𝟒𝟖. 𝑬𝒎 𝒄𝒂𝒔𝒂.

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                                 Samir

— Você está tão feliz, maninho! Estou impressionada. — Zaina falou, ao trazer a cesta de piquenique para a mala do carro.
— Porque eu não estaria?
— Deve ser porque estava abatido por dimais ontem, arrastando correntes. Resolveu se aproximar da Layla?
— Ela é uma ótima pessoa.
— Não está fazendo isso por insistência dos nossos pais, não, né?
— Não, eles juraram que não tem nada acertado com os pais dela. Só achei que valia a pena me aproximar.
— Pensa bem no que vai fazer com essa moça.
Uai, Zaina, falando assim me faz parecer um encrenqueiro. Acha que vou fazer o que com ela?
— Me diz, você, . Aliás, onde passou o dia todo, ontem? Estava na casa de quem?
Uai, curiosa! — soltei, rindo.
— Você saiu de casa a ponto de explodir, depois voltou leve como uma nuvem, com um brilho nos olhos, como se nada tivesse acontecido. Sem contar o cheiro de perfume de mulher na sua camisa. — mencionou, cutucando o meu ombro, e eu disfarcei o incômodo — Era bem pouco, mas dava para sentir o vestígio picante. Qual o nome da que te ajudou a esfriar a cabeça? — insistiu, e eu ri — Para, Samir! Você sempre me contou tudo.
— Olha, maninha, fica tranquila. Estou bem, isso que importa.
— Foi essa mulher que te arranhou?
— Zaina, para de perguntar, por favor. — pedi, acariciando o seu rosto, enquanto me encarava, incisiva.
— Só não quero saber do senhor com duas ao mesmo tempo, ouviu?
— O meu coração só pertence a uma mulher, maninha.
— Que mulher?
— É forma de falar, Zaina. — menti.
— E onde fez essa tatuagem horrível? Ah, Samir, não tinha nada mais bonitinho para você colocar na sua pele, não, ?
— Eu fiz na Itália, e gosto de asas. Qual o problema?
— Sinto muito, mas é assustadora. Não vou falar nada com os nossos pais, mas a tia Jamile vai.
— Aquela velha fofoqueira! — reclamei.
— Não vai mesmo me dizer quem te ajudou a esfriar a cabeça?
— Zaina, não fica me fazendo perguntas. — falei, bem humorado, apertando as suas bochechas.
— Tudo bem, então. Vou lá buscar as outras coisas. Com licença. — falou, irônica, e eu continuei rindo comigo.

  Segundos depois, Sâmia se aproximou, colocando a caixa de isopor na mala do meu carro, com uma expressão debochada.

— O que houve?
— Ela não é mais virgem. — sussurrou, ao se aproximar de mim, antes que as minhas companhias aparecessem.
— Jura? — perguntei, surpreso — Mas a minha tia fez uma propaganda terrível sobre a pureza dela! Como soube disso?
— Tenho os meus métodos. Pareço confiável. — afirmou, com um sorriso cínico, e eu ri — Pensei que poderia ser uma informação ser útil. Porque ela resistiria ao sobrinho sensual da sua amiga mais velha?
— Agora eu sou o sobrinho sensual? — indaguei, correndo os dedos no seu braço, e graças ao capô levantado, ninguém viu.
— É sim, e ela não tem nada mais para proteger, fora que está babando por você. Acha que consegue?
— Consigo, sim, uai. Agora que vai se mudar para cá, vou vê-la com mais frequência. Vou cegá-la com algo mais... físico. — falei, olhando fundo nos olhos dela, que mordeu o lábio, me enchendo de desejo. — Vai deixar eu ver por baixo desse biquíni? — perguntei, observando o fato dos quadris dela ficarem mais arredondados com a peça ousada presa apenas por um laço convidativo, em cada lado.
— Se controla, Samir. — aconselhou, com suavidade — Sabe que eu te amo, não sabe?
— Sei, sim. Eu também te amo.
— Opa, ela está vindo! Mas eu achei uma delícia esse pãozinho que a Layla fez. — soltou, num tom mais alto, mudando de assunto, já que a mencionada se aproximou.
— Eu também amei. Oi, Layla! — falei, sorrindo — Pronta para ir? — perguntei, abaixando o capô, e ela fez que sim com a cabeça.
— Qual era o nome desse pãozinho que você fez?
Shoreek. Você gostou?
— Eu amei! — falou, creio que sincera.
— Verdade, estava uma delícia mesmo. É a minha sobremesa favorita. — afirmei, e mais uma vez, Layla sorriu.

