36 - Os Dois Odiados

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 Olá pessoal, só pra não deixar vocês com dúvida, a música que vocês vão ler abaixo é a mesma que está aqui em cima, a diferença é apenas a troca dos termos masculinos pelos femininos (mon amie = minha amiga/ Filles = Garotas).

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"Toi, mon amour, mon amie..."

Aquela canção estranha cantada por uma suave voz masculina era a única coisa guiando a garota naquele labirinto escuro e vazio, passando por corredores e várias salas com armas penduradas nas paredes, a arena parecia um lugar bem assustador quando se está sozinha e no escuro.

"Quand je chante c'est pour toi..."

A estranha melodia estava mais próxima e a garota não demorou a descobrir o salão de onde ela vinha, era o maior de toda a arena. Ainda que um pouco receosa em dar o passo que a levaria de encontro ao cantor misterioso, ela entrou.

"Je n'ao pas connu d'autres filles comme toi..."

"Si j'em ai connu, je ne m'en souviens pas..."

Apesar de não saber o significado de nenhuma daquelas palavras, a garota teria achado a canção maravilhosa se não fosse pelos corpos no chão. Sangue, vísceras, expressões de pânico e horror memorizadas nos rostos caídos no chão, o salão inteiro era palco daquela festa de cadáveres. E no meio daquela chacina estava ele, de costas para a garota, recitando calmamente a canção como se os corpos ao redor fossem apenas flores rubras.

"A quoi bom chercher, faire des comparaisons"

"J'ai un coeur qui sait"

"Quand il a raison"

"Et puisqu'il a pris ton nom"

O cantor lentamente vira a cabeça, ele já percebeu a presença dela no salão, e quando seu rosto se revelou por completo a garota sentiu cada nervo de seu corpo congelar.

— Me daria a honra de uma dança, minha bela dama? — Ele diz cordialmente, estendendo sua mão para ela.

— Ângelo, o que você fez?! — Lykania pergunta em puro horror. — Você matou essas pessoas?

— Isso? — Ele olha ao redor. — Isso é apenas um altar adequado para a deusa dos lobos, quer dizer, você não oferece um altar com frutas e vegetais para uma loba, não é? O correto é oferecer-lhe carne fresca.

A garota sentiu nojo ao ponto de quase vomitar, todo aquele sangue derramado, toda aquela carne espalhada pelo cômodo inteiro, o mais repulsivo era saber que esse açougue foi feito para ela.

— Você é doente! — Ela replica. — Que porra de homenagem é essa? Eu deveria ficar feliz sabendo que você matou toda essa gente?

— Não, você não precisa comemorar. — Ele responde acrescentando uma leve risada ao final. — Seria até estranho se você comemorasse porquê...

Ele a encara profundamente, seus olhos vermelhos escondiam um detalhe traiçoeiro.

— ...Porque esse é o seu funeral!

Lykania engoliu seco, seu corpo inteiro pareceu imergir em um medo profundo e inescapável. Ela viu uma névoa rasteira surgir e abraçar todos os corpos no salão, ela notou algo se movendo abaixo dessa névoa, os mortos estavam se reerguendo.

— Comemoremos amigos! Celebramos hoje nesse festim sangrento o início da expiação!

Os mortos se ergueram, uma visão horrível. Apesar de todas as feridas abertas, de todo o sangue vazando para fora de seus corpos, todos estavam de pé, voltados para ela.

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