9 - A Órfã da Casa Abandonada

1.5K 137 29
                                    

  Assim que chegamos na escola, fomos direto para o campo nos fundos, onde foi encontrado o corpo da terceira vítima do Gap Dong. E realmente havia uma casa abandonada lá, bem para trás do campo. Suspirei pesadamente olhando para o céu, e sorri para a lua minguante, a noite vai proporcionar coisas bem interessantes provavelmente, quando são noites assim, em que a lua parece o sorriso do cheshire, alguma coisa acontece.
  Olhei novamente para a casa decrépita, analisando cada canto de madeira. Tinha uma lenda sobre ela também, uma bem antiga, a qual eu e Mallya pesquisamos muito sobre durante o percurso do táxi até chegar na escola. Pelo que parece uma menina era torturada pelos pais lá dentro, eles faziam de tudo com ela, dá mais dolorosa à mais agonizante dor. Eles não gostavam que ela tivesse contato com pessoas, independente de quem fosse. Certo dia em que ela se apaixonou por um garoto, o pai matou o menino, a menina se rebelou contra a pocessividade dos pais e então, quando a madrugada atingiu seu auge, ela incendiou a casa, morrendo junto com eles, e reza a lenda que suas últimas palavras foram para amaldiçoar a casa. Várias pessoas já espalharam boatos de terem visto a menina andando lá dentro da casa, ou de verem algum demônio. Não acredito que alguém tenha visto tão facilmente, toda lenda tem um pouco de verdade, mas as fofocas se tornam um telefone sem fio. Mais da metade dos boatos são falsos. Não vou ver uma órfã passeando pela casa de madeira, praguejando pelos pais desgraçados. Se for acontecer alguma coisa não vai ser um fantasminha camarada aperecendo pra xingar os pais, vai ser espíritos que vão me matar antes que eu possa vê-los.
  - Pronta pra conhecer a órfã da casa abandonada? - Indagou Mallya num tom de caçoa e eu dei um empurrãozinho em seu ombro, por fora eu estava tranquila, mas por dentro meu estômago estava virando uma máquina de lavar ligada. E ela sabia disso. Não gosto de caçar a noite. Tenho medo da minha realidade se misturar com um algo a mais e bagunçar as coisas. E isso só me deixa mais ansiosa e nervosa. Na verdade eu nem sei o que eu estou pensando direito. O importante é evitar o próximo assassinato.
  - Vamos lá, deve haver algo aí dentro. - Afirmei e então entramos, lado a lado e com lanternas. Mesmo sabendo que em algum momento, quando algo aparecesse elas se tornariam inúteis.
  - Está com a arma do seu pai? - Perguntou Mallya e eu assenti segurando na mão dela, a arma estava na minha cintura, presa pra dentro da calça.
  - E você está com a katana do seu? - Perguntei e ela assentiu. Atravessamos a porta da sala, dando de cara com um cômodo escuro e frio, a casa parecia ser fria, e era, porque tinha algo a mais ali.
  Dava pra sentir o peso de morte no ar, e um cheiro nojento, de madeira velha e... Sangue seco. Ou algo do tipo. Era um cheiro metálico pelo menos.
  - Você acha que o assassino teria ido a onde pra executar a vítima? - Perguntei sussurrando, eu pensei na hipótese da cozinha já que era onde ocorriam as torturas, ou o quarto da menina-assombração, já que ele é um psicopata pode ter tido vontade de afrontar o espírito da menina pra impor poder. Eles gostam disso. Mas queria ter certeza se era pra esses cômodos que arriscariamos ir primeiro.
  - Que tal a cozinha? Depois a gente vai fazer uma inspeção no quarto da menina e por último um tour pela casa. - Disse ela apontando a lanterna pra uma porta fechada a nossa frente, pelas fotos e dados na Internet, essa porta é da cozinha.
  - Hoje no almoço meu pai disse que não foi encontrada nenhuma digital e nem mesmo DNA na casa toda, isso significa que ele estava protegendo as mãos pra não deslizar e deixar algo. Mas também tem o fato da vítima, se ela sabia o que estava acontecendo e não estava inconsciente deve ter acontecido alguma luta ou tentativa de sobrevivência entre a vítima e o assassino, por mais que ele tentasse arrumar a bagunça não deixaria tudo perfeito.
  - A gente tem fotos das coisas na casa, das características dos cômodos e objetos? - Perguntei e Mallya negou apontando pra porta.
  - Eu sei no que você pensou, acabei de deduzir isso também, só que na internet só tem algumas fotos, que estão muito ruins. Mas eu sei de alguém que tem as fotos, de cada canto da casa. - Disse ela e então nos preparamos pra entrar na cozinha, lentamente eu empurrei a porta, e ela continuou se mexendo até abrir por completo, fazendo um barulho que agoniava os ouvidos, aquele familiar barulho de quando as portas rangem sabe? Dá agonia até na alma. E um desespero no coração...
  - Quem? - Perguntei me voltando para Mallya e ela cruzou os braços sobre o peito enquanto eu mirava a luz da lanterna pra dentro da cozinha, fazendo uma geral no local.
  - Seu pai.

  - Seu pai

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
PRISON IWhere stories live. Discover now