31 - Uma Vez na Lua Vermelha

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Um vento sinistro uivou por todos os cantos do salão quando o grande portão foi aberto, o ar era tão frio que assustou até mesmo o fogo da lareira. Mas além do vento outras duas coisas entraram no salão, um homem e uma mulher trajando uniformes militares de cor negra, havia alguns adornos dourados que contrastavam com a cor principal e dragonas em cada ombro.

Mas o que realmente dava destaque era o grande brasão estampado nas costas. Uma criatura alada semelhante a um morcego monstruoso estava com as asas totalmente abertas.

O casal entrou e a mulher já foi logo desatando os botões de seu uniforme, jogando-o em algum sofá mesmo que houvesse um cabideiro não muito distante de onde estava.

— Chegaram cedo. — Mencionou um homem de meia idade que se aproximava dos dois.

— Nós passamos mais da metade da noite em uma congregação, se isso é chegar cedo eu não quero chegar tarde. — Diz a mulher, sentindo-se aliviada por finalmente poder espalhar seus longos cabelos cacheados ao ar. — Mas o que podemos fazer, este é o fardo de um nobre.

A mulher olhou para o lado e viu seu marido ainda de uniforme, ele estava encarando as chamas da lareira com um olhar distante, desfazendo a expressão séria que foi obrigado a manter a noite inteira até agora. Apesar de ele ser seu marido por quase um século Velkan ainda parecia misterioso para ela.

Às vezes Nadesha simplesmente o encontrava parado em algum canto do castelo, seus olhos sempre pareciam olhar para algo muito longe de onde estava, parecendo procurar algo que lhe foi tomado. Era impossível para ela saber com exatidão no que ele pensava nestes breves momentos de catatonia, sempre que perguntava ele lhe fornecia uma resposta vaga ou apenas mudava de assunto.

— O jovem mestre Ângelo ligou hoje mais cedo, eu disse para ele que vocês estavam ocupados com o trabalho.

Estas palavras bastaram para tirar Velkan de seu torpor, fisgando não apenas a atenção dele como também a de Nadesha.

— O que ele queria? — Pergunta a mulher.

— Ele pediu por notícias de mademoiselle Isabel, eu respondi como foi pedido caso ele ou Wagner perguntassem.

— Ele perguntou algo sobre as catacumbas? — Velkan quebrou seu silêncio, falando pela primeira vez desde sua entrada no castelo.

— Não Milorde, ele não perguntou.

Velkan retomou a expressão séria de antes, Ângelo viu muita coisa na noite em que se perdeu nas catacumbas, viu coisas demais. Estava um pouco mais aliviado ao saber ele não perguntou nada, pelo menos desta vez. Velkan já estava com problemas demais em suas costas e era aliviante saber que não precisaria aturar seu filho fazendo perguntas que levariam qualquer outra pessoa a ter problemas com a igreja do crepúsculo.

— Bom, pelo menos isso, nem ele e nem Wagner estão aptos para saber de uma coisa como aquela. — Ele diz enquanto sobe as escadarias para o andar de cima.

Apesar de ter percebido que seu marido não estava passando por um bom momento, Nadesha permaneceu no andar de baixo, ainda tinha algumas palavras a trocar com o mordomo.

— Ângelo realmente apenas perguntou sobre Isabel?

— Ele também queria falar com vocês dois. — Responde o homem. — Sinto que ele queria ter perguntado diretamente a vocês, mas como não estavam aqui ele simplesmente desistiu.

— E foi só isso mesmo?

— Sim senhora.

Nadesha arqueou as sobrancelhas antes de finalmente dispensar Zéfiro de volta para seu trabalho, no fundo a mulher sentia que havia algo mais que Ângelo queria falar. Mas por enquanto ela apenas decidiu tomar um banho.

Creature FeatureWhere stories live. Discover now