alto que o normal, a fera de pelagem negra continuava a forçar a entrada, e aos poucos conseguia que seu corpo transpassasse, parecia que ela estava diminuindo de tamanho e isso não era nada bom.

Ângelo não quis esperar aquela monstruosidade conseguir passar para só então correr, o garoto deixou a fera para trás, adentrando o interior do labirinto. Apesar da regeneração estar cuidando da fratura o seu braço ainda doía bastante ao mover o que atrapalhava uma fuga mais rápida. Depois de virar uns três ou quatro corredores ele ouviu um latido alto rebater nas paredes e provocando um grande eco, a fera finalmente conseguiu entrar na necrópole.

O garoto coloca mais força nas pernas, forçando-as a correr até o limite. O monstro continuava a rosnar em algum lugar daquele labirinto mórbido, se fosse pego Ângelo se uniria àquela exposição macabra de cadáveres mumificados nas covas das paredes, estes acompanhavam sua fuga ansiando para que ele se juntasse à exposição fúnebre.

Os sons bestiais ganhavam mais intensidade conforme a criatura diminuía a distância entre os dois, continuar simplesmente correndo para frente só adiaria o encontro inevitável. E como se não fosse o suficiente a sua roupa se prende a um aro de ferro perto das tumulares.

— Porcaria, agora não!

Ele tentou puxar seu casaco quando olhou para a cavidade na parede, a múmia esquelética repousava de pé em seu nicho estreito, seu corpo trajava uma roupa decrépita, mas grande o suficiente para cobrir alguém. Ele teve uma ideia.

— Me desculpe, seja lá quem você for...

Ele agarrou o cadáver e o deslocou um pouco, apenas o suficiente para conseguir adentrar na cova da parede, o ladrar estava mais alto, a criatura já estava no corredor anterior. Ele apressou o que estava fazendo, assim que seu corpo encaixou na cavidade o garoto se colocou atrás da múmia, ficando quase que completamente ocultado, agora restava torcer para que a camuflagem funcionasse.

O rosnado estava próximo e embora não conseguisse ver o garoto tinha certeza de que seu perseguidor já estava no início do corredor. Já era possível ouvir a baforada pesada emitida pela respiração da criatura, aproximando-se devagar como um predador cauteloso. Ângelo moveu a cabeça um pouco para o lado, o suficiente para enxergar de soslaio aquela criatura enorme na sua frente. Ele já tinha visto todo o tipo de coisa em sua vida, porém nada era tão horrível quanto o que seus olhos captaram naquele momento.

À primeira vista parecia um grande cão de cinco ou seis metros, seu corpo assemelhava-se ao de um cachorro de rua mal cuidado e fedorento, em algumas regiões faltavam pelos e era notável a presença de várias chagas e erupções de sarna na pele. As costelas de seu lado esquerdo eram visíveis pelo frágil couro que cobria a região.

Creature FeatureWhere stories live. Discover now