17 - Pais e Filhos

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Os primeiros raios do sol da manhã surgiam do horizonte, banhando Risteria com um pouco de esperança que o dia seja melhor do que a madrugada turbulenta de horas atrás. Coisas estranhas aconteceram desde que a névoa englobou todo o território da cidade, pessoas desapareceram misteriosamente e algo aconteceu no Asilo St. Germain, alguns presos parecem ter escapado durante um tumulto no meio da noite e agora estavam a solta, a delegacia da guarda municipal não estava preparada para a movimentação daquela manhã.

No interior escuro do prédio, guardas e jaegers andavam de um lado ao outro apenas para receber uma nova ordem dos superiores sobre o que fazer em seguida, praticamente todos as salas tinha alguém escrevendo relatório em uma máquina de datilografia ou atendendo alguma denúncia.

Lykania esperava sentada em uma dessas salas depois que a exaustiva entrevista com o inspetor finalmente terminou, para seu azar ela só seria liberada na presença de um familiar, até lá ela teria que ficar de braços cruzados de frente para o homem que a atendeu junto com o garoto que veio com ela.

— Colega, você não está entendendo, a filha do duque desapareceu nas catacumbas! — O homem reclamava em voz alta no telefone — Não faço ideia do que diabos você deve dizer para o comissário, só o convença a nos permitir entrar na necrópole o quanto antes! O duque vai estar aqui quando a noite cair e ele não vai estar nada contente se nós não tivermos nem começado a procurar pela garota!

Lykania assistia o temperamento do homem cair próximo ao desespero, mas era de se esperar uma atitude assim depois que foi confirmado que aquele garoto não estava mentindo sobre ser filho da família Vukodlak, algo que no início tanto o homem quanto ela própria desacreditaram. Lykania até agora estava surpresa que aquele garoto fraco e estranho que tocava piano na casa abandonada era irmão de Isabel e Wagner.

Mas o que importava agora é que a filha caçula da família foi sequestrada enquanto o do meio quase foi assassinado por um criminoso procurado, é certo que o duque e a duquesa virão à delegacia ao anoitecer, Lykania não desejaria estar na pele dos guardas e dos jaegers nesse momento.

A situação para o inspetor estava tão estressante que este mal prestou atenção na história do monstro morcego na morada da fera e da múmia que acordou na necrópole, soou como uma mentira fantasiosa e sem importância comparada ao problema maior.

— ... É melhor que consiga logo! — O homem irritado finalmente desliga o telefone, suspirando com as mãos pressionadas nas têmporas, e então ele nota a garota olhando para ele com uma expressão impaciente. — O que você ainda está fazendo aqui?

— Esperando você dizer o que vai fazer quanto à múmia e ao homem morcego que eu te falei antes. — Ela respondeu, direta e ríspida.

O homem respira fundo, sorvendo uma grande quantidade de ar antes de responder.

— Olha, eu não sei o que você acha que viu naquela necrópole, mas certamente não era uma múmia.

— Mas o garoto viu também, ele é testemunha!

— Não, ele não disse nada sobre uma múmia saindo da tumba.

Essa era a parte chata da situação, o garoto estava tão preocupado em falar sobre o desaparecimento da irmã e sobre o tal criminoso que o ocorrido naquela câmara sequer passou pela cabeça dele enquanto dava seu depoimento. Agora a única testemunha que Lykania tinha era ela própria.

— Olha, nós vamos fazer algo contra o homem morcego que você mencionou antes, provavelmente ele era apenas algum Kin raro de se ver por aí. Mas mesmo que o que você tenha visto lá naquela necrópole tenha sido real nós só podemos descer lá com a permissão do comissário, é por esse motivo que eu estava no telefone agora a pouco.

Creature FeatureWhere stories live. Discover now