𝟔𝟖. "𝑩𝒆𝒎-𝒗𝒊𝒏𝒅𝒂 𝒅𝒆 𝒗𝒐𝒍𝒕𝒂, 𝒔𝒆𝒏𝒉𝒐𝒓𝒂 𝑴𝒂𝒈𝒂𝒍𝒉𝒂̃𝒆𝒔."

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                                  Sâmia

— Ah, minha querida, eu sinto muito pelo Daniel ter viajado e te deixado aqui. — Madi falou, ao segurar a minha mão, enquanto tomávamos um café, na sala de estar da minha nova casa, por volta das 11 da manhã.
— Tudo bem, eu entendo. — falei, forçando um ar triste, enquanto comemorava por dentro.
— Como vão passar um tempo juntos dessa forma? Acabaram de se casar!

  Nós dormimos na casa dos meus pais, por causa do horário em que a festa do nosso casamento acabou. Subimos para o meu quarto, aonde arranquei o meu vestido leve, e sorri com o cheiro do Samir na pele.
   Entrei no banho e fechei os olhos, com a sensação boa da água morna, que logo se foi ao sentir o Daniel me abraçar por trás, correndo as mãos pelos meus braços molhados. Aquilo fez o meu estômago revirar, porém respirei fundo, e virei para ele, deixando que me beijasse e tentei fingir gostar daquilo.
   O incentivei a agir, puxando-o para mim, sussurrando que o queria ali mesmo. Daniel não resistiu, claro, e virei, apoiando as mãos no azulejo aquecido, enquanto ele assumia o controle, descendo as mãos delicadamente pelas minhas costas até tocar as minhas nádegas, abrindo-as com cuidado. O meu estômago embrulhou instantaneamente, ao senti-lo movendo-se dentro de mim, devagar, finalmente consumando o matrimônio.
  Fingi sentir um pouco de desconforto, e acho que o outro acreditou, já que tentou não ir rápido demais. Acaba logo com isso, refleti, concentrando o foco no barulho do chuveiro aberto. Fiquei grata pelo perfume do sabonete ser forte, pois pude tirar o cheiro dele com facilidade.
   Odiava fingir que não sabia fazer algo que eu tinha tanta prática, porém  precisava, até porque o meu marido achava que tinha sido o primeiro. Ele realmente tinha gostado de estar comigo, já que me deitou na cama, ainda molhada, me beijando com toda a vontade. Não devia ter acendido as luzes, pensei, e o deixei me conduzir, virando-me de bruços, sentindo-o deitar sobre mim.
   Fechei os olhos, para não ter que vê-lo tomar posse do meu corpo de novo e travar por completo. Apoiei o rosto no travesseiro e respirei fundo, agoniada, com o seu toque carinhoso e tão cheio de cuidado. Tentei ficar relaxada, em vão, pois o rosto do meu amado não deixava a minha cabeça.
   Eu te amo, falou várias vezes, e segurei o impulso de fugir do meu marido. Quando finalmente terminamos, ele estava exausto e ofegante, acariciando o meu cabelo, dizendo o quanto eu era maravilhosa. Ainda bem que pegou no sono rápido, e vesti um maiô, saindo apressada do quarto, em direção à piscina.
  A chuva já caía fazia um tempo, e observei as gotas se abrindo contra a claraboia, na escuridão, com os relâmpagos lançando suas luzes nelas. Estrelas caindo, recordei. Pensei naqueles minutos que passei com o Samir ali mesmo, sentindo o calor da sua mão me aquecer, espantando todas as minhas dúvidas, deixando ainda mais forte o meu amor por ele. Olhei para o alto, e o vazio em mim aumentou, me sentindo extremamente sozinha.
  Você tinha de estar aqui, sussurrei, com um nó na garganta e as lágrimas correndo pela minha face. Queria tirar a sensação de sujeira de mim de todo jeito, mas sabia que água nenhuma no mundo seria capaz daquilo. Sentei no deque, atordoada e enojada, por me deitar com o Daniel. Eu preciso de você, Samir, preciso demais, murmurei, fechando os olhos e me abraçando, desamparada.
   Fiz um esforço tremendo para retornar ao quarto. Voltei ao banho e esfreguei-me com toda a força que tinha, tentando colocar a raiva para fora de algum jeito. Saí e parei em frente à cama, aonde o meu maridinho repousava nu, com a expressão satisfeita. Vai se arrepender disso, Daniel, jurei, em silêncio, e deitei no lado oposto, mantendo o máximo de distância possível.
  Partimos bem cedo para o hotel; desfrutamos de um café requintado, com uma bela vista para o mar azul, seguido de um banho de mar e é claro, alguns minutos tediosos à sós.
  Então veio a ligação que salvou o meu dia! Um gerente da filial de São Paulo ligou desesperado sobre um problema em um contrato, mas Daniel o mandou se virar, pois estava em lua de mel e não poderia ir lá resolver.

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