46 - Inferno

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Olá pessoas, lembram que eu disse essa aqui seria o semi-clímax do arco? Pois é, eu avaliei e percebi que seria melhor que o arco acabasse depois dessa parte da mansão, isso não vai mudar muita coisa na história, mas quis avisar mesmo assim. De qualquer maneira esse é outro daqueles capítulos de terror (até o título é bem sugestivo), então já sabem, se for sensível tome cuidado ao ler!

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O teatro estava vazio, como sempre esteve, as aranhas fizeram um bom trabalho em tecer várias camadas de teias pelos assentos acolchoados, capturando além de insetos a poeira grossa acumulada do local.

No palco, um pianista solitário tocava seu instrumento sem se importar com a ausência de público, o garoto dedilhava as teclas com precisão, colocando o máximo de esforço em fazer a melodia sair como o planejado. Mas de repente, o som de uma das teclas pareceu falhar, quebrando toda a harmonia melódica como um prédio de dominós sendo derrubado. Ele tentou pressionar novamente, mas o som se recusou a sair, e ele também se recusou a seguir em frente.

Ângelo insistiu em ficar pressionando a mesma tecla várias e várias vezes esperando o som sair, mas nada mudou.

"Por que eu continuo fazendo isso"?

Após muito insistir ele finalmente parou, encarou o teatro vazio e depois olhou para as cortinas fechadas.

"O que eu estava fazendo mesmo"?

Ah é mesmo, o rosário se partiu e Haxan assumiu o controle, ter dupla personalidade é um pouco estranho, às vezes é impossível saber quem está no controle e quem está apenas assistindo. Agora mesmo Haxan estava perturbando os três criminosos que tentaram matá-lo, contanto que ele não tocasse em sua irmã Ângelo não precisaria se envolver, mas Haxan não faria isso, ele até mesmo permitiu que Isabel escapasse enquanto os outros três continuavam descendo a escadaria até o inferno.

Essa é a grande questão sobre a dupla personalidade, não são duas pessoas diferentes vivendo no mesmo corpo, mas sim uma pessoa com várias percepções, como o Ying e Yang. Isabel ainda era irmã amada de Haxan, ele querendo ou não.

E é por serem a mesma pessoa que Ângelo podia ouvir as vozes do outro lado das cortinas. Aquelas vozes tão estranhas, mas tão familiares ao mesmo tempo, de quem será que eram?

Ele se levantou e foi na direção das vozes, atravessando o véu proibido que separava o Ying e Yang. Do outro lado o sol da manhã abençoava os campos de um grande castelo, grande mesmo, bem maior que aquele da Academia. Estranhamente o sol não estava queimando a pele do garoto como deveria fazer.

— Ei Abel.

Ângelo se virou para ver um garoto correndo até ele. O jovem rapaz ruivo trajava uma capa por cima da jaqueta, em seu braço direito estava estampado o brasão de um dragão.

— Onde foi que tu se meteu?

— Eu estava... Não importa, o que você quer Vlaew?

— A gente tá decidindo qual tarefa vamos fazer para o exame de final de período, só que ficamos presos num impasse entre caçar uma mega besta ou exorcizar uma casa assombrada.

— É tão difícil assim escolher? De qual mega besta estamos falando?

— A abelha rainha da floresta profunda.

Ângelo nem precisou pensar, respondeu de imediato.

— Eu escolho a casa assombrada.

— O quê? Tá de brincadeira! — Pigarreou Vlaew. — Você sabe que eu tenho desse tipo de lugar, Abel você é um demônio!

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