𝟒𝟔. 𝑷𝒍𝒂𝒏𝒐𝒔 𝒏𝒐 𝒕𝒓𝒂𝒗𝒆𝒔𝒔𝒆𝒊𝒓𝒐, 𝒑𝒂𝒓𝒕𝒆 𝟐.

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                                  Samir

— Pensei em dar a notícia para a minha família no dia do casamento do Miguel, para aproveitar o clima nupcial. — ela falou, irônica, saindo do banheiro, enrolada na toalha e o cabelo preso num coque; mordi o lábio, ao sentir o cheiro do sabonete nela.
— Acho que seria interessante. Talvez isso deixe o Daniel comovido. — concordei, fechando a camisa, em frente ao espelho.
— Não quero que isso se estenda muito, Samir. Será que conseguimos em 3 meses, no máximo?
— Creio que sim. — respondi, e ela parou do meu lado — Não quero ficar longe de você nem mais um minuto. — falei, puxando-a para mim.
— Ainda vamos arder um pelo outro, depois que não precisarmos nos esconder mais? — perguntou, ao ajeitar a minha gola.
— Vamos, sim. O meu amor por você é infinito, até o último suspiro. — garanti e ela sorriu, me dando um beijo.
— Até o último suspiro. — repetiu, com os olhos brilhando, depois voltou a se vestir.
— A verdade é que... — comecei, sentando na beirada do colchão, aonde ela amarrava os tênis — acho que dizer que estou juntando o dote para casar com alguém não vai ser suficiente. Talvez eu tenha que arrumar uma fachada, até conseguirmos resolver tudo.
— Uma namorada? — perguntou, me encarando.
— Exatamente. A Zaina está desconfiada de nós dois, desde o dia que me levou bolo e nos viu juntos. Ontem, me questionou sobre a minha recusa em conhecer melhor a Layla, se não era porque sentia algo por você. — avisei, e ela esfregou o rosto, preocupada — Eu neguei, claro, mas minha irmã é esperta.
— Acha que a Layla é a melhor opção?
— Só tenho essa. Olha, eu vou conversar em particular com os meus pais para saber se eles tem algum acordo com os pais dela. Se tiverem, eu digo o que você me sugeriu. Do contrário, falo que estou disposto a conhecer melhor a Layla, mas apenas conhecer. No máximo, um namoro. Me livrar de um casamento não vai ser fácil. Fazemos contratos, paga-se dote... — expliquei, esfregando o rosto — É mais complicado.
— Vai ser bom para desviar o foco. Está disposto a ir até onde para conquistá-la? — perguntou, com um fio de deboche.
— Até onde for necessário.
— Que bom. Amo isso em você. — afirmou, me dando um beijo — Vou tentar conseguir convites extras para a sua família e essa Layla irem no casamento do Miguel. Então, vou apresentar o meu noivo, com uma alegria que poderia iluminar o céu. — falou, irônica, e eu ri.
— Vai dar certo.
— Vou propor um casamento em 1 mês. Com certeza, ele tem pressa em consumar. Combinados, então, com relação às nossas fachadas? — perguntou, estendendo a mão direita.
— Combinados. — concordei, apertando-a, puxando-a para mais um beijo — Vamos nos encontrar por acaso, amanhã, na praia de sempre? Vou levar a Leonora e a Bia, para disfarçar.
— Vou levar alguém, também.

  Pouco depois, nos despedimos, e infelizmente, não pude levá-la na Leonora; era mais prudente. Só acompanhei-a até a portaria, observando o seu andar calmo e a expressão tranquila, ao colocar os óculos escuros e deixar o vento bagunçar os seus cabelos, que até pouco tempo antes estavam desgrenhados e enrolados nos meus dedos. Coloquei os meus óculos, entrei no carro e dirigi até a estação das barcas. Cheguei a Niterói e fui até Icaraí, numa joalheria conceituada, onde estacionei e entrei, ainda sem saber o que procurava.
  A atendente me recebeu, educada, e mostrou várias joias, principalmente anéis. Eu queria dar algo à Sâmia, porém, um anel pareceria suspeito, até porque nunca a via usando. Pensei em brincos, mas também só vi pequenas pérolas nas suas orelhas. Talvez não fosse muito prático para ela usar essas coisas.
  Nós fazemos joias sob medida, se desejar, ela falou, então tive a ideia de dar-lhe um colar, algo discreto, que só nós dois entendêssemos o significado. Me veio na cabeça aquela manhã no estábulo, aonde escovava o seu belo cavalo para a estranha partida de Polo, e os minutos de prazer no chão daquele mesmo lugar, dias depois.
  Pedi um lápis, desenhando rapidamente o colar no recibo, e entreguei para a mulher, com as devidas especificações. Levaria um dia para ficar pronto, então paguei e parti, a caminho de casa, aonde um provável interrogatório me aguardava.
  Passei pela porta da cozinha, me sentindo leve e muito bem, dando de cara com eles tomando um lanche, e mais Shoreek estava no centro da mesa, na bela travessa da minha mãe. Um bolo com morangos também repousava ao lado. Para variar, todos me encararam, na maioria irritados.

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