126 - Recuar

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- Taehyung on-

  Peguei o copo de água, e pela temperatura baixa do líquido senti um arrepio atravessar meu antebraço, se espalhando pelas veias no pulso. A água estava gelada, como eu queria tomar. Porém precisava resolver tantas coisas ainda... E essas coisas rodavam minha cabeça desde que Mark falou comigo antes de irmos para o aeroporto. Ele confirmou que se encontrasse a mãe, ele iria conseguir tirar minhas memórias dela pra me devolver. E eu estava ansioso pra poder me lembrar porque cai do céu, por quais pecados paguei por tantos anos, e o mais importante, o que a Mallya é. Vai ser bom descobrir tudo, poder compreender tudo que sempre me cercou.
  - O que está rolando? - A voz da Mallya me tirou dos meus devaneios, e eu me virei para ela, a encontrando escorada no batente da porta da cozinha, enquanto me observava com sua indagação no rosto.
  - Do que está falando? - Perguntei abrindo um sorriso, eu não resistia aquele lindo rosto, Mallya tinha algo que me fazia sentir meu passado, algo que me forçava a lembrar de algo na qual eu não conseguia. Algo bom. E queria tanto lembrar...
  - Você está muito quieto. E além disso, você e o Mark estavam a praticamente um mês tentando se matar, brigaram pra valer na praia ontem, e agora de repente viraram amiguinhos a ponto de ficarem de conversinha? - Indagou ela com uma sobrancelha inquisidora erguida e eu levantei o copo até a boca, bebendo a água gelada. E ela esperou eu terminar de beber a água pra responder.
  - Nos entendemos. - Respondi e ela franziu o cenho.
  - Tae, vocês queriam se matar, você mesmo quis diversas vezes rasgar a garganta do Mark nas últimas semanas. - Mallya relembrou se aproximando indignada por causa de sua confusão e eu suspirei.
  - Mas eu não quero mais. - Falei ao me virar pra pia para colocar o copo no escorredor de louça - Mark mudou, ele não é mais o mesmo desgraçado que já foi um dia, então não há pelo que brigarmos.
  - Então me diz sobre o que vocês estavam falando hoje antes de sairmos pro aeroporto. - Pediu ela vindo até mim para ficar de frente comigo e eu tirei os olhos do copo no escorredor de louças para olha-la.
   - Prometo que vou te contar, mas eu ainda não posso, só depois que conseguir recuperar o que eu perdi. - Afirmei e roubei um beijo dela antes que me questionasse mais - Agora eu tenho que ir antes que o G Dragon destrua minha casa. - Brinquei lhe abrindo um sorriso e a Mallya roubou mais um beijo meu.
  - Você vai mesmo fugir no meio de um interrogatório Kim Taehyung? - Reclamou ela e eu a puxei pra perto do meu corpo, envolvendo meus braços em sua cintura enquanto mordiscava seu lábio inferior.
  - Você sabe que sim. - Falei abrindo um sorriso travesso enquanto beijava docemente os lábios dela, para então me afastar pronto para fugir da cozinha antes que ela me detesse, porém fui impedido pela mãe da Alícia, que entrou na cozinha, bloqueando momentaneamente a porta.
  - E o que você perdeu para querer recuperar Taehyung? - Perguntou ela me olhando com olhos frios, e eu engoli em seco por um instante, ela estava falando normalmente comigo, mas algo no tom de voz dela, ou no jeito que ela perguntou me fez recuar dois passos pra trás estremecendo. Esbarrei na Mallya por acidente, e ela me encarou confusa.
  - O que foi Tae? Parece que viu um fantasma. - Comentou Mallya olhando no meu rosto e eu neguei com a cabeça sentindo meu coração disparar, e quando olhei pra Mallya, percebi que o pingente do colar no pescoço dela estava piscando a luzinha. Ser sobrenatural... A mãe da Alícia... A mãe da Alícia não é humana. Como eu nunca percebi isso antes?
  - Você está bem menino? - Perguntou a mãe da Alícia colocando a mão no meu ombro e eu me esquivei da mão dela com rapidez, como se ela me tocasse pudesse me queimar. Engoli em seco antes de responder, minhas asas estavam formigando minhas omoplatas para se libertarem das minhas costas.
  - Estou... Eu... Eu só fiquei zonzo de repente, mas já estou bem. - Respondi um pouco embasbacado, e olhei para ela, em seus olhos, tentando reconhecer que ser ela poderia ser, mas eu não conseguia me lembrar de nada para poder associar a ela, como se um bloqueio tivesse se infiltrado na minha mente. Algo na mãe da Alícia me deu medo, um medo aterrador que revirou meu estômago, mas eu não conseguia identificar porque e nem o que poderia ser. Então resolvi acrescentar palavras no silêncio que se instalou, para poder escapar do olhar dela o mais rápido possível - Tenho que ir, estou atrasado para um compromisso. - Consegui dizer, e então dei um selinho na Mallya, e depois acenei para a mãe da Alícia, saindo o mais rápido possível daquela cozinha, quando olhei pra mãe da Alícia, tive quase certeza absoluta de que ela fazia parte do Ciclo, por mais que eu não lembrasse o que aconteceu durante aquela época, mas algo no meu sangue me fazia ter certeza de que ela foi parte do Ciclo.

PRISON IWhere stories live. Discover now