55 - Um Pesadelo Sedutor

41 5 11
                                    


Diego estava deitado de bruços na cama de seu quarto, embora o anoitecer tivesse acabado de chegar o garoto esforçava-se para dormir logo. Mas pregar os olhos estava se mostrando uma tarefa bem difícil nos últimos dias, para ser mais exato, desde aquele final de semana onde ele teve aquela visão estranha na confeitaria.

Mesmo após duas semanas aquilo ainda o incomodava, ele teria acreditado ser apenas um sonho febril se André e Akira não tivessem atestado a marca estranha que a criatura de olhos vermelhos desenhou em sua testa, marca esta que felizmente desapareceu com o tempo.

Não houve pesadelos e ele sequer viu aquela coisa novamente, o que só reforçaria a ideia de que tudo não passou de um pesadelo. Mas havia essa sensação estranha, como se houvesse algo o observando sempre que passava por algum lugar onde a luz não toca. Era um tipo de mal estar inquietante, uma paranoia que perturbava suas noites de sono.

E é por isso que ele estava tentando dormir tão cedo, precisava compensar as noites mal dormidas ou ficaria com sono no meio da aula. As cortinas das janelas estavam bem abertas para facilitar a entrada do luar, diminuindo assim os cantos onde aquele olhar estranho poderia se esconder e dando a sensação de que havia um lugar a mais para onde correr caso as coisas dessem errado, mesmo que seu quarto estivesse no terceiro e pular pela janela quebraria boa parte dos seus ossos.

Falando em janela, Diego ouviu o som irritante de algo arranhando o vidro, a cacofonia o fez por um instante esquecer o medo do escuro e olhar para a janela. Ele não se assustou ao ver a garota literalmente invadindo o quarto.

— Hey Diego, saudades?

— Ah não... Nem vem!

Ele até tentou impedir que ela entrasse, mas já era tarde demais e a garota já estava dentro do quarto.

Ao entrar ela espreguiçou não só os braços, mas suas quase acertaram os óculos que Diego havia acabado de colocar no rosto.

— Se vai continuar invadindo o meu quarto ao menos seja mais cuidadosa!

— Relaxa, não é como se eu tivesse quebrado alguma coisa.

Ela não tenta se desculpar por invadir o espaço alheio e Diego não esperava que ela fosse fazê-lo.

— O que você quer, Evelyn?

— Vim ver como o meu sátiro preferido está, ué?

Ela vira o rosto para encará-lo e ele instintivamente desvia o olhar, Evelyn achava isso fofo e ao mesmo tempo engraçado.

— Atualmente tentando dormir.

— Dormir? A essa hora?

— Eu não tenho dormido muito esses dias e como se não bastasse você vem aqui me perturbar. — Ele responde tentando parecer sério.

E pensar que isso só estava acontecendo porque ele resolveu ficar mais um tempo conversando com seus amigos naquela casa na floresta, mas não é como se ele esperasse que três garotas fossem aparecer lá de repente justo quando ele ainda estava tendo problemas com seus feromônios de sátiro.

— Por que aquela cadeira tá prendendo o armário?

— Aquilo não é nada.

Daria muito trabalho pra responder que era para evitar que alguma coisa saísse de lá enquanto estivesse dormindo, mesmo que se houvesse mesmo um monstro no escuro uma simples cadeira trancando a maçaneta não seria o suficiente para detê-lo. Quando percebeu o quão idiota isso era ele pensou: "Que maravilha, eu pareço uma criança que ainda dorme de luz acesa".

Creature FeatureOnde histórias criam vida. Descubra agora