Sâmia
Sábado, 4 de maio de 1957
Algumas das coisas fazem os amantes serem descobertos é o ciúme. Eu quase esganei a Zaina, achando que era uma namorada qualquer. Samir também não reagiu bem com a simpatia do Daniel para comigo. Teríamos que ser extremamente cautelosos, para que o plano desse certo.
Odiava o fato de que meu futuro noivo iria me tocar e provavelmente beijar, na frente dele, e que Samir demonstraria afeto por essa tal de Layla. O meu consolo era que o fato de podermos nos encontrar, depois de todos irem dormir.
Precisava com urgência tomar um banho de piscina, completamente nua, com o meu amado guarda-costas, pensei, sorrindo comigo mesma, ao tomar um pouco da água de coco, sentada com a minha prima e a Beatriz, sobre a canga, enquanto o sol das 9 da manhã brilhava ameno no céu, olhando as ondas quebrarem na praia de Itacoatiara, que sempre frequentávamos, por sorte, com poucas pessoas.
Fechei os olhos, por alguns segundos, sentindo a maresia, lembrando do abraço carinhoso que Samir me deu, aqui mesmo, no dia do noivado, aonde nossas vidas mudaram completamente.
Encarei as bolinhas vermelhas no bordado do vestido de Beatriz e me lembrei da latinha de molho de tomate que eu achei perdida no armário da cozinha, no apartamento do meu amado, e coloquei no macarrão para dar um gosto melhor.
Ele me abraçou por trás, e fingi que aquele era o nosso lar, por um segundo, ao sentir o seu cheiro tão aconchegante me envolvendo. Sorri, olhando o céu, pensando em nós dois comendo sobre o tapete do quarto; eu vestia a sua camisa e ele usava apenas a roupa de baixo. Não posso viver sem você, refleti, ao som da voz irritada da Leonora, ao meu lado.— Você não tinha que ter sumido! Quase nos matou de preocupação! Foi igual no noivado do Miguel!
Meu coração disparou ao pensar nele, naquela cama confortável; foi tão fácil ficar ajoelhada sobre o colchão! Eu ainda podia sentir a textura da madeira da cabeceira nas mãos e o seu toque firme na minha pele, principalmente ao segurar o meu quadril contra o dele, ajoelhado atrás de mim.
— Eu sei que você conhece bem o bairro aonde eu moro, mas isso não se faz! — ela continuou, brava — Fora a tia Esmeralda, que cortou os dedos dos pés, ao calçar os sapatos! Você teve alguma coisa a ver com os cacos de porcelana que apareceram neles? Que droga, Sâmia! Está me escutando?
— Graças a Deus, não. — respondi, puxando a água pelo canudinho, e ela me empurrou, fazendo o meu coco cair, molhando as minha pernas — Palhaça! Eu vou te matar! — ameacei, depois que ela saiu correndo em direção à água.
— Sem violência, broto! — uma mulher falou, por trás de mim, e vi que era Zaina, ao me virar na sua direção.
— Ah, querida! Como vai? — saltei do chão, abraçando-a apertado; se estava ali, era sinal de que Samir também estava — Que bom te ver!
— É bom te ver, também! — respondeu, e o seu olhar ficou estranho, do nada.
— Você está bem?
— Sim, claro. Não foi nada. O Samir arrastou todo mundo para a praia, hoje. — disse, e olhei na direção em que ela apontou, e vi o meu amado vindo com outras 2 mulheres.
— Ah, supimpa! É bom para aproveitar o final de semana. — completei, sentindo a pele esquentar, principalmente quando ele finalmente parou ao seu lado; puxei o cabelo do ombro, sentindo o interior queimar — Oi, Samir! — cumprimentei, com uma leve indiferença.
— Sâmia, como vai? Ah, deixa eu te apresentar a minha tia Jamile e a Layla.
— É ótimo conhecer vocês! — falei, apertando a mão da senhora e da jovem magricela com um vestido florido curto e o sorriso largo — Você é prima dele?
— Não, sou só... — respondeu, mas se perdeu, encarando Samir.
— Ela é minha amiga. — ele completou, e o rosto dela se iluminou, olhando-o com um olhar brilhante e o meu guarda-costas também encarou-a, com uma expressão meiga, fazendo as bochechas dela corarem ao máximo e eu morrer de ódio por dentro.Uns minutos depois, um carro com alguns rapazes estacionaram e correram para cumprimentar o Samir, carregando uma bola de futebol, chamando-o para um jogo. A tia e a irmã colocaram as coisas na areia, perto de mim, e arrastei Leonora para jogar também. Beatriz ficou sentada com a velhota, já que não podia se machucar e prejudicar o bebê.
Fiz um esforço além do normal para desviar o foco de Samir, que tirou a camisa, expondo aquela tatuagem que me tirava o fôlego desde a primeira vez que eu vi. Sua irmã pareceu chocada ao ver o desenho, assim como a tia e Layla. Não sei porque, mas ele parecia mais atraente do que o normal. Também me lançou olhares breves, na direção do meu bumbum, talvez porque eu usava um biquíni na sua cor favorita.
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Hasan
Romance𝐉𝐚́ 𝐫𝐞𝐩𝐚𝐫𝐚𝐫𝐚𝐦 𝐪𝐮𝐞 𝐚 𝐦𝐞𝐧𝐭𝐢𝐫𝐚 𝐠𝐞𝐫𝐚𝐥𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐞́ 𝐛𝐨𝐧𝐢𝐭𝐚? 𝐒𝐞𝐦𝐩𝐫𝐞 𝐦𝐞 𝐜𝐨𝐧𝐭𝐚𝐫𝐚𝐦 𝐚 𝐡𝐢𝐬𝐭𝐨́𝐫𝐢𝐚 𝐝𝐨𝐬 𝐧𝐨𝐬𝐬𝐨𝐬 𝐚𝐧𝐜𝐞𝐬𝐭𝐫𝐚𝐢𝐬, 𝐝𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐬𝐞 𝐚𝐩𝐚𝐢𝐱𝐨𝐧𝐚𝐫𝐚𝐦 𝐞 𝐨 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐭𝐨 �...