100 - In Nomine Dei Nostri

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O sol da manhã brilhava irradiante sobre a cidade, sua luz dava vida às gramíneas e árvores, reluzia nas águas do rio que rodeava Risteria, banhando os habitantes da cidade com seu calor acolhedor. As noites eram frias em Risteria, por isso cada raio quente de sol era bem-vindo para aqueles que vivem durante o dia.

O raiar do sol também significava que era hora de cumprir seus afazeres, isso valia não só para os trabalhadores, como também para os estudantes da academia. Eles saíam do dormitório em direção ao castelo, alguns sonolentos por não terem dormido o suficiente. Destes, a maioria estava assim por terem feito coisas de adultos na noite anterior.

Apesar dos dormitórios dos garotos e garotas serem separados isso não impedia que um bando de jovens com os hormônios à flor da pele se encontrassem para fazer sabe-se lá o quê quando se trancam em seus quartos. Mas um desses jovens teve o sono perturbado por outro motivo.

Diego não conseguiu dormir direito na noite anterior por causa de sua recém-adquirida fobia ao escuro, tudo começou naquele dia quando ele viu uma coisa estranha na confeitaria, e o que começou com uma simples aversão cresceu para algo que superou até o seu medo de mulheres. Desde então tem sido assim, noite após noite, ele trancava o armário e olhava várias vezes debaixo da cama para garantir que não havia nada lá, mas a sensação de ser observado nunca ia embora.

Essas noites mal dormidas resultaram em um baixo rendimento quando as aulas começaram, sonolento, ele repousou a cabeça na bancada em que estava.

— Você tá bem cara? — Perguntou Akira.

— Não tenho dormido bem. — Ele reponde com a cara enfiada entre os braços. — Acho que estou com mais medo do escuro do que de mulheres e aranhas agora.

— Você tá realmente ficando medroso ein? Cada dia você adquire uma fobia nova.

Sim, Diego sabia que era um medroso e se amaldiçoava por isso, só ele sabia o quanto se odiava por ser desse jeito.

— Ei caras, não quero alarmar vocês, mas parece Anatoly e seus amigos estão olhando pra gente. — Alertou André.

Os outros dois olharam para cima e viram o garoto loiro e sua corja rindo para eles de maneira debochada, Anatoly fez um gesto cortando o pescoço com o polegar, péssimo sinal.

— Que ótimo, era o que faltava. — Murmurou Akira.

Anatoly era o principal valentão que implicava com os três, ele e seu grupo se juntavam para extorquir, bater e se divertir às custas do trio. E o pior de tudo, Anatoly era o décimo membro do conselho estudantil, ele que deveria manter a ordem no colégio estava, na verdade, gerando o total oposto.

Akira e seus amigos não eram as únicas vítimas do grupo de valentões, outros pobres coitados também sofriam nas mãos deles, e eles sempre se safavam por Anatoly ser um membro do conselho, ele sempre conseguia uma desculpa para escapar impune.

Quando as aulas da manhã acabaram Akira, Diego e André correram para fora da sala para fugir da surra de Anatoly, mesmo que isso custasse ficar sem almoço. Mas o valentão era insistente, ele continuou os perseguindo por toda escola.

Até o momento em que os três finalmente foram encurralados em um armazenamento cheio de tralhas e quase que completamente escuro, cuja única iluminação da sala provinha de uma janela aberta na parede, eles até tentaram escalar e escapar por ela, mas não deu tempo. Anatoly já estava encostado na parede da entrada, assobiando para eles enquanto seu grupo de bullies ficava logo atrás.

— Sinceramente, pra um bando de nerds vocês são bem burros. — Debochou o valentão. — Acho que eu deveria agradecer por vocês terem vindo de bom grado a esse lugar remoto, onde ninguém vai nos ouvir brincar!

Creature FeatureWhere stories live. Discover now