Cap. 10

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Capítulo 10 - Traços de uma boa consciência permanecem em meio a vingança e sofrimento

Os choros tristes da jovem continuaram intermitentemente. A multidão ficou por um momento antes de dispersarem.

Um caixão pequeno custa em torno de dois liangs* de prata. Incluindo outras despesas, no final seriam necessários quatro liangs para que aquele velho homem descansasse em paz. A maioria das pessoas que vieram à feira eram fazendeiros. Eles não precisavam de uma moça em suas casas e também não podiam gastar muita prata.(ETN: 两 (liang) = 50 gramas.)

Os choros desamparados da jovem mulher chegavam até o final da rua. Embora algumas pessoas tivessem parado seus passos, a maioria dos pedestres passavam por ela com pressa.

Apesar que ainda existisse alguma frieza no ar durante o terceiro mês, a pessoa no carrinho já havia começado a emitir um cheiro ruim. Em meio da rua movimentada a jovem poderia apenas se ajoelhar impotentemente. Mesmo seu choro foi abafado pelos gritos da feira.

Qi Yan parou onde ela estava, ocasionalmente sendo empurrada pelos pedestres que passavam. A dor em seu coração era difícil de acalmar. Ela passou um olhar pela jovem, então se virou para sair.

De volta à pequena residência, Qi Yan alisou um pedaço de papel, triturou um pouco de tinta e em seguida pegou alguma parte de um texto de sua mente para escrever. Cada traço de seu pincel carregava brutalidade; apenas ocorreu de voltar aos seus traços normais, suaves e arredondados, quando ela já havia preenchido três folhas de papel.

Qi Yan abaixou seu pincel, ela expirou o ar sujo de seus pulmões. Olhando para as páginas que pareciam ter sido escritas por duas pessoas diferentes, ela se sentiu um pouco frustrada: ela perdeu o controle apenas por ver seu inimigo. Isso não era aceitável.

Ela suspirou novamente, pegou suas escritas e as jogou na lareira da residência principal. Ela voltou ao seu quarto, se deitando na cama.

O clima na província Yun mudava sem aviso durante o terceiro mês. Era agradável e ensolarado de dia, mas uma tempestade de repente cairia durante a tarde. Seguido por um brilho de um relâmpago através do céu, Qi Yan repentinamente se sentou e cobriu suas orelhas.

Boom!

Foi como se o trovão estrondoso estivesse rasgando o céu ao meio. Qi Yan se enrolou no canto da cama com um rosto mortalmente pálido. Dentro da casa limpa, um súbito cheiro pungente de rebanhos apareceu do nada. Qi Yan se arrastou de maneira agonizante para o lado da cama, começando a vomitar.

O príncipe das planícies gramíneas, Qiyan Agula, não temia os trovões. Os elementos do céu eram bênçãos divinas. Entretanto, Qi Yan 'do reino Wei' temia os trovões até os ossos.

Nos cinco anos de estudo de Qi Yan, sempre que uma tempestade chegasse a pessoa mascarada viria até seu quarto para interrogá-la incessantemente em meio aos trovões: O que você viu quando retornou às planícies gramíneas? A máscara preta que ela usava brilharia em meio aos flashes de luz. A voz ríspida era como uma faca afiada que apunhalava o peito de Qi Yan de novo e de novo.

Quem sabia quantas tempestades haviam caído durante estes cinco anos. O tempo tempestuoso havia se tornado um pesadelo vivido para Qi Yan. Chegando ao ponto onde ela alucinava apenas por ouvir o som de trovões em um momento que seu humor não estivesse estável.

"Onde está a tenda do rei?" A cena de cinco anos atrás apareceu diante dos olhos de Qi Yan. Incontáveis rebanhos trotando sobre uma espessa camada de esterco. Embora o odor do rebanho estivesse espesso no ar, ela não conseguia encontrar a tenda familiar. Ela não conseguia encontrar sua casa.

Jing Wei Qing Shang - [Pt-Br]Where stories live. Discover now