  Nos despedimos de Sâmia e dos demais, e pouco tempo depois, estávamos em casa. Na hora do jantar, eles comiam, entretidos com ela, que não parava de falar em como Niterói era linda e as pessoas eram cordiais.
Coloquei na boca um pedaço do Mahchi, uma berinjela recheada com carne moída e arroz, que estava uma delícia, com uma expressão tranquila, porém queimando no interior, mesmo com o tempo muito fresco, graças aquele biquíni vermelho como sangue no corpo da Sâmia.
  Minha amante descobriu uma brecha na reputação da Layla. Não sei como ela conseguiu, mas com certeza, eu perguntaria, num momento à sós, no silêncio do meu quarto, sem uma peça de roupa, que com certeza me ajudaria a entender melhor a sua explicação. Sorri com esse fato, e a moça à minha frente achou era por causa do que ela dizia.
   Era estranho, para mim, pensar que tinha uma amante, apesar de nunca ter sido a favor disso. Sâmia era a única com eu consegui ser extremamente transparente, sem ser condenado. Poderia dizer que queria ver o mundo inteiro sangrar que ela não me abandonaria. Éramos jovens, com toda uma vida pela frente.
   Daniel era um empresário de sucesso, com uma fortuna incalculável, mas não podia compreender quão imensas eram a inteligência e a crueldade dela. Somente eu era capaz. Éramos mais parecidos do que o normal, e isso me assustava.
  Não conseguia ver medo em seus olhos delicados. Meu coração disparou com a memória do que houve no estábulo, aonde de entregou para mim sem pensar duas vezes. Precisava dela, mais do que tudo. Quem mais me entenderia?
  Amar uma pessoa boa era fácil, mas e quando era má? Aquilo não fazia diferença para mim; Sâmia era o que precisava ser, fazia o que bem entendia, quando queria. Assim como eu, concluí. Meu coração era dela, e nada nem ninguém mudaria isso. Seduziria a Layla e a deixaria no momento certo. Faria qualquer coisa pela mulher que amo. Afinal, não vale tudo no amor?

— Eu bem me esqueci! — minha tia se manifestou, assim que voltei a minha atenção para eles — Seus pais me mandaram um telegrama, Layla. Chegou na sexta. Disseram que a mudança vai demorar alguns dias. Houve um imprevisto lá.
— Mas quanto tempo?
— Só virão daqui a um mês.
— Desse jeito, terei que voltar para casa. — lamentou.
— Não necessariamente. Pode ficar aqui conosco até eles chegarem. Assim, você poderá se ambientar melhor. — minha mãe falou e minha tia sorriu.
— Também acho uma ótima ideia. — meu pai concordou — Zaina se casa no final da semana, então teremos espaço de sobra. Fique conosco. — falou, e minha irmã franziu a testa, preocupada, olhando para eles.
— Olha, não me levem a mal, mas a Layla é solteira. E o Samir? Ela é donzela, tem uma reputação a zelar e ele é muito atraente. Não acham que vão comentar? Os pais dela estão orgulhosos por poderem casar a filha pura. — acrescentou, estufando o peito, e a jovem riu, contente — Não tem alegria melhor do que essa. Minha querida Zaina também vai se casar nas mesmas condições. — continuou, e minha irmã deu um sorriso forçado; ela ainda era virgem, até onde eu sabia, graças ao noivo, que por acaso, tinha a mesma origem que nós.
— Tia, só fico aqui nos finais de semana. Pode ficar tranquila. — falei, com um ar inocente — Olha, por mim, sem problemas, fiquem aqui por quanto tempo quiserem. Eu posso dormir na casa de um amigo da faculdade, que mora a uns minutos daqui, se for o caso.
— Tem certeza, filho?
— Claro. — garanti, dando de ombros, lançando um breve olhar para Layla, que me encarou, agradecida.

  Obviamente, minha tia já tinha falado com os pais dela sobre a minha condição financeira. Do contrário, essa moça nunca teria vindo. É possível que não soubesse que viria me conhecer. Claramente, a irmã da minha mãe rendeu elogios a meu respeito e que faríamos um lindo casal.
   Não duvido nada que tia Jamile já tivesse combinado com os meus pais para a Layla ficar aqui. Fingi não saber de nada, como sempre, contente com o fato dela ficar aqui mais uns dias. Ajudaria a colocar o plano em prática. Ela mal me conhecia e já pegou na minha mão. Talvez não levasse tanto tempo. Mais tarde, resolvi ajudá-la a lavar os pratos.

— Está gostando mesmo daqui? — perguntei, ao pegar o copo molhado da mão dela e secar com um pano, enquanto minha mãe e a tia conversavam fora do cômodo, nos espiando, vez por outra.
— Ah, estou! Samir, não quero ser um incômodo.
— Mas não está sendo. — garanti, me aproximando alguns centímetros, roçando o braço no dela, o que a fez respirar mais profundamente — Acho você bem legal. E queria me desculpar por aquele dia. O meu aborrecimento não era sua culpa. A verdade é eu tinha interesse em uma outra pessoa, mas não poderemos ficar juntos. — menti, com um ar triste e ela me encarou, com pena — Soube pouco antes de sair do trabalho. Ela vai se casar com um ricaço qualquer. Pode não contar para ninguém?
— É claro! Não vou. Sei como é um coração partido. Eu era apaixonada por um rapaz chamado Kaysar. Mas ele teve que se casar com outra.
— Sinto muito por você. Espero que encontremos alguém bom. Não pretendo sofrer para sempre.
— Nem eu. Talvez eu já tenha encontrado. — completou, e me olhou interessada, com um sorriso leve, e eu retribui, do mesmo jeito; vai ser mais fácil do que pensei, refleti.
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Hasan    Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