53 - Inner Sanctum

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E o capítulo atrasou de novo, que bosta :(

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Os corvos voavam em círculos ao redor da lua crescente de Phobos, crocitando antes de pousarem em cima das lápides daquele cemitério, buscando famintos por alguma parte mal enterrada dos defuntos. Entre os vários túmulos plantados na terra atormentada pelas centenas de almas esquecidas que lá foram sepultadas, um mausoléu grandioso estava de portas abertas para quem quisesse entrar, ou sair.

A boca do mausoléu era muito escura e as paredes grossas ficavam muito perto umas das outras, a consequência disso era uma profusão de ecos que podiam ser provocados pelo ruído mais infinitesimal. O eco mais fácil de reconhecer eram as batidas rítmicas que por um momento pareciam palmas, mas o intervalo entre cada uma e o crescente aumento no volume do som assemelhavam-se mais a passos subindo uma escadaria.

Uma mulher subiu para fora das catacumbas, mas mal teve tempo de respirar o ar fresco pois teve um susto ao sair. Um garoto estava parado na frente do mausoléu e olhando para ela, o susto só não se transformou em um sentimento de medo mais profundo porque ela foi capaz de reconhecê-lo?

— Ângelo?

— Oi Alucarda, estava te procurando.

— Como me achou aqui?

— É sobre isso que eu vim, acho que temos muita conversa para colocar em dia.

O garoto notou o livro negro que Alucarda carregava, assim como uma grande folha de papel velho e amarelado, enrolada embaixo do braço.

— Sim, temos muito o que conversar. — Ela diz, olhando de relance para a escuridão do mausoléu antes de finalmente sair.

Alucarda caminhou para fora do cemitério e o garoto a seguiu, ele estava quieto e ficou totalmente indecifrável até os dois chegarem à rua 13. Agora dentro da estranha casa da bruxa, ambos finalmente estavam seguros para falarem sobre o que precisassem falar.

Estavam naquela mesma sala onde tiveram sua primeira reunião, uma sala de estar com cadeiras acolchoadas, uma mesa de centro e aquele manequim assustador parado no canto oposto à lareira. Alucarda largou o livro e a folha de papel em cima da mesa de centro, eram tantas coisas para colocar em dia que nenhum dos dois sabia por onde começar.

— O nome dele é Abel. — Babulciou o garoto. — Abel de Yarnham Malebranche.

— De quem está falando?

— Do meu alter ego.

Alucarda ergueu as sobrancelhas, seus olhos aluarados esboçaram uma curiosidade felina. A mulher tomou seu lugar no sofá cruzando uma perna sobre a outra, esperou que Ângelo fosse se sentar na poltrona oposta, mas ele preferiu permanecer de pé.

— De vez em quando eu sonho com este teatro, às vezes eu estou na plateia, às vezes no palco, o que importa é que eu sou a única pessoa lá dentro, não tem nada além de mim. Eu tive este sonho de novo em algum momento quando o Rosário quebrou, foi a primeira vez que entrei para ver o que tinha atrás das cortinas.

Ele para sua narração para tomar um gole de ar, é uma pena que não tenha nada para beber neste lugar além de chá. Céus, ele provavelmente vai virar um alcoólatra se viver o suficiente para se tornar um adulto.

— Havia um castelo enorme com torres que subiam até tocarem o sol do meio dia, e ele era bem movimentado, não havia um único cômodo ou corredor que não estivesse ocupado por ao menos um grupo de pessoas, indo para as aulas ou algum estudo maluco.

— Era uma escola?

— Era, mas não igual à academia, tinha gente de todas as idades lá e no meio dessas pessoas tinha... Éramos cinco, cinco jovens estudantes. — Ângelo faz uma pausa breve. — É estranho, eu nunca tive estas memórias e agora... Agora eu até sinto saudades de gente que eu nunca conheci.

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