94 - A Vida é Curta Demais Para Dançar Com o Diabo

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A praça da cidade estava bem quieta esta noite, era bizarro, não havia nenhuma alma viva naquele lugar além do jovem Velkan.

O garoto estava sentado em um dos bancos, cabisbaixo, ouvindo o vento soprar pela praça vazia, movimentando os galhos das árvores e as gramíneas que cresciam ao redor. O que era estranho, considerando o horário atual deveria haver uma movimentação no lugar, mesmo que mínima. Mas para Velkan, esta solidão era bem-vinda, não estava com a cabeça para lidar com gente, ele não estava com a cabeça para nada ultimamente.

Já faz um mês desde que Erich desapareceu, um mês foi o suficiente para mudar a vida de todos os que estavam ao redor dele. Velkan e Regina foram os mais afetados com o ocorrido, quando Erich deu as mãos ao diabo ele deixou para trás as sequelas de um luto mal curado.

Velkan ficou assim desde então, seu comportamento mudou, ele ficou mais quieto e com um olhar estranho, se distanciou de sua família e amigos, se fechando em seu próprio mundo de mágoa e luto.

O vento frio soprou seus cabelos brancos, arrepiando sua pele, que noite fria era aquela. Os ventos continuavam a soprar por todos os lados, isso já estava começando a incomodá-lo. Foi quando ele notou algo passar pelo canto de seu olho, mas ao virar o rosto ele não viu ninguém.

Um outro arrepio rastejou em sua pele, mas este não era de frio, e sim de medo. Ele não se sentia mais sozinho, algo estava o observando.

O garoto se levantou do banco e começou a caminhar a passos largos e rápidos, constantemente olhando para trás e para os lados temendo encontrar algo que não deveria estar lá.

Quando já estava bem afastado da praça ele notou novamente um vulto lhe seguindo, desta vez a figura estranha estava por cima dos prédios. Agora que tinha a certeza de que não era uma mera impressão, Velkan começou a correr, e a figura continuou a segui-lo. Por puro instinto ele correu para a direção oposta de onde seu perseguidor estava se locomovendo.

Isso acabou levando-o para o início de um beco escuro, mas logo percebeu que foi uma má ideia, o beco não tinha saída. Imediatamente ele tentou voltar atrás, mas seu corpo acabou batendo em alguma coisa.

Em sua frente estava uma mulher alva, alta e de longos cabelos loiros, seu corpo era coberto por um longo vestido vermelho cor de sangue.

— Está perdido garoto?

A mulher mantinha um olhar fixo nele, seus olhos eram amarelos como os de um ghoul ou de um nachzeherer, ela era uma vampira também? Mas era estranho, Velkan podia sentir que havia algo mais sobre ela, algo que a tornava mais perigosa do que uma vampira comum.

Ela deu um passo para frente, instintivamente Velkan recuou um passo. Ele não era de assustar facilmente, mas agora ele estava com medo, aquela mulher, ela era perigosa.

— Fique longe de mim!

Mas ela continuou a se aproximar, ao que ele correspondeu recuando ainda mais. Cada passo dado só aumentava ainda mais o medo que perfurava seu coração, até que em algum momento ela o agarrou.

— Me solta!

A vampira o manteve preso antes de cravar com força seus dentes no pescoço dela, doeu a ferroada e ele gritou de dor. Seu sangue começou a sorver para a boca da vampira, e isso continuou até ela se sentir satisfeita.

Foi quando ela simplesmente largou o garoto no chão, Velkan levou sua mão a seu pescoço, ainda estava doendo e o sangue escorria por seus dedos. Ele olha para a mulher que se refestelava com o sangue em sua boca.

— Sangue de strigoi, finalmente. — Ela diz.

Velkan notou uma mudança, os olhos dela mudaram de amarelo para vermelho, como se ela agora fosse um strigoi.

Creature FeatureWhere stories live. Discover now