5 - Fêmea Fatal

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Mais uma noite chegava para Zenith, Deimos aumentou seu brilho vermelho sobre o céu ao passo que a outra lua perdia seu luar azul, sendo aos poucos engolida pelas vorazes nuvens escuras que rastejavam naquele etéreo oceano negro.

Era o meio da madrugada e Lykania perambulava pela floresta extremamente preocupada, a professora de artes havia imposto um projeto musical para os alunos de todas as turmas do segundo ano, o problema é que ela não sabia nada de música.

A garota caminhava desesperada entre o matagal pensando em como contornaria a situação, seus amigos da cidade entendiam tão pouco quanto ela, e suas poucas amizades dentro da academia também estavam no mesmo barco. Ela sabia que seria difícil se adaptar à melhor escola do país, mas isso já era demais.

De tanto perambular entre as árvores a garota chegou em um ambiente estranho, árvores mortas cercavam sua visão, todas sem folhas e completamente sem vida. O solo revestido por uma camada de folhas secas que estalavam a cada pisada de suas botas e um vento álgido assobiava cantando junto com aquela música. Sim, havia uma música no ar, era som de piano.

E então ela se viu diante de uma casa velha, era de lá que vinha aquela melodia melancólica. Três lápides decoravam a entrada e uma luz amarelada era vista em uma das janelas, olhando melhor também era possível ver uma sombra do que parecia ser um pianista tocando seu instrumento. Apesar de fazer apenas uma semana desde que pisou no colégio ela já tinha ouvido falar na "casa amaldiçoada".

Apesar da má fama do lugar ela estava curiosa demais para simplesmente dar meia volta, se aquilo fosse um fantasma tocando talvez ele a ensinasse música.

A garota entrou e a casa a recebeu prendendo teias de aranha em seus cabelos, aquele alojamento tinha tantas delas que parecia mais uma comunidade de aracnídeos. A garota retirou os fios com um pouco de nojo e seguiu caminho. Estava se preparando para cruzar a sala onde o pianista estava. Mesmo com o receio de se arrepender depois, ela entrou na sala.

A maior parte das peças da sala estavam cobertas por várias camadas de seda, tecidas pelos aracnídeos da casa. No centro da sala havia uma mesa com uma lamparina acesa, a luz amarelada reproduzia a sombra do pianista.

E falando nele, que decepção, não era um fantasma como ela pensou. Era um garoto comum, usava a jaqueta negra com adornos vermelhos do turno da noite, tinha cabelos brancos à altura do pescoço, só a pele que era pálida demais. Seus dedos dedilhavam com fervor as teclas do instrumento, seja lá quem ele fosse, estava tão concentrado em tocar que não a percebeu se aproximar.

— O que você tá fazendo aqui?

O garoto teve um sobressalto assustado, o que acabou assustando a garota também. Virou-se bruscamente como se tivesse fitando alguém que invadiu sua casa.

Agora se encarando melhor os dois se reconheceram.

— Ei, você é aquele cara do primeiro dia!

Ângelo encarava surpreso a invasora que por acaso era a garota que encontrou no almoço da semana passada. Alta e de corpo atlético, longos cabelos castanhos e a pele de tonalidade parda. Em seu braço direito havia um braçadeira vermelha com um grande número "4" estampado, indicando sua nova posição no conselho.

— O que você tá fazendo aqui?! — Indagou nervoso.

— Foi o que eu acabei de te perguntar. — Ela respondeu.

O garoto estava muito nervoso e sem saber como sair daquela situação, só sabia que alguém invadiu seu refúgio e queria aquela garota fora dele. Tentando manter a respiração controlada ele voltou-se para o piano tentando não demonstrar medo, isso seria demonstrar fraqueza. A má fama daquela garota se espalhou rápido pelo colégio, ela não era da nobreza e nem da burguesia, era filha de trabalhadores comuns, entrou na academia como bolsista.

Creature FeatureHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin