84 - Adeus, Yggdrasil

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Nuvens escuras cobriam o céu noturno, o vento ameaçador uivava ao passar pelas casas e ruas. Os kin e os vampiros estavam alertas, em posições estratégicas, aguardando a chegada da besta.

Abel estava no topo de uma das casas, sua foice preparada para derramar sangue de demônio, seus olhos eram ágeis como os de um falcão, totalmente focados no horizonte, apenas esperando.

Anastácia estava no litoral, os barcos de evacuação iriam zarpar com os refugiados em direção ao novo continente caso a batalha daquela noite fosse perdida. A mulher trouxe seus dois filhos para um dos barcos, se algo de ruim acontecesse durante a invasão ela queria ter certeza de que os dois ficariam bem. Outros vampiros faziam o mesmo com seus filhos, então eles não eram os únicos dampiros a migrarem para o novo continente.

— Escutem vocês dois. — Ela chama a atenção. — Seu pai e eu temos que ficar para lutar, e se algo acontecer...

A mulher respira fundo, reprimia suas próprias palavras para não deixar evidente que queria chorar.

Os dois já estavam no final da adolescência, já eram maduros o suficiente para perceber o quão grave era a situação, e teimosos demais para aceitar isso.

— Eu quero lutar também! — Disse Zariel.

— Não, você não pode! — Ela gritou. — Zariel, eu não posso permitir que nada aconteça com vocês dois, eu nunca me perdoaria se isso acontecesse!

— Mas você e o papai lutavam desde quando eram jovens, por que nós não podemos também? — Indagou Jezebel. — Nós nos importamos tanto quanto vocês!

— Vocês não vão!! — Ela gritou ainda mais alto. — Entendam que eu não posso deixar nada de ruim acontecer com vocês!

Os dois calaram-se, Anastácia torcia para que eles tenham entendido o porquê dela fazer isso.

— Apenas me prometam que vocês vão ficar bem.

As nuvens negras agora cobriam todo o céu, nem a lua e nem uma única estrela podia ser vista além daquela densa escuridão. Abel procurava por qualquer sinal do inimigo, mas os horizontes estavam vazios, por enquanto.

Passou-se uma hora e parecia que a quietude do lugar não seria profanada, mas enganaram-se aqueles que acharam que essa noite seria apenas um alarme falso. Começou como um som baixo, quase inaudível, que foi aumentando de volume até se tornar nítido o suficiente para ser reconhecido.

Era o bater de asas, várias delas, misturados com sons bestiais de centenas de criaturas esfomeadas, e estavam chegando perto. O sino da igreja local começou a soar, era o sinal de alerta para se prepararem.

Abel conseguia ver a aproximação do exército inimigo no horizonte, eles vinham tanto pela terra quanto pelo ar, demônios que escaparam do inferno, avançando como uma nuvem de gafanhotos que destrói tudo pela frente.

— Os demônios estão vindo! — Gritou um dos soldados kin.

Os vampiros se prepararam para a batalha, os amigos de Abel e o próprio Abel estavam inclusos. Chegou a hora do acerto de contas e eles estavam prontos para atacar.

O exército inimigo avançava em fúria, até que finalmente, os dois exércitos se tocaram. O que veio a seguir foi uma batalha brutal, centenas de bestas horrendas, nascidas no próprio inferno, atacando com furor.

Os kin e os vampiros trabalhavam em conjunto para exterminar as criaturas, sangue negro pintava o solo da cidade. Mas Abel não fez nenhum movimento ainda, seu inimigo não havia chegado.

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