52 - Aqueles Que Restaram (Fim do arco)

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Ângelo pousou a mão sobre a de sua irmã esperando a mínima reação por parte dela, mas nada aconteceu. Isabel permanecia deitada em seu leito, presa em um sono sem fim. Ela parecia tão frágil vista desse jeito, Ângelo nunca a viu tão vulnerável como agora. Suas feições pálidas, inertes por causa da letargia, exibiam uma delicadeza macabra, como a de uma boneca que se quebraria com um simples toque.

Ângelo quase se sentia contente ao lembrar do que fez com os três responsáveis pela situação de sua irmã, quase, aqueles três mereciam o inferno e a morte horrível que tiveram, mas não lhe agradava a ideia de ser algum tipo de carrasco sobrenatural que leva as pessoas para o inferno, pelo contrário, o assustava muito.

Mas ele não estava aqui para pensar sobre si mesmo, ele teria muito tempo para isso quando chegasse em casa, sua irmã era o motivo de ter vindo até este hospital. Velkan e Nadesha estavam do lado de fora da sala, aparentemente conversando com um dos médicos sobre a condição de Isabel, Ângelo conseguia pegar partes da conversa.

— Como vai o estado dela doutor?

— Dentro do esperado, isto é, ela está reagindo bem à suplementação que estamos lhe dando. A maioria dos danos foi causada no cérebro, isso seria morte certa para qualquer um e ela só sobreviveu porque é uma vampira. Infelizmente a medicina atual ainda não chegou ao nível de curar nervos danificados, e a menos que haja alguma valquíria ou druida dispostos a curá-la o máximo que podemos fazer é fortalecê-la e torcer para que os próprios poderes dela regenerem o dano causado.

Se o doutor falou mais alguma coisa Ângelo não prestou atenção, aquele era o melhor e o mais caro hospital da cidade, e mesmo os melhores médicos com os melhores curandeiros estavam deixando a recuperação de Isabel por conta dela própria. Ângelo também ouviu uma exaltação de ânimos por parte de seus pais que agora discutiam com o médico, apesar de parecem estar com raiva, encontravam se mais assustados do que furiosos.

Este não era um hospital qualquer, era o melhor da cidade, diferente dos outros que contavam apenas com curandeiros medianos e com medicamentos que nada mais eram do que uma mistura de ervas medicinais, este hospital contava com muito mais do que meia dúzia de dríades carregando potes com cataplasma.

Mas parece que o melhor ainda não é o suficiente.

Com tudo isso acontecendo Ângelo começou a se perguntar, por que ela? Isabel sempre foi todo o oposto dele, ela era forte, virtuosa e carismática, alguém que não merecia o inferno que passou nas mãos de Rosemary e que não merecia estar catatônica nesta cama de hospital. Quanto mais tentava encontrar uma razão para isso, mais confuso Ângelo ficava.

Isso era por causa dele? A punição por feito um pacto com um espírito maligno e por ter aprendido magia com uma humana deveria cair sobre sua alma e não em Isabel, agora que ele parou para pensar sobre isso, foi por sua culpa que ela foi sequestrada.

Ela só saiu naquela noite de sábado para animá-lo, e os dois só foram parar naquela catacumba porque Franklin'Stein queria matá-lo. Mesmo que todas estas coisas não tenham ocorrido pela vontade de Ângelo, não havia como negar que se ele não estivesse lá Isabel ainda estaria bem.

— Que ódio... — Ângelo escancarou os dentes como um cachorro louco.

Talvez Hexen estivesse certo quando disse que os sentimentos ruins são os mais fortes, pois a tristeza e ódio que ele agora sentia contra aqueles três e também contra si mesmo estava além do mensurável.

— Me desculpe irmã, queria ter sido bom para você da mesma forma que você é para mim, eu não sei o que fazer agora.

Ele sussurrou as palavras ao vento, mas Isabel não estava o escutando.

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