137 - Acordo

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  Limpei uma lágrima teimosa que quis descer no meu rosto enquanto olhava para a lápide da minha mãe, não havia mais ninguém ali, só eu e aquela pedra de concreto, ou seja lá de que material ela for feita. Minha mãe era tudo pra mim... E agora eu a perdi, por incompetência minha, se eu tivesse me esforçado mais, se tivesse lido aquelas informações no computador antes de simplismente ir ficar junto com ela naquele momento em família, talvez eu tivesse evitado... Ou pelo menos impedido ela de sair de casa naquela noite.
  - Não se culpe. - Disse uma voz masculina saindo de trás de algumas árvores que estavam a poucos metros de mim, por incrível que pareça, mesmo que ele tenha surgido de repente, eu não havia tomado um susto, apenas levantado os olhos da lápide para o rapaz que se aproximava, parecendo compreender as coisas mais obscuras dentro da minha cabeça, como se pudesse ler a minha mente.
  - Por que está me vigiando? - Perguntei impaciente engolindo o choro e voltando aquela personalidade fria que antes eu sustentava.
  - Por que quando pessoas perdem alguém... Elas são capazes de cometer muita coisa. - Disse ele se aproximando, agora não estava mais com o terno elegante, mas sim com uma farda de policial, provávelmente em horário de serviço já que ainda eram quatro da tarde.
  - Não vou me suicidar se é disto que está com medo. - Comentei com deboche, estava tão cansada pra conversar e ter de fingir que não me importo, mas não sentia vontade de dormir e descansar, apenas de investigar, e depois que eu passei no aeroporto e confirmei que Mark jamais mentiu sobre sua viajem já que nas filmagens da câmera ele realmente embarcou no avião, eu estava ainda mais irritada, e levemente aliviada. Mark é inocente, assim como o Tae também é. E eu preciso descobrir quem é o verdadeiro culpado pra fazê-lo pagar.
  - Eu sei que você não pretende se suicidar, eu conheço seus transtornos psicológicos, e posso garantir que depressão não é um deles. - Jung Kook disse sem rodeios e eu abri um sorriso de caçoa, já havia entendido por que ele estava me vigiando. Além de ser por causa do meu pai pra me manter debaixo de seus olhos, era pra que eu não fizesse, nada que fosse motivo para perder minha sanidade. Tarde demais, eu já sinto ela se desintegrando na minha mente.
  - Então sejamos diretos, não gosto de ser vigiada e nem analisada, então ou você sai do meu pé, ou eu vou te tirar. - Terminando de falar dei as costas a ele e começei a me encaminhar para fora do cemitério, mas ele correu até mim, e fui pega pelo cotovelo geltilmente.
  - Por favor Alícia, não vamos complicar as coisas, seu pai só quer te proteger. - Disse Jung Kook tentando remediar a situação e eu senti um nó na minha garganta enquanto olhava com raiva para a sua mão no meu braço. Ao invés de me permitir chorar eu torci o braço de Jung Kook o fazendo me soltar. E ele logo em seguida torceu o meu braço e me rendeu, me virando e segurando meus pulsos na frente do meu peito para me conter. Minhas omoplatas estavam em seu peito e sua cabeça em meu pescoço - Somos amigos de infância, eu sei que é uma droga seu pai querer te controlar, mas por favor vamos nos entender. Não precisa ser assim. - Pediu Jung Kook e eu ofeguei irritada, com o salto da minha bota pisei no pé de Jung Kook e então torci os pulsos dele, conseguindo me libertar. Em seguida eu me virei de frente pra ele e quando pretendia dar um soco em seu nariz pra ele aprender a nunca mais me render ele me impediu, segurando meu punho no meio do soco.
  - Eu não quero você na minha cola. - Alertei e Jung Kook arfou irritado.
  - Então vamos entrar num acordo. - Propôs ele e eu arqueei uma sobrancelha abaixando a mão.
  - Que acordo?
  - Você não se mete em confusão e eu não fico te vigiando. - Disse Jung Kook e eu assenti, era um bom acordo, eu só não sei por quanto tempo vou conseguir mantê-lo.

  Depois de me acertar com Jung Kook, ele foi pra delegacia trabalhar e eu fui pra casa. Pretendia investigar e comer comida ou qualquer coisa que fosse saudável, eu precisava de alimentos que me fizessem bem, já podia sentir minha pressão caindo pela má alimentação que mantive desde que tudo aconteceu... A morte da minha mãe... A prisão do Tae... Minha cabeça estava uma bagunça. Mesmo assim, antes de qualquer coisa eu peguei uma toalha e fui tomar banho.
  Me joguei embaixo da água quente sem hesitação, molhando meus cabelos e todo meu corpo, perdida em pensamentos, na imagem da minha mãe... Do corpo dela na frente da cruz, ensanguentada e morta. E então me permiti chorar, depois de passar quase o dia todo me segurando, eu finalmente me permiti lamentar. Eu já tinha chorado antes, mas agora eu realmente havia desabado.

PRISON IHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin